segunda-feira, 2 de abril de 2012

Jorge Mautner festeja o "processo de brasilificação" em curso

Mautner disse certa vez: "Ou o mundo se brasilifica ou vira nazista".  Compositor crê no Brasil de agora, em que o futuro previsto no passado já é o presente que vivemos, tá tudo lá em "É tudo verdade"
Jorge Mautner, o compositor de Maracatu Atômico, entre tantos outros clássicos da música popular brasileira, em entrevista concedida ao portal Ig sobre documentário produzido pelo Canal Brasil em sua homenagem, "É tudo verdade",  reafirma sua esperança no Brasil, que o futuro previsto para o Brasil é o presente vivido agora, construído em conjunto por Lula e pela força e fé do povo brasileiro.
Confira a íntegra da entrevista:

iG: Qual é a sua avaliação do documentário? O que achou da homenagem?
Jorge Mautner: Toda vez que assisto ao filme é uma emoção muito grande. Ele mostra fatos dolorosos, mas que, ao mesmo tempo, foram superados pelo humor. O filme tem uma qualidade incrível: ele é artístico e possibilita uma comunicação total com o público. Foi um trabalho muito bem estudado pelo Bial e o Heitor. Saiu primoroso.

iG: Qual é a mensagem que o senhor acha que o público vai captar ao assistir ao filme?
Jorge Mautner: A mensagem é a do Brasil universal, da amálgama de José Bonifácio. E que o nazismo não se repita. O filme veio muito a propósito porque o rapaz que matou as crianças na Noruega tem o Brasil como aquilo que deve ser destruído. Ele tem horror ao nosso país, que chama de multiculturalismo. Na verdade, o Brasil é a amálgama que é a esperança da sobrevivência da humanidade.

iG: O Brasil é a bola da vez?
Jorge Mautner: Mais do que isso. O Brasil é o continente indicado há muito tempo. Todas as profecias falam isso. Rabindranath Tagore (filósofo indiano) dizia que “a civilização superior do amor nascerá no Brasil”. Jacques Maritain (filósofo francês) dizia que “o único lugar onde a justiça e a liberdade poderão aflorar juntas é o Brasil”. Stefan Zweig escreveu no século 19 o livro “Brasil, o País do Futuro”. Já é isso agora.

iG: As outras culturas têm olhado mais para o Brasil para incorporar a nossa amálgama?
Jorge Mautner: Totalmente. O processo de “brasilificação” está em avanço absoluto. Não há dúvida. É por isso que a Copa do Mundo vai ser aqui, as Olimpíadas também e o Papa virá novamente. O Brasil é a esperança concreta do século 21. Temos as florestas, o petróleo e outras riquezas, mas a maior de todas é o povo brasileiro, com essa amálgama.

iG: Quando o Brasil passou a chamar a atenção do restante do mundo?
Jorge Mautner: Essa virada se deu a partir da democratização. Primeiro teve o episódio do impeachment do Collor, mas acentuou-se no governo do maior estadista do século 21, Lula da Silva, e com seu ministro Gilberto Gil.

iG: Com o aumento da classe C, a mistura da amálgama brasileira ficou ainda mais visível?
Jorge Mautner: Não temos mais superioridade e inferioridade. Isso agora é pra valer. É crucial.

iG: O filme mostra a grande amizade que o senhor tem com o Caetano e o Gil. Como o senhor descreve essa relação?
Jorge Mautner: Eles são meus irmãos nessa luta. A nossa união é pra sempre, você pode ver isso no filme. Quando os conheci em 1969, em Londres, estabeleceu-se um pacto que vai durar para toda eternidade.

iG: Qual é cena do documentário que mais te emociona?
Jorge Mautner: O começo é impressionante com a música “Lágrimas Negras”. Quando o Gil canta “Rouxinol” ou eu canto “Vampiro” com o Caetano. Mas a cena mais emocionante é quando converso com minha filha [Amora Mautner].

iG: Sua obra já foi gravada por diversos cantores. O senhor destacaria alguma em especial?
Jorge Mautner: Tem uma garotada nova muito boa, como a Márcia Castro e a Ana Cañas. As gravações do Caetano, Gil, Wanderléa, Chico Science e Fagner são especiais. Cada pessoa tem uma interpretação diferente, que mexe. Não consigo escolher uma. O “Kaos” é quântico, cada coisa é uma coisa em si e estão interligadas. É a amálgama.

iG: Os diretores conseguiram retratar o “Kaos com K” nas telas?
Jorge Mautner: Conseguiram com muita sabedoria. Mas o “Kaos” sempre é difícil de ser retratado [risos].
 

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