por Conceição Lemes
O tubo neural é a estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. Defeitos no seu fechamento podem comprometer o desenvolvimento do feto. A anencefalia é a doença mais grave. O feto não tem cérebro.
“É uma doença multifatorial”, explica a geneticista, professora e pesquisadora Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. “Não sabemos exatamente a causa. O que sabemos é que a anencefalia é resultado da interação de vários genes com o ambiente.”
Ou seja, tem um componente genético – o que os cientistas chamam de genes de predisposição — e algum fator ambiental deve fazer com que ela se manifeste.
“Não existe consenso de quando começa a vida, mas existe consenso de que ela termina quando cessa a atividade cerebral. Tanto que se desligam os aparelhos, muitos familiares doam os órgãos e todo mundo aplaude o gesto de solidariedade”, observa Mayana. “No caso da anencefalia, não existe nem início da atividade cerebral.”
“De forma que não considero aborto a interrupção da gravidez em caso de feto anencéfalo, porque é uma morte certa”, prossegue Mayana. “Então, interromper uma gestação numa situação como essa é simplesmente não prorrogar o sofrimento.”
No seu entender, é uma questão tão óbvia que não deveria nem entrar em votação na altura dos acontecimentos. Antigamente, não havia possibilidade de se saber no começo da gestação que o feto tinha anencefalia. Hoje, o diagnóstico já é feito no terceiro mês.
“ Você vai deixar passar nove meses para dizer a essa mulher, em vez de comprar um enxoval de bebê, comprar um caixão?”, questiona Mayana. “É uma crueldade ímpar impedir que ela interrompa essa gestação, sabendo desde os três meses que vai enterrar aquele feto.”
Além disso, é uma gravidez complicada. Como o feto não absorve direito o líquido amniótico, ele aumenta no espaço uterino, dando distensão de útero. O parto também é mais difícil, porque o feto não reage normalmente. A mulher produz leite, tem de secá-lo.
“É um perde-perde”, avalia Mayana. “Antigamente existia a expectativa de que fosse possível doar os órgãos do feto com anencefalia. Hoje, a gente sabe que não servem nem para transplante, pois são órgãos malformados — funcionalmente e anatomicamente.”
“Por tudo isso, se mulher quer levar adiante a gravidez de feto anencéfalo, tudo bem. É um direito dela”, enfatiza Mayana. “Mas não se pode obrigar a manter essa gestação a mulher que não quiser. Defendo não só que o STF libere a interrupção de gravidez em caso de anencefalia, mas também que o Estado dê a todas condições adequadas para isso ocorrer.”
O tubo neural é a estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. Defeitos no seu fechamento podem comprometer o desenvolvimento do feto. A anencefalia é a doença mais grave. O feto não tem cérebro.
“É uma doença multifatorial”, explica a geneticista, professora e pesquisadora Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP. “Não sabemos exatamente a causa. O que sabemos é que a anencefalia é resultado da interação de vários genes com o ambiente.”
Ou seja, tem um componente genético – o que os cientistas chamam de genes de predisposição — e algum fator ambiental deve fazer com que ela se manifeste.
“Não existe consenso de quando começa a vida, mas existe consenso de que ela termina quando cessa a atividade cerebral. Tanto que se desligam os aparelhos, muitos familiares doam os órgãos e todo mundo aplaude o gesto de solidariedade”, observa Mayana. “No caso da anencefalia, não existe nem início da atividade cerebral.”
“De forma que não considero aborto a interrupção da gravidez em caso de feto anencéfalo, porque é uma morte certa”, prossegue Mayana. “Então, interromper uma gestação numa situação como essa é simplesmente não prorrogar o sofrimento.”
No seu entender, é uma questão tão óbvia que não deveria nem entrar em votação na altura dos acontecimentos. Antigamente, não havia possibilidade de se saber no começo da gestação que o feto tinha anencefalia. Hoje, o diagnóstico já é feito no terceiro mês.
“ Você vai deixar passar nove meses para dizer a essa mulher, em vez de comprar um enxoval de bebê, comprar um caixão?”, questiona Mayana. “É uma crueldade ímpar impedir que ela interrompa essa gestação, sabendo desde os três meses que vai enterrar aquele feto.”
Além disso, é uma gravidez complicada. Como o feto não absorve direito o líquido amniótico, ele aumenta no espaço uterino, dando distensão de útero. O parto também é mais difícil, porque o feto não reage normalmente. A mulher produz leite, tem de secá-lo.
“É um perde-perde”, avalia Mayana. “Antigamente existia a expectativa de que fosse possível doar os órgãos do feto com anencefalia. Hoje, a gente sabe que não servem nem para transplante, pois são órgãos malformados — funcionalmente e anatomicamente.”
“Por tudo isso, se mulher quer levar adiante a gravidez de feto anencéfalo, tudo bem. É um direito dela”, enfatiza Mayana. “Mas não se pode obrigar a manter essa gestação a mulher que não quiser. Defendo não só que o STF libere a interrupção de gravidez em caso de anencefalia, mas também que o Estado dê a todas condições adequadas para isso ocorrer.”
Fonte: VIOMUNDO
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