Mais que uma disputa política, a CPI de Cachoeira será uma guerra de
informações - como já se nota. Todos os expedientes de manipulação da
informação serão utilizados: o ocultamento de informações que não
interessam a um dos lados; a escandalização de informações irrelevantes;
as conclusões impossíveis em cima de diálogos neutros etc.
É importante que não se entre nesse jogo, seja para defender amigos ou
atingir adversários. Fazer esse jogo significará entrar no campo da
desinformação tão pretendido por quem não quer esclarecer, apenas
confundir.
Alguns exemplos:
1. Foram flagradas conversas de Protógenes com Dadá. Ora, é público que
Dadá colaborou da Operação Satiagraha. Portanto, conversa em si não
significa nada. O que significa é seu conteúdo. Até agora não apareceu
nada que mostrasse vinculação de Protógenes com Cachoeira.
2. O emprego dado por Aécio a uma sobrinha de Cachoeira. Ora, o pedido
foi feito por Demóstenes Torres, senador, o herói da mídia, o cavaleiro
sem jaça. Demóstenes não anunciou que era prima de Cachoeira, chefe de
quadrilha, seu financiador. Os problemas de Aécio estão fora da CPI: o
caso das suas rádios em BH, por exemplo.
3. Conversas de representantes da Delta com autoridades em geral, seja
em qualquer estado ou departamento for, a não ser que revelem claramente
objetivos criminosos.
Em meu "O Jornalismo dos anos 90" publico um manual completo de
expedientes manipulatórios da mídia. Um deles é justamente este:
menciona um diálogo grampeado e tiram-se conclusões da conversa que nada
têm a ver com seu conteúdo original.
O fato de Aécio ter virado alvo não é sinal nenhum de isenção da velha
mídia. Fosse isenta estaria analisando os fatores que levaram Cachoeira a
optar, em 1999, a esquentar seu dinheiro em laboratórios de genéricos
em Anápolis, assim como as críticas dos especialistas à Lei dos
Genéricos: todos apoiaram seus princípios mas não entenderam a pressa
com quem foi implementada, prejudicando em muito sua eficácia.
Vamos tentar transformar esse pedaço, o Blog, em um local de filtragem
técnica das notícias e de montagem de quebra-cabeças mais sofisticados
do que esse mero exercício de tirar conclusões taxativas de diálogos
inócuos.
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