Deu na telha, após ler um comentário no Nassif de enumerar situações que acontecem no telejornalismo da Rede Globo.
Como estamos falando do Poder da velha mídia vou postá-las aqui. Foram
feitas de lembranças e a partir das ideias difundidas aqui no Blog e em
outros blogs e portais da "mídia alternativa". Falta muita coisa, mas
creio que vale postar.
A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais a Rede Globo).
Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me,
de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, e em
locais públicos, onde acabo assistindo a Rede Globo, porque está a TV ligada no canal):
1. Seleção. Corrupção no
Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras
superfaturadas, etc. só existem, praticamente, nos Governos que ela não
apoia; Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados das
matérias. Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de
agir. Elogios são para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais
opositores do Governo Federal. Toda a reportagem negativa está situada
em um Estado que ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em
obras ou estabelecimentos "FEDERAIS" no Estado oposicionista.
Na eleição passada, vendo o Jornal Nacional, próximo do dia do
voto, observei uma reportagem, apontando problemas estruturais no
Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo
federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo.
Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens
investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram
erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São
Paulo.
1.1. Seleção do comentarista. Todo comentarista e especialista
defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam
nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar
uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um
Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo
branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese
econômica da emissora.
1.2. Seleção da pergunta. Todo apresentador e repórter tem um
tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu
aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para "encher a sua
bola". Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não
dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.
Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores,
nas entrevistas da campanha eleitoral. A DILMA quase foi fuzilada pelo
apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.
1.3. Seleção do momento de exposição. Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.
Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da
extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não
para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da
emissora.
Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas
ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora
aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a
emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito,
como é o caso do MST, que do nada ficou, respeitado e conhecido no
Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora
algum tempo depois.
Como
é o caso da Marina Silva e da Heloísa Helena, espécies de "quarentena"
da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus
adversários máximos, segundo a lógica da emissora. Quando precisaram
delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar
na caixa de entrada. Depois, é só jogá-las na quarentena novamente.
Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar
votos de Dilma Rousseff em 2010.
2. Omissão. Quando existe
uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do
denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente,
ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado;
já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido
e é suspeito de prevaricação.
Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, houve duas
reportagens distintas, com dois prefeitos que foram pegos em atos
ilícitos. Um recebia propina, outro não prestara socorro a vitima que
atropelou e, ainda, tentou subornar o delegado para sair da cadeia. O
prefeito da propina era do PMDB (a reportagem veio antes e o
apresentador do telejornal falou a sigla do partido); o da omissão de
socorro não foi dito o partido dele. Como sou curioso e atento eu fui à
internet e vi, era do PSDB. PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB -
oposição.
Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso; quando é do Governo federal geralmente a Globo
não anuncia, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o
LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não
disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU; ou no caso da
inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um
momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não
foi motivo de reportagem para a Rede Globo.
3. Edição. Escolha de
imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e
propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.
Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a
imagem do Collor sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma
biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na
rua com o filho. Mais editado impossível, aquele era homem culto,
preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e
pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República.
Na última eleição, calhou de estar na padaria comendo pizza, bem na hora do JN.
E era uns três dias antes da eleição. Outra edição. Aparecia a DILMA
toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um Sol enorme -
parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA
aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões
importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o
escândalo da licitação combinada do metrô. Moral da história, idêntica a
de Collor e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um
homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em
desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma
candidata derrotada.
4. Divisão. Outro truque da Rede Globo
é o truque da divisão. Ela coloca o Brasil, quando não gosta de uma
decisão do Governo Federal em âmbito internacional, ao lado dos países
que ela considera ser ditaduras, sempre as mesmas: Cuba, Venezuela e
Bolívia (principalmente) mais o Irã, país da Ásia. Em um assunto que
casa as posições desses três países e a do Brasil, dá-lhe divisão. De um
lado a Europa, os Estados Unidos e o Japão; do outro o Brasil e as
supostas ditaduras.
Pense em qualquer tema: o Irã e a bomba atômica. Quando o Brasil, no
Governo LULA, defende que o Irã poderia utilizar a energia nuclear para
fins pacíficos, fomos colocados no grupo dos países que defendem
ditaduras e citaram os três países de sempre, como, também, partidários
do direito do Irã utilizar do enriquecimento do urânio para a produção
de energia nuclear. Nesse truque existe a omissão inclusa. Países como
Israel, já possuem, até a bomba atômica, e são uma ameaça à paz no
Oriente Médio, e não existe nenhuma menção do fato e grita para com
eles, talvez, porque são aliados dos Estados Unidos.
É clássico o que vou dizer: em países da África e a da Ásia há
ditaduras, se forem aliados os Governantes aos Estados Unidos, mesmo que
seja uma ditadura sanguinolenta, a Rede Globo não coloca estes países no grupo seleto das ditaduras, omite ou fica do lado do Ditador.
E a técnica da divisão tem o truque da não citação. Se países de
distintas bandeiras políticas possuem uma posição semelhante em
determinado assunto e a Rede Globo tem outra, se calhar de fazer
uma reportagem dirá assim: Brasil, Cuba, Venezuela, Grécia (está caindo
pelas tabelas, inclui para dar um ar de diversidade) são favoráveis;
Japão, EUA, Dinamarca são contrários. Só que no grupo em que se encontra
o Brasil, podem estar: França, Alemanha, Canadá e a Rede Globo
engambela quem assiste o seu telejornal, omitindo a informação. Fica
sempre parecendo que o Governo do PT está do lado de ditaduras e/ou de
países subdesenvolvidos.
5. Acusação. A emissora decide fazer uma acusação grave contra uma pessoa, partido político, etc.
Exemplo: um Ministro de Estado. O acusado se tem direito de resposta,
não é o último a falar. Vem depois dele a personalidade que respalda a
acusação. Geralmente, colocam um político da oposição. As figuras
"carimbadas" - os "supostamente" paladinos da moralidade e
incorruptíveis, de sempre, aqueles políticos que vivem dos holofotes da
mídia, para referendar a matéria acusativa. O acusado, por exemplo, de
corrupção, está, quase sempre, numa pose desesperada e quem respalda a
notícia (o último a falar) muitas vezes aumenta a voz e diz: - são fatos
gravíssimos e devemos apurar o mais breve possível! Já parece, de
antemão, o julgamento final e a culpabilidade do acusado.
6. Reputação. É clássico
na emissora o derrubar de reputações por interesses escusos. Eles dão
aos seus opositores políticos um tratamento desrespeitoso.
Quando quiseram atingir o Governo Dilma, as ONGs e por tabela o PCdoB,
dá-lhe atacar o Ministro Orlando Silva por todos os lados, sem nenhuma
prova contundente. É interessante, que jogam a reputação da pessoa,
partido político, país, etc. no chão, sem o menor constrangimento. E
qualquer acusado fica marcado como corrupto e mesmo que consiga provar
sua inocência e honestidade a Rede Globo não faz nenhuma retração pública.
No quesito reputação é praxe se dizer: Fidel Castro, Evo Morales, Hugo
Chaves são uma ameaça para a Democracia. Insistem, nos mesmos inimigos,
dia e noite. E vivem propalando que qualquer tentativa de se buscar uma
moralização da profissão de jornalista em suas redações, tendo um código
de ética e conduta, uma Lei que garanta ao acusado, o direito de
resposta às acusações; que as reportagens se pautem pela verdade dos
fatos; que sejam realizadas de uma maneira correta, sem ilicitudes, com o
equilíbrio da informação, não tendendo a mostrar a ilicitude só de seus
opositores seria um cerceamento à liberdade de expressão e uma afronta à
Democracia.
7. Investigação. Quando um político opositor aos seus interesses é acusado de algo, imediatamente a Rede Globo
repercute, investiga e condena de antemão; mas quando se trata de um
aliado político ela não condena, de antemão, e coloca alguém para falar:
- só ao término do inquérito policial, do Processo na Justiça é que
poderemos dizer se o Réu é culpado ou inocente.
Geralmente, a emissora, desqualifica a denúncia e dá toda voz do mundo para o acusado se defender.
8. Postergação. Um fato de
relevância pulula no país e investigações e mais investigações
acontecem. A população toma partido e fica do lado da oposição às suas
convicções e parceiros, a Rede Globo finca o pé nas suas
convicções até o instante que não dá mais para segurar, então, ela posa
de partícipe da causa defendida pela população, a um bom tempo.
Nas Diretas Já e no impeachment do Collor demorou a estar do lado
vencedor. E será assim, na CPI do Cachoeira. Quando ela sentir que não
dá mais para defender o indefensável, irá posar de defensora da verdade
desde o limiar do fato e execrar os culpados, que até bem pouco tempo,
eram defendidos ardorosamente.
9. Criação. Uma ideia, um personagem é criado no decorrer do tempo. Os dois, ideia e personagem caminham juntos.
A. Vai sendo moldada uma ideia: a do Mensalão do PT, do PT criador de dossiês contra a oposição, etc. Ideia - mensalão, personagem - PT.
B. Vai sendo moldado um político: Collor, o caçador de marajás;
Serra, o grande gestor, criador dos medicamentos genéricos, etc. Ideia -
Caçador de marajás, personagem - Collor. Ideia - grande gestor,
personagem - serra.
9.1. Apartação. A ideia e o personagem podem ser abandonados no decorrer dos meses, anos.
Exemplos clássicos de apartação: o caso do senador Demóstenes Torres e
do ex-governador José Roberto Arruda, além do ex-presidente Fernando
Collor. Do nada, a intimidade da emissora com o personagem desaparece e o
mesmo some de seus holofotes. Parece que o personagem só serve para
garantir os interesses de momento da emissora, são como robôs,
descarta-se se tornar obsoleto. E ao haver a apartação, outro personagem
ocupa o espaço daquele que não serve mais à emissora.
10. Diferenciação.
Tratamento desigual para situações semelhantes. Cai um enorme temporal
com várias vítimas fatais, em dois estados distintos, um de seu aliado
político outro de um opositor às suas ideias. O tratamento é
diferenciado.
Em 2010 choveu uma barbaridade na cidade de São Paulo e na cidade de
Niterói. Em São Paulo, o governador sequer apareceu para dar
entrevistas, visitar os locais afetados, após as enormes enchentes nas
avenidas marginais e outros locais. A Rede Globo culpou as chuvas
torrenciais e a população pelas enchentes, por jogar lixo nas ruas. A
emissora não exigiu do governador, seu aliado, explicações para o
ocorrido e nem reclamou de sua conduta, um tanto estranha, de se
esquivar de ir aos locais afetados.
Já na cidade de Niterói que fica no Estado do Rio de janeiro, o governador do Estado, opositor da Rede Globo,
foi acusado dos transtornos, das enchentes e das mortes ocorridas,
naquele ano, por exemplo, no Morro do Bumba, onde aconteceu grande
tragédia. Foram pedidas explicações imediatas para ele das chuvas e não
se utilizou em defesa do governador do Rio de janeiro, a quantidade de
chuvas e nem o lixo jogado pelos moradores da cidade, bem como a
população não foi considerada culpada.
No Rio de janeiro parecia um jornalismo policialesco, o fato ocorreu
pelo descaso do poder público. Em São Paulo, a culpa foi de São Pedro.
Aqui cabe o tratamento desigual da notícia e do acusado. Os 3 mil reais
de propina do Waldomiro valem muito mais que os 1,4 bilhões de reais
desviados da Sudene no governo FHC, seu aliado, e o primeiro caso,
merece muito mais apuração, mais reportagens da emissora, só pelo fato
de ser uma corrupção que pode incriminar e desmoralizar seus opositores.
11. Desqualificação e inversão.
Se surge uma notícia (denúncia) que não seja favorável aos seus aliados
de momento, a emissora corre logo para desqualificar a denúncia e
provar que não é verdade o que está sendo denunciado. A Rede Globo pode até inverter a situação, acusar quem fez a denúncia e provar a inocência do denunciado.
Na Operação Monte Carlo está bem claro este processo. Pegaram o deputado
Protógenes Queiróz e começaram a acusar a pessoa que primeiro quis
investigar numa CPI o Cachoeira e suas ilicitudes e tentaram
incriminá-lo como parte integrante do grupo do contraventor.
11.1. Desqualificação com mudança de foco. Se surge uma notícia
(denúncia), impossível de ser contestada, muda-se o foco das reportagens
da emissora e aparecem denúncias outras, envolvendo seus opositores.
Na Operação Monte Carlo está bem claro, também, este processo. deputado
Protógenes, Governo Federal, Governo do PT do Distrito Federal, Governo
do PMDB do Rio de janeiro são colocados no meio das denúncias, enquanto
os agentes principais são esquecidos. Fica a impressão de que políticos
de todos os partidos estão envolvidos com as ilicitudes do Carlinhos
Cachoeira.
Se não tem como envolver seus opositores na denúncia com provas
robustas, cria-se outra denúncia explosiva, mesmo sem prova alguma, e
centram todas as reportagens nela. Até o esquecimento, quase total, da
denúncia com provas robustas.
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