A Folha informa que o ex-governador José Serra, que agora jura que quer
ser prefeito de São Paulo, dedica parte de seu tempo a fazer palestras
para empresários. Outro dia desses esteve em Ribeirão Preto, a convite
da associação comercial de lá. Segundo disse, fez dezenas de palestras
neste ano. Não revelou quanto cobra por elas, mas garante que algumas
são de graça.
Palestras para empresários do interior do Estado não são exatamente
prioridade para quem está em plena campanha para a prefeitura
paulistana. Assim sendo, tudo indica que Serra está preparando o caminho
para voos mais altos, já que parece fora de propósito que os tais
empresários paguem para ouví-lo contar sobre seus planos de governo para
a capital - se é que ele tem algum.
De qualquer forma, como Serra é dono de seu nariz, ele dá palestras para quem quiser - ou para quem se dispõe a pagar por elas.
O interessante nessa história é o fato de ainda haver no Brasil algum
empresário que deseje ouvir o que Serra tem a dizer sobre qualquer coisa
- e a gente sabe que certos temas se tornaram uma obsessão para ele.
No momento em que o país parece estar se acertando cada vez mais, em que
a economia resiste bravamente a uma seríssima crise mundial, em que o
mercado interno floresce, é incrível que ainda haja gente que pague para
receber lições de um político tão tacanho, tão démodé quanto ele, que
como gestor se mostrou um desastre - olha aí o apagão viário paulistano!
-, como economista é um zero - a receita que deu para livrar o país dos
efeitos da crise econômica mundial é desastrosa -, e como líderança
partidária é nada mais, nada menos, que um desagregador.
Cada um é livre para pensar do jeito que quiser e para fazer o que lhe
dê na telha, mas é difícil entender a cabeça de um empresário que se
dispõe a seguir os "ensinamentos" de um sujeito que, se for eleito para
qualquer cargo, vai, em primeiro lugar, destruir tudo de bom que a
sociedade brasileira construiu nesses últimos anos.
Não consigo compreender o que leva um empresário, que deveria ser, em
nome de sua própria prosperidade, uma pessoa pragmática, apoiar Serra e
toda a ideologia excludente, preconceituosa e injusta que ele e seu
grupo político disseminam.
A única explicação para que isso ocorra, para que um empresário abra mão
dos bons ventos que têm impulsionado seus negócios, é ele ter uma
identificação tão grande com o que pensa essa gente que quer levar o
Brasil de volta ao passado que isso compromete a sua razão, seu
discernimento, até mesmo o ato de raciocinar.
Parece loucura, eu sei. Mas quem paga para ouvir Serra e sua oratória
ressentida, derrotista e ultrapassada não deve mesmo ser bom da cabeça.
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