quarta-feira, 18 de abril de 2012

Trio de Cachoeira: “Chico”, “amendoim” e “caneta”


Estes eram os apelidos que ele costumava usar para se referir a algumas pessoas próximas, como o sargento Dadá (Chico), o senador Demóstenes Torres (amendoim) e o jornalista Policarpo Júnior (caneta), da revista Veja; cujas relações com o contraventor se tornam cada vez mais próximas
Brasil 247
A cada dia, novas revelações sobre o caso Carlos Cachoeira. A de hoje, trazida pela Folha de S. Paulo, mostra a construtora Delta tentando plantar uma reportagem na revista Veja porque não vinha sendo atendida no DNIT – órgão do Ministério dos Transportes responsável por obras viárias. “Em conversas no primeiro semestre de 2011, Cachoeira disse a Claudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste, que estava fornecendo informações sobre irregularidades no Dnit para a revista Veja durante a apuração de uma reportagem”, aponta trecho de um relatório da Polícia Federal, citado pela Folha.

O trecho constrange ainda mais a publicação da Editora Abril, que provavelmente verá serem convocados pelo CPI o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal Brasília, e o próprio dono da empresa, Roberto Civita. As ligações são tão estreitas que Cachoeira tinha um apelido carinhoso para se referir ao jornalista. Ele era chamado de “caneta” pelo contraventor. Outros que também tinham codinomes eram o sargento Idalberto Martins, o Dadá, e o senador Demóstenes Torres. O primeiro era chamado de “Chico”, justamente por ter a mania de tratar todos os interlocutores por Chico. O senador era chamado de “amendoim” – uma lembrança dos tempos em que era gordo e não se cansava de comer amendoins.

Veja já tem um discurso pronto para a CPI. Assim como colocou na edição deste fim de semana, dirá que boas informações podem ser colhidas com homens de má reputação. A revista, no entanto, foi rebatida pelo jornalista Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo. Ele afirmou que, ainda que exista interesse público nas informações prestadas por fontes criminosas, o interesse de marginais, em geral, é o de ampliar a marginalidade (leia mais aqui).

Diante da revelação trazida hoje pela Folha, o blogueiro Luís Nassif aponta as conexões entre os matérias pautadas por Carlos Cachoeira e seus interesses comerciais, nem sempre republicanos. Leia, abaixo, o texto de Nassif:

A Folha tem dois bravos repórteres – Cátia Seabra e Rubens Valente – lutando com um braço amarrado. É isso que explica o fato do lide da matéria sobre Cachoeira (a informação mais importante, que deveria estar na abertura) ter ficado no pé:

"Em conversas no primeiro semestre de 2011, Cachoeira disse a Claudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste, que estava fornecendo informações sobre irregularidades no Dnit para a revista "Veja" durante a apuração de uma reportagem".

Na verdade, a Folha (e a Globo) têm muito mais que isso. Pelas matérias divulgadas, a Globo teve acesso às gravações do Guardião – a máquina de grampo da Polícia Federal. A Folha tem acesso a relatórios da Operação Monte Carlo, provavelmente do material reservado que está no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o senador Demóstenes Torres e dois deputados federais.
Nesse relatório existem informações relevantes sobre a relação Veja-Cachoeira – que a Folha ainda não deu.”
Matéria Completa, ::Aqui::

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