Não se entende onde o jornal O Globo pretende chegar com sua série "Os
mercadores da miséria", criticando os programas sociais, especialmente
Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria.
Na chama da série, o jornal promete:
“(...) O Brasil Sem miséria, programa criado pela presidente Dilma para
erradicar a pobreza extrema, tem sido alvo frequente de fraudes, revelam
Alessandra Duarte e Carolina Benevides numa série de reportagens que O
Globo inicia hoje".
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Qualquer realidade complexa - uma grande empresa, um organismo estatal
ou privado, um programa de governo - pode ter grandes virtudes e
pequenos defeitos; ou grandes defeitos e pequenas virtudes.
Se o veículo for mal intencionado, basta dar destaque aos pequenos
defeitos (quando for para denunciar) ou às pequenas virtudes (quando for
para enaltecer). E esquecer que existe a estatística para avaliar o
peso tanto de um quanto de outro.
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Se quisesse criticar o modelo de concessão de aeroportos, as
dificuldades do PAC (Plano de Ação Continuada), a barafunda burocrática,
os desperdícios da administração pública, o jornal teria um bom
material jornalístico.
Mas a birra do jornal é com programas voltados aos mais necessitados.
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A principal "denúncia" de O Globo, manchete principal, foi do gato que
recebia como beneficiário e de dono de Land Rover que seria beneficiário
de R$ 60,00 por mês.
O que deixou de contar:
1. O fato ocorreu em 2009, muito antes da criação do Brasil Sem Miséria.
2. Toda família matriculada em programas sociais precisa submeter as
crianças a exame médico. Quando a família não apareceu, o médico foi
atrás da criança e descobriu tratar-se de um gato.
3. Descoberto o golpe, pelos próprios mecanismos do programa, o dono foi
denunciado à polícia, está respondendo por dois crimes, inclusive pelo
crime de falsidade ideológica.
Tal fato ocorreu há 4 anos e foi objeto de inúmeras reportagens na
época. De lá para cá passaram três ministros e dois presidentes pelo
programa. Qual a razão de ludibriar assim os leitores requentando uma
notícia velha?
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A outra denúncia, sobre o dono do Land Rover, além de antiga, foi
apresentada de forma incorreta. O tal empresário registrou laranjas no
BF. Tratava-se de um explorador, que foi identificado e processado.
Outra "denúncia" foi o de uma senhora que afirmou não receber mais o
benefício. Vai-se conferir, ela deixou de atualizar seu cadastro.
Exige-se a atualização de cadastros justamente para evitar fraudes. Mas o
jornal condena o programa por ter gato, e condena por não ter gato.
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A maioria absoluta dos episódios de fraude relatados foi desvendada
pelos próprios sistemas de controle do Bolsa Família. Mesmo que tivessem
sido levantados por terceiros, ainda assim são estatisticamente
irrelevantes.
Qual a intenção de levantar meia dúzia de casos para desacreditar um programa que assiste a milhões de miseráveis?
Intenção eleitoral, não é. As eleições de 2012 já aconteceram e o BF já
está assimilado pelos eleitores. Tanto assim, que o PT não se deu bem no
nordeste. Quem quiser coração e mentes desses eleitores, até o governo,
daqui para frente terá que oferecer outros benefícios.
Só pode ser birra com pobre.
Luis NassifNo Advivo
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