Amigos e leitores,
Matéria de autoria de ANTONIO TOZZI, Jornalista e Repórter, publicada no excelente site DIRETO DA REDAÇÃO, que está entre os meus favoritos,
além de receber seus e-mails, de onde copiei na íntegra.
Publicada em:10/11/2008
A DESESPERANÇA VENCEU O MEDO
Miami (EUA) - Parafraseando a campanha de Lula para a Presidência do Brasil, a eleição de Barack Obama pode ser definida como a desesperança que venceu o medo. Traduzindo: os americanos cansaram das denúncias e ameaças perpetradas pelos “gênios”da campanha do Partido Republicano e simplesmente resolveram ignorar os rótulos pespegados no candidato democrata para apostar numa possibilidade real de mudança para o país.
Todavia, muito se falou sobre o vitorioso, por isto, é hora de se avaliar os derrotados. Os problemas internos vieram à tona após os coordenadores da campanha de John McCain terem confirmado o choque com os coordenadores da campanha de Sarah Palin, demonstrando a incompatibilidade das duas candidaturas.
Ora, McCain sempre foi um senador mais independente, com idéias próprias que nunca se submeteu ao lado mais obscuro do Partido Republicano, que tem em Sarah Palin a personificação de seu ideal. McCain nunca escondeu ser favorável a uma reforma imigratória justa e abrangente (é inclusive autor, juntamente com o senador Ted Kennedy, de um projeto de lei que dá direito aos ilegais, desde que atendidos alguns requisitos básicos), declarou-se contra as torturas aos presos praticadas por alguns soldados americanos na Base de Guantanamo e criticou o pensamento tacanho da direita cristã conservadora.
Evidentemente, Sarah Palin não era a parceira ideal para ele, mas o desespero dos analistas com a subida de Barack Obama e dos democratas fez com que eles gerassem um fato novo para energizar a base mais conservadora que nunca aceitou McCain, apesar de seus bons serviços prestados como militar. No começo, a novidade causou frisson, porém, em pouco tempo, o balão de Palin murchou e o resultado foi o que se viu nas urnas.
Entretanto, pior do que a derrota eleitoral foi a constatação de que o Partido Republicano se fragmentou. Muitos próceres do conservadorismo civilizado ficaram horrorizados com a força angariada dentro do partido pelos chamados neocons – grupo capitaneado por Karl Rove (ideólogo desta direita retrógrada), Dick Cheney e Donald Rumsfeld. Tanto que ocorreram várias defecções, com republicanos mais esclarecidos apoiando ostensivamente a candidatura de Barack Obama. O caso mais comentado foi o do general Collin Powell, que havia sido secretário de Estado do governo George Bush, mas também Francis Fukuyama e outros trocaram de lado nesta eleição.
Com a poeira assentada, é hora do Partido Republicano buscar sua identidade como oposição. Ou retoma aquela visão conservadora responsável, com respeito aos direitos individuais e propostas alternativas ao modelo político do Partido Democrata ou sucumbe a esta turma que usa de qualquer tipo de artifício para vencer uma eleição e não tem compromisso com nenhum tipo de moral e ética. Ou seja, os fins justificam os meios.
Para o próprio bem dos Estados Unidos, o melhor é que haja uma tomada de consciência diante da nova realidade do país – algo que os coordenadores da campanha de Obama fizeram magistralmente – com a percepção do crescimento substancial das chamadas minorias. E um Partido Republicano ético pode voltar a ser uma boa opção de governo, algo que hoje não é.
Afinal, numa democracia é interessante ter os dois pesos – políticos mais conservadores e mais liberais – a fim de se manter o equilíbrio que se faz tão necessário para se governar sem excessos.
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