segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Setor privado nunca ganhou tanto dinheiro, diz Lula ao ‘FT’


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Saraiva

Setor privado nunca ganhou tanto dinheiro, diz Lula ao ‘FT’
da BBC
Em entrevista ao diário britânico Financial Times publicada nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o setor privado nunca ganhou tanto quanto hoje no Brasil.O jornal perguntou ao presidente sobre a interferência do Estado na economia, citando a criação da nova empresa para cuidar das reservas pré-sal e a pressão do governo sobre a Vale para que produza aço no Brasil, ao que Lula respondeu: “duvido que em algum momento da história o setor privado tenha tido tanto respeito do Estado como tem hoje, ou tenha ganhado tanto dinheiro”.“O que peço à Vale é que transforme o minério de ferro em aço no Brasil, e que eles comprem navios de estaleiros brasileiros.”Lula diz que a discussão sobre o papel do Estado na economia ficou obsoleta com a recente crise financeira, mas afirmou: “sou contra o Estado ser o gerente da economia”.“O Estado tem que ser forte – mas como um catalisador do desenvolvimento. E temos mantido sólidas políticas fiscal e monetária. Foi por isso que o setor bancário não quebrou durante a crise no Brasil.”Na extensa entrevista, publicada em página inteira no jornal, Lula faz um balanço de seu governo e da situação econômica do Brasil e afirma que os avanços são irreversíveis.“Muitos analistas temem que o excesso de liquidez que está aumentando a cotação dos ativos brasileiros – a moeda se valorizou 36% frente ao dólar neste ano e os mercados de ações tiveram ganhos de 135% em termos de dólar – poderia facilmente retrair caso a crise global entre em um segundo estágio”, diz o FT, citando que o aumento dos gastos com políticas de bem estar social e na folha de pagamento do setor público também poderiam se tornar uma bomba relógio fiscal no Brasil.“Mas Lula usa sua própria história pessoal como prova de que o Brasil passou por mudanças irreversíveis”, diz o jornal.O presidente disse ao FT que durante os 12 anos em que foi candidato sem vencer as eleições, amadureceu.“E eu era o único que não podia fracassar. Eu não podia fazer o que (Lech) Walesa fez na Polônia (num mandato tão pouco impressionante que ele não foi reeleito), ou nenhum trabalhador jamais poderia ser eleito presidente de novo”, disse Lula.Entre ser eleito e tomar posse, Lula lembra que escreveu uma carta ao povo brasileiro –que na verdade era direcionada aos investidores estrangeiros – afirmando que iria honrar todos os contratos e evitar uma aventura.Segundo o jornal, seu governo manteve as políticas econômicas em vigor, e muitos que estavam preocupados com uma virada para a esquerda, quando ele assumiu, simplesmente "não entenderam o que se passava".Lula conta que “estava trabalhando obsessivamente sob a convicção de que não podia cometer nenhum erro”. O FT lembra que apenas uma década atrás o Brasil teve que desvalorizar o real e pedir ajuda ao FMI em consequência das crises financeiras da Ásia e Rússia. “Mas hoje, as mesas viraram”, afirma.Citando o crescimento econômico, a estabilidade, o sucesso de programas como o Bolsa Família e o fato de o Brasil ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e o Rio de Janeiro ter sido eleito para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o FT afirma que muitos no Brasil parecem acreditar que, finalmente, sua hora chegou.O jornal ainda comenta a mudança na política internacional do país, afirmando que o governo Lula parou de focar apenas nos parceiros comerciais e aliados tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia, a favor da diversificação e estabelecendo laços com outras partes do mundo, como a Ásia, o Oriente Médio e a África, lembrando que a China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil.Fonte
Postado por Glória Leite às 12:48 0 comentários

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