Levando a cabo a estratégia de acentuar as comparações entre a era FHC e o governo Lula, a candidata à Presidência Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, acusou os líderes do PSDB de terem “vergonha de ser brasileiros”. As críticas foram feitas nesta sexta-feira (8), em São Paulo, durante ato político que reuniu lideranças de 17 partidos políticos, das seis centrais sindicais (CUT, Força, CTB, UGT, CGTB e Nova Central) e de dezenas de entidades, como a UNE, o MST e a Conam.
Ao denunciar a lógica privatista e neoliberal do governo de Fernando Henrique Cardoso, Dilma frisou que PSDB e DEM tornaram o Brasil refém do FMI (Fundo Monetário Internacional) e dos Estados Unidos. “Eles nunca questionaram a receita do Fundo Monetário”, afirmou a candidata, em seu discurso de quase 20 minutos às mais de mil lideranças que abarrotaram o auditório do Palácio do Trabalhador, sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
Segundo ela, foi só no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o Brasil fez uma “opção” pela soberania – o que permitiu ao país passar de devedor a credor do FMI e valorizar a Petrobras. “Eles queriam até que a nossa Petrobras se chamasse Petrobrax. Queriam tirar o ‘bras’ porque têm vergonha de ser brasileiros. O ‘brax’ é o sonho daqueles que não valorizam o país”, disparou a presidenciável e ex-ministra da Casa Civil no governo Lula.
Para Dilma, uma vitória do candidato José Serra (PSDB) levaria o Brasil “ao retrocesso, de volta ao atraso”. É preciso, declarou Dilma, fortalecer os compromissos com o povo. “Nós somos diferentes. Este projeto que eu represento é o verdadeiro projeto a favor da vida. Esse projeto colocou na ordem do dia o resgate da família brasileira.”
Foi mais uma deixa para a comparação entre governos. “Quando eles (PSDB e DEM) elevaram a desigualdade neste país a níveis absurdos, a consequência disso foi uma só: o esfacelamento da família, a quantidade de adolescentes grávidas aos 14 anos, a quantidade de meninos e meninas que vivem nas ruas e a quantidade dos meninos de sete anos que fumam crack porque não têm família e não aguenta a infelicidade do dia a dia.”
Dilma destacou que a descoberta do pré-sal e a capitalização da Petrobras são “garantias de continuidade dessa política de distribuição de renda e redução da desigualdade”. “Um tucano da mais altíssima plumagem, toda preta com um pouco de amarelo, amarelo de vergonha, propôs a privatização do pré-sal. É muito grave, porque o pré-sal é o passaporte para o futuro de todos os brasileiros. Nele está uma das alavancas para este país crescer mais.”
De acordo com a candidata, foi na gestão Lula que, “pela primeira vez”, se olhou para “o que havia por trás” das grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco. “Não acreditamos que tenha de crescer o bolo para depois distribuir”, agregou Dilma. “Nosso maior orgulho foi que tiramos 28 milhões de pessoas da miséria e levamos outros 36 milhões à classe média.”
O aborto, de novo
Boa parte da fala de Dilma se voltou à polêmica do aborto – tema imposto de forma oportunista e enviesado pela oposição no debate eleitoral. “Quero dizer que eu, como pessoa, sou contra o aborto, porque é uma violência contra a mulher”, reforçou ela. “Agora, como presidenta da República, se eleita, não fecharei os olhos para milhares ou milhões de mulheres adolescentes, mulheres pobres que, em momentos de desespero, sem proteção, porque não sabem criar seus filhos, cometem atos extremos, que colocam a vida delas em risco.”
Na opinião de Dilma – que condenou a “campanha de calúnias e falsidades” da oposição –, o aborto não pode ser visto como um caso “de polícia”, mas, sim, como “uma questão de saúde pública” e “de uma política comunitária”. As religiões, segundo Dilma, “têm papel fundamental para esclarecer essas mulheres, para não deixar que elas incorram neste tipo de atitude”.
Ao rememorar o nascimento e o batismo de seu primeiro neto, a presidenciável disse que “quem vive uma experiência dessas só pode ser a favor da vida”. Propôs, ainda, uma campanha sobre o risco do abortamento, “com o apoio de todas as igrejas”. E agradeceu especialmente aos inúmeros evangélicos que foram ao ato e trajavam camisetas em apoio à sua candidatura. “Sou evangélico. Estou com a verdade. Voto em Dilma”, estampavam as peças.
Ato mais representativo
Apesar da ausência de Lula, o ato desta sexta-feira foi o mais representativo da campanha eleitoral. Ao todo, mais de uma centena de prefeitos, parlamentares e dirigentes partidários se somaram à manifestação pró-Dilma. Eles representavam as mais variadas legendas – PT, PMDB, PSB, PDT, PCdoB, PTB, PR, PP, PV, DEM, PPS, PSC, PRB, PTdoB, PTC, PTN, PRTB e PPL.
A atividade contou com a participação dos ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do Esporte, Orlando Silva; dos presidentes do PCdoB, Renato Rabelo; do PT, José Eduardo Dutra; e do PMDB, Michel Temer, candidato a vice de Dilma; do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e do deputado federal Celso Russomano (PP-SP) – que disputaram o governo paulista –; do vereador Netinho de Paula (PCdoB-SP), que concorreu ao Senado e obteve 7,7 milhões de votos; e dos deputados federais Ciro Gomes (PSB-CE), Jô Morais (PCdoB-MG), Luiz Erundina (PSB-SP) e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).
De São Paulo,
André Cintra
Ao denunciar a lógica privatista e neoliberal do governo de Fernando Henrique Cardoso, Dilma frisou que PSDB e DEM tornaram o Brasil refém do FMI (Fundo Monetário Internacional) e dos Estados Unidos. “Eles nunca questionaram a receita do Fundo Monetário”, afirmou a candidata, em seu discurso de quase 20 minutos às mais de mil lideranças que abarrotaram o auditório do Palácio do Trabalhador, sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
Segundo ela, foi só no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o Brasil fez uma “opção” pela soberania – o que permitiu ao país passar de devedor a credor do FMI e valorizar a Petrobras. “Eles queriam até que a nossa Petrobras se chamasse Petrobrax. Queriam tirar o ‘bras’ porque têm vergonha de ser brasileiros. O ‘brax’ é o sonho daqueles que não valorizam o país”, disparou a presidenciável e ex-ministra da Casa Civil no governo Lula.
Para Dilma, uma vitória do candidato José Serra (PSDB) levaria o Brasil “ao retrocesso, de volta ao atraso”. É preciso, declarou Dilma, fortalecer os compromissos com o povo. “Nós somos diferentes. Este projeto que eu represento é o verdadeiro projeto a favor da vida. Esse projeto colocou na ordem do dia o resgate da família brasileira.”
Foi mais uma deixa para a comparação entre governos. “Quando eles (PSDB e DEM) elevaram a desigualdade neste país a níveis absurdos, a consequência disso foi uma só: o esfacelamento da família, a quantidade de adolescentes grávidas aos 14 anos, a quantidade de meninos e meninas que vivem nas ruas e a quantidade dos meninos de sete anos que fumam crack porque não têm família e não aguenta a infelicidade do dia a dia.”
Dilma destacou que a descoberta do pré-sal e a capitalização da Petrobras são “garantias de continuidade dessa política de distribuição de renda e redução da desigualdade”. “Um tucano da mais altíssima plumagem, toda preta com um pouco de amarelo, amarelo de vergonha, propôs a privatização do pré-sal. É muito grave, porque o pré-sal é o passaporte para o futuro de todos os brasileiros. Nele está uma das alavancas para este país crescer mais.”
De acordo com a candidata, foi na gestão Lula que, “pela primeira vez”, se olhou para “o que havia por trás” das grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco. “Não acreditamos que tenha de crescer o bolo para depois distribuir”, agregou Dilma. “Nosso maior orgulho foi que tiramos 28 milhões de pessoas da miséria e levamos outros 36 milhões à classe média.”
O aborto, de novo
Boa parte da fala de Dilma se voltou à polêmica do aborto – tema imposto de forma oportunista e enviesado pela oposição no debate eleitoral. “Quero dizer que eu, como pessoa, sou contra o aborto, porque é uma violência contra a mulher”, reforçou ela. “Agora, como presidenta da República, se eleita, não fecharei os olhos para milhares ou milhões de mulheres adolescentes, mulheres pobres que, em momentos de desespero, sem proteção, porque não sabem criar seus filhos, cometem atos extremos, que colocam a vida delas em risco.”
Na opinião de Dilma – que condenou a “campanha de calúnias e falsidades” da oposição –, o aborto não pode ser visto como um caso “de polícia”, mas, sim, como “uma questão de saúde pública” e “de uma política comunitária”. As religiões, segundo Dilma, “têm papel fundamental para esclarecer essas mulheres, para não deixar que elas incorram neste tipo de atitude”.
Ao rememorar o nascimento e o batismo de seu primeiro neto, a presidenciável disse que “quem vive uma experiência dessas só pode ser a favor da vida”. Propôs, ainda, uma campanha sobre o risco do abortamento, “com o apoio de todas as igrejas”. E agradeceu especialmente aos inúmeros evangélicos que foram ao ato e trajavam camisetas em apoio à sua candidatura. “Sou evangélico. Estou com a verdade. Voto em Dilma”, estampavam as peças.
Ato mais representativo
Apesar da ausência de Lula, o ato desta sexta-feira foi o mais representativo da campanha eleitoral. Ao todo, mais de uma centena de prefeitos, parlamentares e dirigentes partidários se somaram à manifestação pró-Dilma. Eles representavam as mais variadas legendas – PT, PMDB, PSB, PDT, PCdoB, PTB, PR, PP, PV, DEM, PPS, PSC, PRB, PTdoB, PTC, PTN, PRTB e PPL.
A atividade contou com a participação dos ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do Esporte, Orlando Silva; dos presidentes do PCdoB, Renato Rabelo; do PT, José Eduardo Dutra; e do PMDB, Michel Temer, candidato a vice de Dilma; do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e do deputado federal Celso Russomano (PP-SP) – que disputaram o governo paulista –; do vereador Netinho de Paula (PCdoB-SP), que concorreu ao Senado e obteve 7,7 milhões de votos; e dos deputados federais Ciro Gomes (PSB-CE), Jô Morais (PCdoB-MG), Luiz Erundina (PSB-SP) e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).
De São Paulo,
André Cintra
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