Aconteceu tudo ao contrário do que a oposição esperava. O último debate, o da Globo, o de maior audiência, aquele que poderia comprometer Dilma e alavancar Serra e Marina e provocar o segundo turno saiu pela culatra para os oposicionistas. Nem o "fator" Plínio funcionou. A candidata do PT teve, sem sombra de dúvida, o melhor desempenho. Para quem lidera as pesquisas, não sair chamuscada já é uma vitória.
Vencer o debate então é praticamente selar o destino das eleições no primeiro turno.
As regras engessadas do debate impediram um confronto direto entre Serra e Dilma, restando ao tucano fazer ataques indiretos ao governo federal, numa postura antipática.
Para quem passou a semana saltitando "ondas verdes", Marina estava muito apagada na maior parte do debate. Acordou no final e foi justamente para brigar com Serra. Os marqueteiros já tinham avisado aos candidatos que deveriam fugir de embate ríspido com Marina.
Marina insistiu no debate de estratégias, sem propostas concretas. Discurso idealista que atinge uma faixa muito reduzida da população. Seu pronunciamento final foi fraco e a candidata apareceu diante das câmeras da Globo com aparência de triste. Definitivamente, não ajudou a suposta "onda verde" a ganhar musculatura.
Plínio teve sua pior performance, a menos engraçada, a menos espirituosa, e justamente no debate de maior audiência. Segundo informações de bastidores, o debate teve média de audiência de 23 pontos.
Serra não conseguiu ir além das críticas técnicas e econômicas ao atual governo. Não teve oportunidade de apresentar propostas interessantes com argumentação palatável ao eleitor indeciso. O tucano precisava desesperadamente de um desempenho acima da média para conquistar novos eleitores. Ou torcer para um desempenho desastroso de Dilma para arrancar eleitores dela. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Em sua fala final, sequer foi aplaudido pela platéia de tucanos presentes no estúdio da Globo.
Dilma, por sua vez, respondeu a todas as perguntas com serenidade e no episódio que poderia resultar em seu pior momento --quando riram de sua fala sobre doações de campanha--, ela teve presença de espírito suficiente para inverter a situação e acabar a fala recebendo aplausos ao dizer que "lamenta o riso daqueles que têm outra prática".
A candidata petista estava preparada para responder perguntas potencialmente embaraçosas sobre as denúncias envolvendo a Casa Civil, sobre liberdade de imprensa e sobre aborto. Temas com os quais a oposição e a mídia têm atacado a candidata. Mas nem precisou. Preocupados em não adotar posturas agressivas, os adversários de Dilma sequer tocaram nestes assuntos.
O debate acabou sendo um passeio para a candidata favorita. Dilma fez a natural defesa do governo Lula, mas citou o nome do presidente pouquíssimas vezes, mostrando que a campanha ajudou-a a ganhar personalidade própria.
Muitos analistas políticos passaram a semana dizendo que o debate desta quinta-feira seria decisivo. Se for mesmo, aponta para uma decisão no primeiro turno, a favor de Dilma.
Cláudio Gonzalez
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