segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PT e PMDB comporão folgada maioria

Se Dilma Rousseff (PT) vencer a disputa pela Presidência no segundo turno, terá no Senado uma maioria que pode facilitar a aprovação de emendas constitucionais. Os dois partidos que compõem a chapa de Dilma à Presidência, PT e PMDB, devem somar 35 senadores - 15 do PT e 20 do PMDB, contra os 8 do PT e os 18 do PMDB que compõem a bancada atual. Esses senadores, somados aos do PP, PR, PCdoB, PDT, PSB e PRB, que compuseram a bancada governista de Lula nesta legislatura, poderão somar 53 votos no plenário. Com 49, é possível a aprovação de emendas constitucionais.

O PMDB será o partido mais forte no Senado, com 20 senadores. O PT deve ficar com a segunda maior bancada, passando de oito para 15 senadores. O partido de Dilma tem um senador com quatro anos de mandato e ganha dois suplentes na mesma situação - Aníbal Dias, que substitui Tião Viana (PT), eleito governador do Acre, e Ana Rita Esgário, que é suplente de Renato Casagrande (PSB), eleito governador do Espírito Santo. O partido conseguiu emplacar o senador José Pimentel no Ceará que, junto com o pemedebista Eunício Oliveira, tiraram a vaga do senador Tasso Jereissati. Elegeu Walter Pinheiro (BA) - ele e sua companheira de chapa, Lídice da Mata (PSB), tiraram César Borges (PR) do páreo. O PT também levou para o Senado, para um mandato de oito anos, o irmão de Tião Viana, Jorge Viana (AC). Elegeu Marta Suplicy (SP), o ex-governador Wellington Dias (PI), Lindberg Farias (RJ), Gleisi Hoffman (PR), Ângela Portela (RR), Paulo Paim (RS) e Fátima Cleide (RO).

Se for somado o PTB, cujo presidente, Roberto Jefferson, se aliou a José Serra (PTB), mas a bancada normalmente se alinhou aos governistas nas duas administrações de Lula, serão mais cinco ou seis senadores (se o tucano Marconi Perillo vencer a disputa para o governo de Goiás, deixa sua cadeira para um petebista) que poderão compensar eventuais traições da "bancada oposicionista" do PMDB. Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), que mantém uma posição independente em relação ao partido de Michel Temer, serão reforçados pela eleição do ex-governador de Santa Catarina, Luiz Henrique.

Os aliados ao candidato José Serra (PSDB) tiveram um desempenho fraco nessas eleições para o Senado. O PSDB perdeu numericamente - sairá dos atuais 14 para nove ou dez, dependendo da vitória ou derrota do senador Marconi Perillo na disputa do segundo turno ao governo de Goiás - e saiu do 3 de outubro sem lideranças importantes no Senado. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), perdeu para a candidata do PCdoB, Vanessa Grazziottin, e para o ex-governador Eduardo Braga (PMDB). O ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, perdeu sua vaga para Eunício Lima (PMDB) e José Pimentel (PT). É sua primeira derrota, desde que iniciou a carreira política.

O DEM também perdeu duplamente. Sua bancada caiu de 14 senadores para 6 - e nessa batalha eleitoral deixou para trás Marco Maciel (PE), que teve sua primeira derrota na vida política, e Heráclito Fortes (PI). Marco Maciel foi um dos fundadores do partido. Era da Arena, o partido de apoio ao governo militar, foi para o PDS, que o sucedeu, e foi um dos líderes da dissidência que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985, e posteriormente fundou o PFL.

Não foi reeleito também o senador Efraim de Morais (DEM-PB). A vitória do DEM na disputa por dois governos de Estado também beneficiou a bancada dilmista: Rosalba Ciarlini (RN) e Raimundo Colombo (SC) tinham mais quatro anos de mandato no Senado e serão obrigados a renunciar para assumir os governos. Ambos deixam suas cadeiras para os pemedebistas Garibaldi Alves (pai) e Casildo Maldaner, seus suplentes.

Se PSDB, DEM, PSOL, PMN, PPS e PSC, partidos que fizeram oposição a Lula, constituírem um bloco, somarão apenas 20 ou 21 senadores, com algum reforço da bancada antipetista do PMDB. Serão 9 ou 10 do PSDB, 6 do DEM, dois do PSOL, um do PMN, um do PPS - o ex-presidente da República Itamar Franco (MG) - e 1 do PSC.

O PTB deve manter senadores com posições absolutamente autônomas em relação à direção do partido. Fernando Collor, que não deverá ir a segundo turno nas eleições para o governo de Alagoas, volta ao plenário do Senado. Ele esteve afinado com o PT no processo eleitoral. Gim Argello (DF), que tem mais quatro anos de mandato, é alinhado ao governo. O ex-governador do Piauí, João Claudino, que levou uma das duas vagas do Estado, também se aliou com Dilma Rousseff (PT) nas eleições. Armando Pinheiro Neto, eleito em Pernambuco, é governista.

Na bancada que foi para as eleições apoiando Dilma Rousseff, mantém-se forte o presidente do Senado, José Sarney. Ele elegeu dois senadores de seu grupo no Maranhão, Edson Lobão e João Alberto, ambos do PMDB, e Gilvam Borges no Amapá. No caso do Amapá, o principal adversário do grupo de Sarney no Estado, João Capiberibe, teve sua candidatura impugnada pelo TSE, pela Lei Ficha Limpa, mas sua exclusão do pleito facilitou a eleição do candidato do PSOL, Randolfe Rodrigues.

Outro Estado que sofreu o efeito Ficha Limpa foi a Paraíba. Com a candidatura impugnada, saiu do pleito o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), abrindo espaço para a eleição de dois pemedebistas, Vital do Rego Filho e Wilson Santiago (PMDB).Valor

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