O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ampliou sua força em São Paulo e poderia influenciar hoje o
voto de quase metade do eleitorado na corrida à prefeitura, mostra
pesquisa Datafolha concluída na sexta-feira.
A
rejeição ao ex-governador José Serra (PSDB) nunca foi tão grande. Ela
atingiu 35% -quase o dobro do seu índice de intenção de votos, de 18%.
Ele diz não cobiçar o cargo, mas é pressionado por tucanos a entrar na
disputa.
Se a eleição fosse hoje, 48% dos
eleitores dizem que poderiam escolher o indicado de Lula. O número é
recorde considerando as 11 vezes em que o instituto pesquisou a
influência do petista sobre a disputa municipal, desde 2003.
Apresentado há um mês como o
pré-candidato do PT, o ministro da Educação, Fernando Haddad, tem entre
3% e 4% das intenções de voto. Ele ainda é desconhecido por 63% dos
paulistanos.
Para o diretor-geral do
Datafolha, Mauro Paulino, o fato de Lula aparecer como o maior cabo
eleitoral na disputa fará Haddad crescer nas próximas pesquisas.
"À medida que a população o
identificar com Lula, sua intenção de votos vai aumentar, como aconteceu
com a presidente Dilma Rousseff nas eleições do ano passado. A questão é
ver até onde ele pode chegar", afirma.
A influência de Lula subiu oito
pontos percentuais desde o primeiro levantamento, feito no início de
setembro. Na época, Haddad oscilava entre 1% e 2% das preferências, e a
senadora Marta Suplicy, que saiu do páreo, era a favorita na disputa.
CENÁRIOS
A dez meses da eleição, o
paulistano ainda demonstra pouco interesse na sucessão do prefeito
Gilberto Kassab (PSD). Nenhum candidato supera os 20% de intenções de
voto, e o número de indecisos oscila até os 29%.
O Datafolha projetou cinco
cenários. Em quatro, o ex-deputado Celso Russomanno (PRB) lidera com
20%, em empate técnico com o vereador Netinho de Paula (PC do B), que
varia de 14% a 15%.
Quando Serra é testado, ele
aparece na ponta com 18%, empatado com Russomanno (16%) e Netinho (13%).
Os dois últimos ainda terão que vencer a pressão de Lula, que tenta
convencer seus partidos a retirá-los da disputa para entrar na chapa de
Haddad.
Entre os outros pré-candidatos
do PSDB a prefeito, o mais bem posicionado é o secretário estadual de
Meio Ambiente, Bruno Covas, com 6%.
O secretário de Energia, José
Aníbal, tem 3%. O deputado Ricardo Tripoli e o secretário de Cultura,
Andrea Matarazzo, têm 2% cada um.
O vice-governador Guilherme Afif
Domingos (PSD), do partido de Kassab, aparece com 3% nos cinco
cenários. Em reuniões com aliados, Serra defendia que o PSDB abrisse mão
de lançar candidato próprio para apoiá-lo.
A pesquisa espontânea, em que o
eleitor não recebe a lista de candidatos, reforça a ideia de que o
paulistano está alheio à corrida municipal. Os mais citados são Marta
(8%) e Kassab (3%), que não vão participar da disputa.
"A grande maioria ainda não se deu conta da eleição. O cenário está completamente aberto", resume Paulino.
O Datafolha ouviu 1.092
eleitores na capital paulista entre os dias 7 e 9 deste mês. A margem de
erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Na Folha
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