Não
entendo o porquê da indignação geral com a falta da repercussão dada
ao livro do Amaury. O que esperavam? Que o PiG – no fundo tão réu, ou
mais até, que os denunciados – agisse como imprensa democrática e
estampasse o livro em suas capas, com letras garrafais como vinha
fazendo em suas denúncias seletivas contra o governo Dilma? FHC
traduziu perfeitamente o que a oposição quer vender à opinião pública
sobre o livro-bomba: consideram calunioso. Se passaram tanto tempo
detonando os governos trabalhistas de Lula-Dilma, se impõem aos seus
seguidores-leitores a ideia de que Lula inventou a corrupção em 2002 e
Dilma segue a mesma cartilha e, principalmente, se insistem em creditar
a FHC o êxito do atual governo – enfim – não se podia esperar nada
diferente a não ser o silêncio e no máximo pequenas notas tímidas
desqualificando livro e autor.
A reação ou omissão de nossa imprensa fajuta não têm a menor importância, sendo ela o que é por dois motivos:
Primeiro,
porque já está mais do que provado – o fracasso das recentes
tentativas de reeditar as passeatas dos “cansados” e a última pesquisa CNI-Ibope
confirmam - que o PiG não tem força mobilizadora e seu jornalismo de
esgoto mal sustenta o anti-petismo roxo dos mesmos 3 a 5% fiéis cães
raivosos. Sem contar que, a cada dia que passa, apanha mais feio da
blogosfera.
Segundo, porque “A Privataria Tucana”
independe de qualquer reforço midiático para ser um sucesso editorial
estrondoso: o livro “mata a cobra e mostra o pau”. Além disso, o tema
da dilapidação do patrimônio brasileiro sob FHC já fez a diferença,
embora não fosse tão visceral como passou a ser agora. Foi o
carro-chefe dos argumentos que deram a vitória ao PT na campanha
eleitoral em 2010. O livro cumpre seu destino de se tornar bestseller
vigorosamente. Vendeu 70 mil exemplares (até hoje, sábado, 16/12) e a
editora não teve tempo hábil de entregar a demanda (55 mil serão
entregues segunda, 19/12).
O “Privataria”
parece ter pernas próprias. Aliás, precisamente, o livro tem cabeça,
tronco, membros e saúde… muita saúde! Nocauteou o partido da imprensa
tanto na esfera jornalística, onde se mostra mil vezes mais competente e
dá aula de jornalismo investigativo – quanto na política – onde FHC e
Serra beiram à senilidade ao comentá-lo. Se fosse uma partida de
futebol, seria algo como 11 clones de Neymar jogando contra um time de
várzea qualquer, dando goleada e olé. (Ops, sem desmerecer as várzeas
Brasil afora.)
A
aceitação imediata e expontânea do livro é tamanha que parlamentares
de todo o espectro político fazem questão de assinar a criação da CPI
que o deputado Protógenes Queiroz propõe. Alguém já viu fenômeno
parecido? Deputados e senadores telefonando ao Protógenes, pedindo para
assinar a lista da criação da CPI? Lista que completou 170 e lá vai
pedrada assinaturas em dois dias?
Amaury
Ribeiro Jr. enquadrou a oposição numa sinuca de bico que praticamente
levará o ex-ministro Fernando Haddad ao segundo turno aqui em São Paulo
como franco-favorito a ser eleito (se não o eleger em primeiro mesmo).
E deverá fazer estragos enormes em e outras praças onde PSDB, DEM e
associados planejavam manter ou conquistar prefeituras. Isso,
tratando-se do efeito a médio prazo. Porque a coisa vai engrossar muito
mais para os tucanos. Serra, na melhor das hipóteses, vai receber
cadeira cativa e definitiva na caverna do ostracismo político. Na pior,
vai ver o sol nascer quadrado pelos próximos 10 anos em cela comum – já
que não tem diploma algum válido em território nacional como bem
lembrou o Sr. Cloaca.
O que o PiG faz não é jornalismo. Portanto seu silêncio é oco, inútil e sem importância. Excetuando-se Carta Capital, que cobre o fato já há duas edições, há mais jornalismo na imprensa estrangeira sobre o livro do Amaury - EUA, Portugal e França, só para citar alguns exemplos - que na nossa.
—
O JN de
ontem exibiu matéria contra a Argentina da era Kirchner, acusando –
tsk! – a presidente Kirchner, re-eleita de forma arrasadora, de
conspirar contra a liberdade de imprensa – só rindo mesmo! – ao
pretender controlar todo o mercado da indústria de… papel! Alega o
‘jornalismo” da Globo que o propósito de Cristina Kirchner é
impossibilitar o PiG portenho de imprimir seus jornais! Se é assim, com
esses argumentos, que a Globo pretende proteger seu oligopólio
inconstitucional, estamos feitos! Mais uma razão para que Dilma envie o
projeto de regulamentação da mídia ao congresso no início de 2012.
Coragem presidenta, o cachorro do PiG late, mas morde cada vez menos.
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