Um gigante se espatifa; João Havelange, o ex-todo poderoso brasileiro acusado de receber propina de US$ 1 milhão na Suíça, sai de cena pela porta dos fundos; ele se demitiu do Comitê Olímpico, para evitar processo; humilhado, deverá perder seu título de presidente de honra da Fifa; valeu o preço, João?
Foto: FÁBIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO |
João
Havelange, que sempre foi um gigante da diplomacia esportiva global,
está se esfarelando com requintes de humilhação aos olhos do mundo. Aos
95 anos, depois de plenipotenciário presidente da Fifa entre
1974-1998, ele está deixando, um a um, e pela porta dos fundos, seus
cargos honoríficos no grande mundo das milionárias entidades. Nesta
terça-feira 6, Havelange fez a sua primeira aparição pública depois
que, na véspera, foi anunciada sua renúncia ao quadro de dirigentes do
Comitê Olímpico Internacional, ao qual pertencia desde 1963. O COI
aceitou a renúncia assim que ela foi apresentada. A saída teve a
finalidade de barrar a abertura de uma sindicância que iria acarretar
em sua expulsão. O mesmo está para acontecer na Fifa, que fez questão
de confirmar à imprensa internacional a renúncia de Havelange no COI. A
demissão dele do cargo de presidente de honra da Fifa é aguardada para
as próximas horas.
“Não
quero falar nada, só peço que me deixem em paz”, resmungou Havelange,
hoje, no Rio, depois de ter feito parte da mesa da Footecon, congresso
de futebol promovido pelo técnico Carlos Alberto Parreira – cuja
carreira na Seleção Brasileira sempre se deu à sombra da influência de
Havelange. Junto com seu genro Ricardo Teixeira, o ex-presidente da
Fifa é acusado de ter recebido propina da empresa de eventos esportivos
ISL. Em contas bancárias de cada um deles, na Suíça, a empresa teria
depositado US$ 1 milhão em troca de favores para seus negócios. O
escândalo é investigado em ritmo de tarturaga, dentro, da Fifa, desde
2009, mas agora as condições políticas para manter a sindicância sem
conclusão estão acabando. O presidente da entidade, Joseph Blatter, já
abriu uma guerra pessoal contra Teixeira e poderá retirar sua proteção a
Havelange, a quem sucedeu.
No
COI, Havelange estava sendo investigado pela Comissão de Ética há seis
meses, também pela acusação de recebimento de propina da ISL. O
resultado da sindicância interna seria divulgado pela entidade nesta
semana. Para evitar o constrangimento de uma possível expulsão ou mesmo
do reconhecimento público de que se corrompeu, Havelange renunciou.
Como não é mais membro, o brasileiro não pode ser mais citado pelo COI,
assim como o resultado da apuração não pode ser divulgado.
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