terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"Me deixem em paz"

Um gigante se espatifa; João Havelange, o ex-todo poderoso brasileiro acusado de receber propina de US$ 1 milhão na Suíça, sai de cena pela porta dos fundos; ele se demitiu do Comitê Olímpico, para evitar processo; humilhado, deverá perder seu título de presidente de honra da Fifa; valeu o preço, João?

Foto: FÁBIO MOTTA/AGÊNCIA ESTADO

João Havelange, que sempre foi um gigante da diplomacia esportiva global, está se esfarelando com requintes de humilhação aos olhos do mundo. Aos 95 anos, depois de plenipotenciário presidente da Fifa entre 1974-1998, ele está deixando, um a um, e pela porta dos fundos, seus cargos honoríficos no grande mundo das milionárias entidades. Nesta terça-feira 6, Havelange fez a sua primeira aparição pública depois que, na véspera, foi anunciada sua renúncia ao quadro de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional, ao qual pertencia desde 1963. O COI aceitou a renúncia assim que ela foi apresentada. A saída teve a finalidade de barrar a abertura de uma sindicância que iria acarretar em sua expulsão. O mesmo está para acontecer na Fifa, que fez questão de confirmar à imprensa internacional a renúncia de Havelange no COI. A demissão dele do cargo de presidente de honra da Fifa é aguardada para as próximas horas.

“Não quero falar nada, só peço que me deixem em paz”, resmungou Havelange, hoje, no Rio, depois de ter feito parte da mesa da Footecon, congresso de futebol promovido pelo técnico Carlos Alberto Parreira – cuja carreira na Seleção Brasileira sempre se deu à sombra da influência de Havelange. Junto com seu genro Ricardo Teixeira, o ex-presidente da Fifa é acusado de ter recebido propina da empresa de eventos esportivos ISL. Em contas bancárias de cada um deles, na Suíça, a empresa teria depositado US$ 1 milhão em troca de favores para seus negócios. O escândalo é investigado em ritmo de tarturaga, dentro, da Fifa, desde 2009, mas agora as condições políticas para manter a sindicância sem conclusão estão acabando. O presidente da entidade, Joseph Blatter, já abriu uma guerra pessoal contra Teixeira e poderá retirar sua proteção a Havelange, a quem sucedeu.

No COI, Havelange estava sendo investigado pela Comissão de Ética há seis meses, também pela acusação de recebimento de propina da ISL. O resultado da sindicância interna seria divulgado pela entidade nesta semana. Para evitar o constrangimento de uma possível expulsão ou mesmo do reconhecimento público de que se corrompeu, Havelange renunciou. Como não é mais membro, o brasileiro não pode ser mais citado pelo COI, assim como o resultado da apuração não pode ser divulgado.


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Do Blog TERRA BRASILIS.

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