sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Omertá: o pacto de silêncio das redações

Por LEN*

Ainda não tenho informações suficientes sobre o livro recém-lançado do Amaury Junior, “Privataria Tucana”, para fazer uma análise decente sobre o seu conteúdo. O que pincei até agora nos sites da Carta Capital e Viomundo é que, de forma geral, envolve José Serra e asseclas com off-shores das Ilhas Virgens, mostra como Serra usa esquema com arapongas (pagos com dinheiro público) contra adversários e correligionários que se atravessam em seu caminho, além de proezas empresariais de sua filha, Verônica Serra.

O livro, que estranhamente não está sendo encontrado na maioria das principais livrarias do país, ainda corre o risco de ser censurado por alguma ação judicial para recolhimento da obra, que já deve ter sido movida pelo personagem principal da trama do jornalista. Se isso vier acontecer, cai a máscara, mas eu não duvido de mais nada partindo dessas pessoas.

O que já está escancarado, e não me causa mais surpresa alguma, é o fato dos veículos que compõem a máfia das comunicações tupiniquim, cito Globo, Folha, Estadão, Veja e satélites, assim como os seus prepostos, estarem completamente calados a respeito, a despeito de toda a provocação sofrida nas redes sociais.

Tal qual a Máfia Siciliana, a Máfia do Millenium também tem a sua Omertá, seguido por seus soldistas com fidelidade canina (é uma metáfora, adoro cachorro e eles não merecem a comparação). A blindagem feita por esses veículos quanto a denúncias que atingem tucanos de alta plumagem poderia ser comparada a uma seita fundamentalista, se não soubéssemos que a motivação é bem mais suja e indecorosa do que radicalismo religioso.

Como uma peça do destino (outra metáfora, sou agnóstico) aqueles que bradavam serem ungidos combatentes pela moralidade foram flagrados com as mãos cheias de merda tentando esconder a porcaria toda. Se não fosse escatológico, diria que é lindo ver os hipócritas mostrando suas enceradas caras de pau. Esses dias um blogueiro do Globo.com passou a atacar Dilma com impropérios e adjetivos incompatíveis com o exercício da profissão, hoje o desonesto tá lá quietinho, tão murchinho quanto o seu caráter. Diria que é conivente, mas é mais do que isso: é cúmplice.

Quando não der mais para segurar, até porque o burburinho vai continuar independente da vontade deles, o jeito vai ser apelar para a falácia Ad Hominem e atacar o jornalista, citando que foi indiciado pela PF no ano passado, como se tivessem condições de usar esse argumento depois de utilizarem como fonte “confiável” os “fichas-limpas” Ex-PM João Dias e Rubnei Quícoli, o consultor da Folha.

Impagáveis vão ser ver as explicações para o distinto público do motivo pelo qual as denúncias de dois ex-presidiários com ficha corrida na justiça valem mais que a de um jornalista, colega de trabalho, e que já dividiu a redação com muitos deles. Impagáveis e esquizofrênicas.

Apesar da tendência de queda de várias máscaras, eu não tenho grandes esperanças que o livro cause muitos estragos ao Serra, até porque não tenho dúvidas que a blindagem vai continuar até o fim , mesmo que percam ainda mais credibilidade, pelo poder vale tudo. Resta à blogosfera fazer o seu trabalho de formiguinha e informar ao maior número de pessoas possíveis o que realmente acontece fora do show de trumam com pacto de máfia.

*LEN é editor-geral do Ponto & Contraponto e coeditor do Terra Brasilis.

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