O
que mais chama a atenção na dança das cadeiras promovida esta semana
pela TV Globo no jornalismo é a cara de pau de seus gestores em dizer
que tudo foi feito por unanimidade, que não houve choro, nem ranger de
dentes. Vamos por partes. Carlos Schroder diz que tinha ideia de indicar
Poeta. Perguntou para Ali Kamel, que cogitava a mesma pessoa e, quando
chegou ao Bonner, bingo! Conta outra, vai.
Abigail
Costa tem uma frase antológica que atribui à TV, e que serve
perfeitamente ao teatro visto na manhã de ontem, durante a entrevista
coletiva. Diz a Big: "O mundo é gay, fuma maconha, toma bolinha para
emagrecer, antidepressivo para dormir e mente que é feliz".
Só
quem não conhece os intestinos da emissora seria capaz de acreditar
nesse conto da carochinha. Todos eles tiveram que engolir a Poeta,
depois que as pesquisas indicaram que ela era a figura mais popular
entre todas as candidatas para assumir o posto. Porque se dependesse dos
três não seria a Poeta. Schroder tinha Ana Paula Araújo no topo da
lista. Tem carreira no Rio e acaba de receber um Emmy, pela transmissão
firme e segura durante a invasão do Complexo do Alemão, no ano passado.
Ali
Kamel jamais escolheria a Patrícia, porque foi algoz dela e do marido
anos antes. É só reparar a coluna de TV dO Globo, quando noticiou a
queda de audiência no Fantástico. Quem estampava a foto que ilustrava a
notícia? Sim, a Patrícia Poeta. E sabe quem escreve a coluna? Vale a
pena investigar.
Portanto, se
pudesse escolher sozinho, poder que nunca teve e jamais terá, Ali
ficaria facilmente, ou com Renata Vasconcellos, ou com Sandra Annenberg,
pelo simples fato demonstrado por ambas, de que aceitam jogar o jogo
dele, se o objetivo compensar. Seriam mais "interpretativas", se é que
podemos colocar dessa forma.
Já
para William Bonner, pouco importa. Ele é do tipo que não está nem aí
para quem está ao seu lado na bancada. Os puxa-sacos jamais vão dizer
isso a ele, preso em seu labirinto, mas nos corredores são de uma
honestidade atroz. Todos o consideram egocêntrico, arrogante e
autoritário. Mas são tão covardes, que não são capazes de enfrentá-lo,
mesmo quando têm razão. Cansei de ouvir dos chefes. "Deixa pra lá, se o
Bonner acha que é assim, o problema é dele".
Não,
o problema não é dele, é de todo o país. Suas convicções distorcem a
realidade e forjam um mundo que não existe, a não ser pelas lentes
distorcidas do telejornal que comanda. Também não é para menos. Os
poucos que o desafiaram viraram vaga. O último, André Basbaum, não só
foi demitido, como humilhado por Bonner.
Portanto,
o superintendente Octávio Florisbal, como homem de marketing que é,
estava amparado em pesquisas de opinião quando impôs o nome de Patrícia
ao comitê. Afinal, "a voz do povo é a voz de Deus" e Florisbal sabe que,
para desmontar a estrutura de poder que foi construída há 20 anos no
jornalismo da emissora, tem que ter paciência e método. Este talvez seja
o maior legado que deixará ao país, antes de deixar o cargo, no ano que
vem, como já antecipou a todos.
Quem
ficará no lugar de Florisbal? Dependendo de quem for, bye bye Schroder,
Ali e Bonner. Resta-nos apenas esperar pacientemente...
No DoLaDoDeLá
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