Bob Fernandes, Terra Magazine
“Nesse link abaixo, o comentário dessa
segunda à noite no Jornal da Gazeta
Uma forma simples de se evitar que o réu de amanhã seja o herói de hoje é usar as redes sociais. Basta, via internet – Facebook, Twitter – fazer uma pergunta: vocês ai, do estado tal, município tal, conhecem o deputado fulano, o senador Sicrano? Qual é a dele? Só um pouco disso, e muito menos manchetes, teria bastado para mostrar a intimidade de Demóstenes com o bicheiro Cachoeira.
O anúncio da CPI do Cachoeira acirrou os ânimos. Na política e na mídia. Prosperam as teorias, convicções, conspirações… enquanto os fatos apenas engatinham. A CPI é do Cachoeira, mas chovem manchetes sobre o…"Mensalão".
Então, vamos aos fatos. O escândalo conhecido como Mensalão já foi investigado. Está no Supremo Tribunal Federal que deverá julgá-lo ainda esse ano. Espera–se que os culpados sejam condenados e os inocentes, inocentados.
Quem, na oposição ou na Mídia, nessa hora trombeteia o Mensalão, ou é inocente ou está dando bandeira. Indica temer a investigação que vem ai, a do Cachoeira e suas vastas e íntimas relações; relações não só com setores da oposição.
Da mesma forma, erra quem, no PT, antecipa que a CPI do Cachoeira será terreno para um acerto de contas. Erra porque diz isso antes do tempo e erra no tom. O tempo certo é o tempo dos fatos. Sua Senhoria, O Fato. Se eles forem comprovados. Antes de acusar, de insinuar, há que ter provas. Antes, a CPI terá que chegar aos fatos. Antes disso, tudo soa como forçação de barra, ou mera tentativa de pressão contra o julgamento no Supremo. E, da mesma forma, dizer que o Supremo "está sendo pressionado no Mensalão" é também pressão. Pressão pelo outro lado.
Nesse caso Cachoeira, também a mídia está na berlinda. É preciso, então, dizer o que qualquer repórter sabe, ou deveria saber: jornalista não só conversa, como tem a obrigação de conversar com todo mundo. Mesmo com a escória. Às vezes, principalmente com a escória. Para se chegar ao submundo é preciso descer aos esgotos da sociedade. Não é nos conventos, nem em conversas na Irmã Dulce, que se terá informação sobre quem rouba e quem paga. Quem espia e quem não espia. Quem grampeia e quem não grampeia.
Mas é preciso deixar muito claro: o problema não está nas relações, nas conversas PROFISSIONAIS que um jornalista, qualquer jornalista, tenha com gente do crime organizado. O problema passa a existir, SE e QUANDO a mídia se torna ela mesma uma costela, uma alavanca, uma ponta do crime organizado. Se isso acontecer- (e se aconteceu é preciso PROVAR, e não ficar insinuando ) se acontecer… bem …a mídia tem suas prerrogativas, mas não é inimputável.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário