terça-feira, 17 de abril de 2012

Janio de Freitas pede transparência na imprensa


Decano dos jornalistas brasileiros e membro do conselho editorial da Folha, ele abre uma discussão relevante nos grandes jornais ao dizer que marginais, quando oferecem algum tipo de informação, servem à própria marginalidade
Brasil 247
Nascido em 1932, Jânio de Freitas é, aos 80 anos, um dos mais ativos e respeitados profissionais da imprensa brasileira. Como jornalista, ele já passou por publicações como Manchete, Jornal do Brasil e Correio da Manhã. Hoje, além de colunista, é membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, onde acaba de abrir uma discussão relevante, ao pedir transparência nos meios de comunicação. “Não há motivo para que a imprensa brasileira seja tão omissa quando trata da transparência de si mesma”.
Seu artigo desta terça-feira, 17 de abril, intitulado “Imprensas”, é uma resposta direta à capa de Veja, em que a revista defende relações de seus profissionais, em especial do jornalista Policarpo Júnior, com o círculo do bicheiro Carlos Cachoeira.
Eis o que diz Veja, na capa desta semana, que denuncia supostos ataques à liberdade de expressão embutidos na CPI sobre o caso Carlos Cachoeira:
“Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico. Disso sabem os promotores que, valendo-se do mecanismo da delação premiada, obtêm informações valiosas de um criminoso, oferecendo-lhe em troca recompensas como o abrandamento da pena.”
Segundo Janio de Freitas, não é tão básico assim. Eis o que diz o decano dos jornalistas brasileiros:
“A depender das circunstâncias, o contato com a marginalidade pode ser jornalístico e legítimo. Não há como saber se o é na maioria ou na minoria das vezes. Mas sempre deveria estar, e não está, submetido ao cuidado de ponderar sobre a finalidade de quem dá a informação. Na marginalidade, a tendência do propósito é servir à própria marginalidade. E, quando é assim, o jornalista e sua publicação servem também à marginalidade.”
A discussão é complexa e delicada. Em geral, por trás dos gigantes interesses comerciais e políticos da marginalidade, há um quê de interesse público – não fosse assim, as reportagens não seriam publicadas. Mas, em geral, o interesse público é um troco diante do interesse privado. E o caso se torna ainda mais grave quando as evidências surgem a partir de grampos clandestinos e, portanto, ilegais.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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