Ricardo Batista Amaral é jornalista. Neste livro, ele conta a trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta da República do Brasil. O autor escreve este livro: “A Vida Quer É Coragem. A Trajetória de Dilma Rousseff – A Primeira Presidenta do Brasil”.
De outro, a equipe deste site objetiva divulgar esta excelente obra e oferece aos seus visitantes alguns destaques especiais.
Nas primeiras páginas da referida obra, percebemos que “Coragem” é uma virtude que sustenta a vida.
- A vida não é fácil. Nunca foi (p.12).
Vítima das torturas na Ditadura Militar, Dilma descobriu que não é fácil viver.
Quem passou pela violência do pau de arara, pelas máquinas de choques elétricos, pela agonia incerta de resistir à tortura sabe que a vida não é fácil. Nunca foi. Mas havia outra dimensão na notícia que ela compartilhava com a pequena família: a dimensão da política. Por mais seguro e otimista que fosse o prognóstico dos médicos, câncer era uma palavra maldita quando pronunciada em público, especialmente se relacionada a um candidato presidencial (p.17).
O Presidente Lula é sábio nas palavras.
- Tranquila, Dilminha, tranqüila. Você é forte, vai conseguir (p.18).
Mulher Valente e Corajosa na Comissão de Infra-estrutura do Senado. Sábia, Dilma enfrenta o confronto (179-181, passim):
O senador José Agripino Maia, de longeva oligarquia nordestina, político da antiga Arena e líder do DEM, tomou a palavra logo no início da sessão. Ele tinha preparado sua pergunta numa reunião com senadores de seu partido. Sua idéia era carimbar a pré-candidata de Lula como pessoa mentirosa, por ter dado versões diferentes sobre o dossiê. O gancho, uma entrevista em que Dilma falava sobre a tortura no DOI-Codi. Seguro de si, Agripino começou citando a entrevista:
- Vossa Excelência respondeu: “A prisão é uma coisa onde nos encontramos com nossos limites. É isso que, às vezes, é muito duro. Nos depoimentos a gente feito doido. Mentia muito, mas muito mesmo.”
Sem fazer caso de que ele, sua família e seus aliados tinham apoiado a ditadura que prendeu Dilma Rousseff, o senador avançou sobre terreno pantanoso:
- O que é que me preocupa, ministra? O dossiê, na minha opinião e na de muitos brasileiros, é a volta do regime de exceção. É o uso do Estado para encostar pessoas no canto da parede.
A Pergunta era surpreendente, mas Dilma estava segura. Tinha ouvido um conselho de Olga Curado, a mesma que ajudou Lula nos debates: “Busque a verdade dentro de você, dentro da sua história.” A história e a verdade da ministra brotaram do fundo da memória e de dentro da alma de Dilma Rousseff na sala da CPI:
- Tem uma consideração que eu vou fazer antes, porque acho que ela é importante para a democracia no Brasil – ela começou a responder num tom firme, olhando para o senador. – O que acontece ao longo dos anos 70 não é uma ditadura policialesca simplesmente, é a impossibilidade de se dizer a verdade em qualquer circunstância. Não se dialoga, não é possível supor que se dialogue com o pau de arara, com o choque elétrico, com a morte. Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia – ela estocou, antes de prosseguir, já com a voz embargada.
Daí em diante, cada frase era um degrau acima da escala da emoção:
- Eu tinha 19 anos. Eu fiquei três anos na cadeia. Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para seus interrogadores compromete a vida de seus iguais, entrega pessoas para serem mortas.
“Eu me orgulho muito de ter mentido, senador, porque mentir na tortura não é fácil. Na democracia se fala a verdade. Diante da tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira. E isso, senador, faz parte, integra a minha biografia, de que eu tenho muito orgulho..
“Todos nós somos muito frágeis, nós somos humanos, nós temos dor. E a sedução, a tentação de falar o que ocorreu e dizer a verdade é muito grande. O senhor não imagina quanto é insuportável. Então, eu me orgulho de ter mentido, eu me orgulho imensamente de ter mentido, porque eu salvei companheiros da mesma tortura e da morte.
“Este diálogo aqui é o diálogo democrático, a oposição pode me fazer perguntas e eu vou responder. Nós estamos em igualdade de condições humanas e materiais. Nós não estamos num diálogo entre meu pescoço e a forca, senador.
“Eu acredito, senador, que nós estamos em momentos diversos de nossas vidas em 70. Eu tinha entre 19 e 21 anos, e de fato, combati a ditadura militar. E disso eu tenho imenso orgulho”.
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