Na retomada do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal)
após uma pausa de 12 dias, o ministro Marco Aurélio Mello e o relator do
caso, Joaquim Barbosa, discutiram. Marco Aurélio disse que Barbosa não
poder supor que todos os colegas de plenário sejam "salafrários" e
afirmou ainda que "deboche não cabe nas sessões".
A discussão começou após Marco Aurélio comentar os critérios usados para
o aumento de pena do empresário Marcos Valério, como o fato dele ser
líder da quadrilha do mensalão. O ministro também questionou os
critérios para definir a pena e se o mesmo crime cometido diversas vezes
deve ser considerado crime continuado.
Ayres Britto diz que relator vai acelerar definição de penas do mensalão
Marco Aurélio disse que essa indefinição estava estarrecendo o mundo
acadêmico até porque Valério foi condenado a mais de 40 anos.
Barbosa fez um comentário fora do microfone que irritou o colega.
"Vossa excelência, só lhe peço que cuide das palavras que venha veicular quando estiver votando", disse Marco Aurélio.
"Eu tenho utilizado muito bem o vernáculo", respondeu Barbosa.
"Não tem utilizado e eu já disse mais de uma vez e vou repetir", afirmou
Marco Aurélio. "Não sorria porque a coisa é seria, estamos no Supremo. O
deboche não cabe aqui", disparou.
"Traduzi uma realidade que consta nos autos. Se tem um réu que foi
condenado a 40 anos é porque se trata de réu que cometeu sete, oito,
nove crimes graves, ministro", disse Barbosa.
"Mas temos o direito que é uma ciência", afirmou.
O relator voltou a retrucar: "ora ministro".
"Vossa excelência escute para depois retrucar", cobrou Marco Aurélio. "Não insinue ministro", completou.
"Estou dizendo", respondeu o relator.
"Não admito que vossa excelência suponha quer todos sejam salafrários e vossa excelência seja vestal", disse Marco Aurélio.
O presidente Carlos Ayres Britto interrompeu a discussão e disse que a
questão de Marco Aurélio é importante e será discutida mais a frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário