segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Passada a euforia do porre, vem a ressaca...


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Vendo que o 'golpe paraguaio' contra Lula tentado pela Veja se esvaziou e os holofotes voltaram-se para as ligações de Valério com Aécio, o tucano percebeu o tiro no pé. Tarde demais
O senador Aécio Neves (PSDB) fez jogo duplo. Por um lado colocou uma tropa de choque majoritariamente tucana para fustigar o presidente Lula. Por outro, ficou "escondido atrás da moita" para se preservar. Se desse certo, apontaria a cabeça, colhendo os louros. Se desse errado, dizia que a ação "não tinha seu aval".
Na terça-feira (6), a tropa de choque tucana, composta pelo senador Álvaro Dias (líder do PSDB no Senado, que fala pelo partido), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o deputado Mendes Thame (PSDB-SP) e Vanderley Macris (PSDB-SP), marchou junto com Roberto Freire, do PPS, até a Procuradoria-Geral da República, para entregar uma representação pedindo para investigar o ex-presidente Lula, por conta de uma "reportagem" da revista Veja sobre um depoimento de Marcos Valério ao próprio Procurador-Geral.
Do ponto de vista jurídico tal representação é até uma ofensa ao Ministério Público, pois seria como pedir para não prevaricar. Afinal, se houvesse alguma denúncia fundamentada de Valério, contra quem quer que seja, o dever da Procuradoria seria investigar.
Por isso o gesto foi mera declaração de guerra à Lula, para demarcar o apoio político do PSDB a um golpe similar ao recentemente perpetrado no vizinho Paraguai. A ideia é cassar Lula no tapetão do Judiciário. Dessa forma a única candidata a ser derrubada em 2014 pela oposição seria a presidenta Dilma, sem Lula no "banco de reservas".
Não existe a menor possibilidade de isso tudo ter sido feito dentro do PSDB sem o sinal verde de Aécio, pois se fosse contra a vontade dele, ele teria se manifestado publicamente contra, antes. Mas as digitais de Aécio dando sinal verde à declaração de guerra contra Lula, ficaram expostas com a publicação na véspera (dia 5), de um artigo no site do PSDB mineiro, cobrando a investigação.
Mas a encenação do protocolo de pedido de ação, amplamente divulgada pela imprensa, foi o porre. Devidamente precedido pela inevitável ressaca. Nos dias seguintes houve uma reviravolta no noticiário. Primeiro viu-se que não há consistência nos ataques ao presidente Lula.
O nome dele é apenas citado e usado por advogados para provocar confusão, e pela oposição para incitar o golpismo e o ódio. Nunca encontraram nada contra ele, apesar das exaustivas investigações desde 2005, simplesmente porque nada existe.
Por outro lado, apesar do pouco espaço que o assunto tem na mídia, todo mundo já sabe que aquilo que Marcos Valério teria a oferecer de interesse para uma delação premiada são fatos entre 1999 e 2002, ainda obscuros, e que atingem os tucanos.
Foi devassada a atuação de Valério na campanha de Azeredo em 1998 (sobre a qual, aliás, o STF "preferiu" adiar o julgamento) e depois as investigações pularam para 2003, com o governo do PT já eleito.
Falta esclarecer a atuação do publicitário no governo FHC e na eleição de 2002, quando Aécio elegeu-se governador. Também nunca foram investigados os contratos de Valério com o governo Aécio em Minas Gerais, que vigoraram até 2005.
Vendo que o "golpe paraguaio" contra Lula tentado pela revista Veja se esvaziou, e os holofotes voltaram-se para as ligações de Valério com o próprio Aécio, o tucano percebeu o tiro no pé e recuou.
Agora parece ser tarde demais para se arrepender. Aécio entrou no seleto clube de José Serra (PSDB). Aquele clube de quem faz política de perseguição e ódio, voltada para os 4% do povo brasileiro que odeia Lula. Além disso atraiu para si a cobrança dos lulistas por investigações sobre o mensalão tucano no período Aécio, após 1998.

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