Reportagem deste fim de semana
aponta o que seria a delação premiada pretendida por Marcos Valério;
objetivo seria narrar uma reunião com Ronan Maria Pinto, empresário do
ABC paulista frequentemente citado como possível mandante do crime, e
Silvio Pereira, ex-homem forte do partido; suposta missão de Valério
seria levantar recursos para conter chantagem de Ronan contra o
ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho; mais uma vez, não há
evidências que Valério falou à revista e não se sabe se a fonte foi
ele ou a procuradoria-geral da República, que estaria quebrando a
confidencialidade e colocando a vida de Valério em risco; prossegue a
caçada a Lula
Marcos Valério é um homem à beira do precipício, condenado a
mais de 40 anos prisão. Em setembro, procurou o procurador-geral da
República, propondo uma delação premiada e pedindo proteção. Dizia
correr risco de ser assassinado. Portanto, é improvável que uma pessoa,
nessas condições, tenha sido a fonte de mais uma capa da revista Veja,
a que circula neste fim de semana, com as baterias apontadas contra o
PT e o ex-presidente Lula. O mais plausível é imaginar que as
informações tenham partido do próprio Ministério Público Federal,
comandado por Roberto Gurgel, que teria a missão institucional e legal
de preservar a confidencialidade de uma proposta de delação feita por
uma pessoa supostamente ameaçada de morte.
Na reportagem deste fim de semana, assim como na de 19 de setembro (a
da "entrevista"), apresentam-se falas de Marcos Valério, que não foram
gravadas pela revista Veja. “Eu falei assim: nisso aí eu não me meto,
não”, teria dito o empresário. A frase atribuída a Valério seria uma
resposta ao pedido de dinheiro feito por Sílvio Pereira,
ex-secretário-geral do PT, para calar Ronan Maria Pinto, empresário do
ABC paulista frequentemente citado como um dos possíveis mandantes da
morte de Celso Daniel. Ronan, segundo o relato de Veja, ameaçava
envolver o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho no caso
Celso Daniel. Participante desta reunião com Ronan e Silvinho, Valério
teria a missão de acalmar o suposto chantagista – o que ele não teria
aceito.
A proposta de delação premiada veio à tona ontem, em reportagem do
Estado de S. Paulo. Ao saber que a mesma seria publicada, o advogado
Marcelo Leonardo, que representa Valério, reagiu com indignação. “Se meu
cliente vier a ser assassinado, terei que dizer que foi por causa da
sua matéria”, disse ele ao Estadão. Portanto, mais uma razão para
descrer que Valério tenha sido a fonte de Veja. Afinal, se Celso Daniel
foi assassinado e Ronan Maria Pinto é frequentemente citado como
responsável, não é razoável imaginar que a essa altura do campeonato,
prestes a ser transferido para um presídio, onde de se mata e se morre
com facilidade, que Valério fosse se envolver com algo tão perigoso.
Sobre Antônio Palocci, também citado na reportagem do Estado de S.
Paulo, Valério apenas diz que o ex-ministro também participou dos
esquemas de arrecadação do PT – o que não é novidade.
O que espanta, na capa de Veja desta semana, é imaginar que a própria
Procuradoria-Geral da República possa estar colaborando para a colocar
em risco a vida de um indivíduo.
No 247
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