Pode parecer banal, mas serve muito bem como exemplo da
irresponsabilidade que cerca nosso jornalismo: Neto, o folclórico
comentarista da Band, afirmou que o Santos estaria na fase final da
contratação do polêmico ex-jogador Adriano. A direção santista desmentiu
categoricamente. E daí? Daí, nada.
Esse é um problemão. Supostos jornalistas plantam notícias, espalham
boatos que se mostram inverídicos, alimentam versões que servem a
interesses obscuros, isso quando não propagam, de forma deliberada,
mentiras e calúnias.
O exemplo do fanfarrão Neto pode parecer, à primeira vista, apenas
engraçado ou até mesmo irrelevante. Tirando o pânico que se instalou na
torcida do time de Vila Belmiro, nenhum grande mal resultou da bazófia
do apresentador com português sofrível e sotaque forçadamente caipira.
Mas exatamente por sua insignificância, seria o caso de o comentarista
se retratar, pedir desculpas, ao menos denunciar a fonte que
supostamente o fez cometer esse equívoco. Mas não é preciso ter
inteligência acima da média de um torcedor de futebol para ter plena
certeza de que vai tudo ficar por isso mesmo. Mesmo que não custasse
nada um mínimo de humildade e decência ao envolvido.
Pois se um "jornalista" e uma emissora de TV não se dão ao trabalho de
assumir um vexame ridículo desses, imagina quando o erro for relevante
para o País?
Jornais, revistas e programas jornalísticos soltam esses balões de
ensaio, encampam teorias conspiratórias, denunciam crimes não
comprovados, acusam sem direito a defesa, condenam à revelia da Justiça,
fazem sensacionalismo sem nenhum pudor. E fica tudo por isso mesmo.
Seria o caso de instituirmos uma Tolerância Zero para erros
jornalísticos. Assim como pregam os editoriais intolerantes com
políticos, autoridades e bandidos profissionais, a sociedade deveria
devolver na mesma moeda.
Ou jornalistas podem cometer seus pequenos e grandes desvios sem
responder por isso? E não vale vir com a desculpinha esfarrapada de que
seria censura. Estou falando de vergonha na cara e em ser uma pessoa
ética e confiável. Só isso.
Sem não sabem nem pedir desculpas, então vamos ensiná-los. Ora, bolas.
No O Provocador
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