quinta-feira, 31 de maio de 2012

Impeachment para Gilmar Mendes

"Admito que o ex-presidente pudesse estar preocupado com a realização do julgamento no mesmo semestre das eleições. Isso aí é aceitável. Primeiro, porque é um leigo na área do Direito. Segundo, porque integra o PT. Portanto, se o processo envolve pessoas ligadas ao PT, obviamente, se ocorrer uma condenação, repercutirá nas eleições municipais."
A avaliação, simples mas correta, foi do ministro Marco Aurélio Mello, que sempre considerei o mais lúcido dos integrantes do Supremo Tribunal Federal.
Sim, é da natureza humana tentarmos convencer juízes a tomarem as decisões que nos convêm. O destrambelhado Gilmar Mendes só teria motivos para fazer a tempestade em copo d'água que fez:
  • se Lula o tivesse procurado para tentar influir na sentença do processo do mensalão;
  • se Lula lhe houvesse oferecido alguma forma de recompensa ou feito alguma ameaça, para tangê-lo a aceitar a postergação do julgamento para depois das eleições municipais.
Ora, nem em suas declarações mais furibundas à imprensa Mendes ousou acusar Lula de estar pressionando pela absolvição dos réus.
E, mesmo se acreditarmos na versão que Mendes deu do encontro e ninguém confirmou, a referência de Lula a (mais) uma ligação perigosa do seu interlocutor é insuficiente para caracterizar uma ameaça. Lula não disse nada parecido com "a militância do PT trombeteará dia e noite que é o Carlinhos Cachoeira quem custeia vossas viagens", mas, apenas, sugerido que convinha ao próprio Mendes deixar esses assuntos melindrosos para mais tarde.
É inadequado alguém falar nestes termos a um ministro do Supremo? Sem dúvida! Mas, o que Mendes esperava, ao aceitar um encontro a portas fechadas com Lula sem ter nada de pertinente a tratar com ele?
Se Mendes é tão sensível a hipotéticas insinuações, certamente não as ouvirá atendo-se à liturgia do cargo.
Como explica Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da FGV/RJ:
"...no STF há hoje dois perfis distintos. De um lado ministros mais discretos, que não se pronunciam, exceto nas audiências, e que mantêm distância de Executivo, Legislativo e representantes de interesses em julgamento. Vida pessoal recatada.
Por outro lado há ministros que se pronunciam fora dos autos, estão diariamente na mídia, mantêm contatos políticos, participam de seminários e reuniões com grupos de interesse.
A questão crucial, dizem uns, não é se o ministro deve falar fora dos julgamentos, estar na mídia ou se relacionar social e politicamente. A questão é haver transparência antes, durante e depois dos relacionamentos. E que não faça política. As agendas, os encontros, as atividades dos ministros deveriam ser publicados de antemão.
Em alguns países o juiz não recebe uma parte sem a presença da outra, tão grande é a preocupação com a imparcialidade. O que alguns ministros praticam aqui no STF. Ou grava-se a conversa para assegurar a fidelidade do que ocorreu e proteger o ministro de propostas inadequadas".
Mendes é o pior exemplo de ministro pop star: pronuncia-se o tempo todo fora dos autos, só falta pendurar uma melancia no pescoço para aparecer mais na mídia, mantém contatos políticos a torto e direito, não recusa convites para eventos de poderosos que têm óbvio interesse em decisões do STF.
Pior, FAZ POLÍTICA (e sempre com viés direitista) - como quando produziu irresponsável alarmismo acerca de um estado policial que nem remotamente se configurava, ou quando contrapôs à frase da então ministra Dilma Rousseff, de que "tortura é crime imprescritível", a estapafúrdia afirmação de que "terrorismo também é" (esquecendo não só a diferença jurídica entre terrorismo e resistência à tirania, como também o fato de que a imprescritibilidade do terrorismo só viria a ser introduzida nas leis brasileiras depois dos anos de chumbo).
E nunca tem gravações para apresentar, que comprovassem suas denúncias delirantes e bombásticas.
O veterano jornalista Jânio de Freitas (vide íntegra aqui) nos brinda com uma constatação explícita e uma sugestão implícita:
"O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.
...Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função".
Eu não insinuo, afirmo: já passou da hora de Gilmar Mendes ser submetido a impeachment.
Menos pela comédia de pastelão que está encenando agora e mais por haver, em duas diferentes ocasiões, privado da liberdade Cesare Battisti em função não das leis e da jurisprudência existentes, mas da esperança que nutria de as alterar.
Quando o ministro da Justiça Tarso Genro concedeu refúgio ao escritor italiano, cabia ao presidente do STF suspender o processo de extradição e colocá-lo em liberdade, como sempre se fizera. Mas decidiu mantê-lo preso, confiante em que convenceria seus colegas ministros a detonarem a lei e a instituição do refúgio, passando por cima do Legislativo e usurpando prerrogativa do Executivo. Conseguiu.
Da segunda vez, quando o então presidente Lula negou a extradição, exatamente como o Supremo o autorizara a fazer, o relator Mendes e o presidente Cezar Peluso apostaram de novo numa virada de mesa legal... E PERDERAM!
O desfecho do caso os tornou responsáveis pelo SEQUESTRO de Battisti durante os cinco meses seguintes - e nada existe de mais grave para um magistrado do que dispor tendenciosamente da liberdade alheia, cometendo abuso gritante de autoridade.
Se Mendes sofrer o impeachment agora, Deus estará escrevendo certo por linhas tortas.
Celso Lungaretti
No Náufrago da Utopia

O banditismo fascista da tucanalha paulista: Serra mostra os dentes

Serra mostra os dentes: revista distribuída no Metrô acusa PT de assassinato 

A revista Free São Paulo traz na capa de sua edição de hoje, 31, uma matéria sobre as investigações acerca da morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. A apuração feita pela revista tem informações contraditórias e que não se sustentam. Na verdade, trata-se de um panfleto político com tintas jornalísticas.
O histórico da revista dá rastros fortes da origem dos ataques. A primeira edição da Free São Paulo, lançada em outubro do ano passado, tem como destaque uma entrevista com Bruno Covas, que na época era apontado como provável candidato do PSDB para a Prefeitura de São Paulo.
Na edição 14, a revista aborda um “calote” do Ministério da Educação nas universidades federais e coloca na capa uma foto quebradiça do então ministro da Educação, Fernando Haddad.
Na edição 25, a Free Brasil compara os governos FHC e Lula e coloca o tucano em vantagem, sem explicar a escolha por dados de meses diferentes na comparação das gestões.
O redator chefe da Free Brasil atende por Ernesto Zanon. No seu twitter pessoal Zanon costuma dar RTs e divulgar notas do candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra.
Além deste histórico de matérias favoráveis ao PSDB, a publicação é impressa pela gráfica do grupo Folha de S.Paulo, a Plural Industria Gráfica. A gráfica é a mesma onde ocorreu o vazamento das provas do Enem em 2009. Caso que até hoje é atribuído na conta do atual candidato a prefeito de São Paulo, o ex-ministro Haddad. Mas, mais do que isso, um dos clientes do grupo que a realiza (Mídia Guarulhos Ltda) é o deputado federal e presidente do PSDB de Guarulhos, Carlos Roberto. Neste link você pode conferir dois pagamentos de 10 mil reais por serviços prestados pela empresa para o deputado na chamada verba de gabinete.
A matéria sobre o assassinato de Celso Daniel começa em tom opinativo e faz diversas afirmações sem que fontes ou provas as atestem. A hipótese de que a morte de Celso Daniel teria motivações política é embasada por uma entrevista com o promotor Márcio Friggi de Carvalho, do Grupo de Atuação Especial Regional de Repressão ao Crime Organizado do ABC.
O promotor acusa diversos políticos petistas de participação em um suposto esquema de extorsão de empresários do transporte em Santo André. Segundo ele, o esquema teria o objetivo de alimentar o Caixa 2 de campanhas eleitorais petistas. Porém, apesar de acusar nominalmente varias pessoas de participação no esquema, o promotor diz que Celso Daniel morreu por não aceitar que o suposto dinheiro desviado para as campanhas acabasse servindo de fonte de enriquecimento para membros do esquema.
No entanto, o promotor, muito que provavelmente para não ser vítima de processo, não cita nenhum nome como mandante do crime. Nem apresenta provas de que o PT estaria diretamente ligado ao assassinato. Mesmo assim a entrevista com o promotor foi suficiente para que a publicação estampasse na sua capa a figura da morte com o emblema do PT, associando o partido ao assassinato do ex-prefeito de Santo André.
Além do promotor, a Free São Paulo utiliza como fonte para a matéria uma participação do irmão de Celso Daniel, Bruno Daniel, no programa Roda Viva da TV Cultura.
Mas o fato mais grave presente na matéria é o tratamento dispensado ao atual prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. A revista o chama de “o novo gerente do esquema”. No entanto, em nenhum momento o promotor cita o nome de Marinho como envolvido no suposto Caixa 2 petista.
A reportagem ainda afirma que ele estaria sendo preparado para disputar o governo do estado em 2014, mas novamente não apresenta nenhuma fonte ou comprovação para tal afirmação.
O diretório estadual do PT divulgou nota em que rechaça a matéria publicada pela Free São Paulo e afirma que está tomando todas as medidas legais cabíveis para que os responsáveis respondam por seus atos. Na nota, o PT afirma que as investigações policiais sobre o assassinato de Celso Daniel chegaram à conclusão de crime comum, sem qualquer conotação político-partidária.

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Nos rincões dos Mendes: Vale a pena ler de novo

Leandro Fortes, de Diamantino (MT) Revista Carta Capital

20/11/2008 18:10
Existe um lugar, nas entranhas do Centro-Oeste, onde a vetusta imagem do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, nada tem a ver com aquela que lhe é tão cara, de paladino dos valores republicanos, guardião do Estado de Direito, diligente defensor da democracia contra a permanente ameaça de um suposto – e providencial – “Estado policial”. Em Diamantino, a 208 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso, o ministro é a parte mais visível de uma oligarquia nascida à sombra da ditadura militar (1964-1985), mas derrotada, nas eleições passadas, depois de mais de duas décadas de dominação política.
O atual prefeito de Diamantino, o veterinário Francisco Ferreira Mendes Júnior, de 50 anos, é o irmão caçula de Gilmar Mendes. Por oito anos, ao longo de dois mandatos, Chico Mendes, como é conhecido desde menino, conseguiu manter-se na prefeitura, graças à influência política do irmão famoso. Nas campanhas de 2000 e 2004, Gilmar Mendes, primeiro como advogado-geral da União do governo Fernando Henrique Cardoso e, depois, como ministro do STF, atuou ostensivamente para eleger o irmão. Para tal, levou a Diamantino ministros para inaugurar obras e lançar programas, além de circular pelos bairros da cidade, cercado de seguranças, a pedir votos para o irmão-candidato e, eventualmente, bater boca com a oposição.
Em setembro do ano passado, o ministro Mendes foi novamente escalado pelo irmão Chico Mendes para garantir a continuidade da família na prefeitura de Diamantino. Depois de se ancorar no grupo político do governador Blairo Maggi, os Mendes também migraram do PPS para o PR, partido do vice-presidente José Alencar, e ingressaram na base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a quem, como se sabe, Mendes costuma, inclusive, chamar às falas, quando necessário. Maggi e os Mendes, então, fizeram um pacto político regional, cujo movimento mais ousado foi a assinatura, em 10 de setembro de 2007, do protocolo de intenções para a instalação do Grupo Bertin em Diamantino, às vésperas do ano eleitoral de 2008.
Considerado um dos gigantes das áreas agroindustrial, de infra-estrutura e de energia, o Bertin acabou levado para Diamantino depois de instalado um poderoso lobby político capitaneado por Mendes, então vice-presidente do STF, com o apoio do governador Blairo Maggi, a quem coube a palavra final sobre a escolha do local para a construção do complexo formado por um abatedouro, uma usina de biodiesel e um curtume. O investimento previsto é de 230 milhões de reais e a perspectiva de criação de empregos chega a 3,6 mil vagas. Um golpe de mestre, calcularam os Mendes, para ajudar a eleger o vereador Juviano Lincoln, do PPS, candidato apoiado por Chico Mendes à sucessão municipal.
No evento de assinatura do protocolo de intenções, Gilmar Mendes era só sorrisos ao lado do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a quem levou a Diamantino para prestigiar a gestão de Chico Mendes, uma demonstração de poder recorrente desde a primeira campanha do irmão, em 2000. Durante a cerimônia, empolgado com a presença do ministro e de dois diretores do Bertin, Blairo Maggi conseguiu, em uma só declaração, carimbar o ministro Mendes como lobista e desrespeitar toda a classe política mato-grossense. Assim falou Maggi: “Gilmar Mendes vale por todos os deputados e senadores de Mato Grosso”. Presente no evento estava o prefeito eleito de Diamantino, Erival Capistrano (PDT), então deputado estadual. “O constrangimento foi geral”, lembra Capistrano.
Ainda na festa, animado com a atitude de Maggi, o deputado Wellington Fagundes (PR-MT) aproveitou para sacramentar a ação do presidente do STF. “O ministro Gilmar Mendes tem usado o seu prestígio para beneficiar Mato Grosso, apesar de não ser nem do Executivo nem do Legislativo”, esclareceu, definitivo. Ninguém, no entanto, explicou ao público e aos eleitores as circunstâncias da empresa que tão alegremente os Mendes haviam conseguido levar a Diamantino.
O Grupo Bertin, merecedor de tanta dedicação do presidente do STF, foi condenado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em novembro de 2007, logo, dois meses depois da assinatura do protocolo, por formação de cartel com outros quatro frigoríficos. Em 2005, as empresas Bertin, Mataboi, Franco Fabril e Minerva foram acusadas pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça de combinar os preços da comercialização de gado bovino no País. Foi obrigado a pagar uma multa equivalente a 5% do faturamento bruto, algo em torno de 10 milhões de reais. No momento em que Gilmar Mendes e Blairo Maggi decidiram turbinar a campanha eleitoral de Diamantino com o anúncio da construção do complexo agroindustrial, o processo do Bertin estava na fase final.
Ainda assim, quando a campanha eleitoral de Diamantino começou, em agosto passado, o empenho do ministro Mendes para levar o Bertin passou a figurar como ladainha na campanha do candidato da família, Juviano Lincoln. Em uma das peças de rádio, o empresário Eraí Maggi, primo do governador, ao compartilhar com Chico Mendes a satisfação pela vinda do abatedouro, manda ver: “Tenho falado pro Gilmar, seu irmão, sobre isso”. Em uma das fazendas de soja de Eraí Maggi, o Ministério do Trabalho libertou, neste ano, 41 pessoas mantidas em regime de escravidão.
Tanto esforço mostrou-se em vão eleitoralmente. Em outubro passado, fustigado por denúncias de corrupção e desvio de dinheiro, o prefeito Chico Mendes foi derrotado pelo notário Erival Capistrano, cuja única experiência política, até hoje, foi a de deputado estadual pelo PDT, por 120 dias, quando assumiu o cargo após ter sido eleito como suplente. “Foi a vitória do tostão contra o milhão”, repete, como um mantra, Capistrano, a fim de ilustrar a maneira heróica como derrotou, por escassos 418 votos de diferença, o poder dos Mendes em Diamantino. De fato, não foi pouca coisa.
Em Diamantino, a família Mendes se estabeleceu como dinastia política a partir do golpe de 1964, sobretudo nos anos 1970, época em que os militares definiram a região, estrategicamente, como porta de entrada para a Amazônia. O patriarca, Francisco Ferreira Mendes, passou a alternar mandatos na prefeitura com João Batista Almeida, sempre pela Arena, partido de sustentação da ditadura. Esse ciclo foi interrompido apenas em 1982, quando o advogado Darcy Capistrano, irmão de Erival, foi eleito, aos 24 anos, e manteve-se no cargo por dois mandatos, até 1988. A dobradinha Mendes-Batista Almeida só voltaria a funcionar em 1995, bem ao estilo dinástico da elite rural nacional, com a eleição, primeiro, de João Batista Almeida Filho. Depois, em 2000, de Francisco Ferreira Mendes Júnior, o Chico Mendes.
Gilmar nasceu em Diamantino em 30 de dezembro de 1955. O lugar já vivia tempos de franca decadência. Outrora favorecida pelo comércio de diamantes, ouro e borracha por mais de dois séculos, a cidade natal do atual presidente do STF se transformou, a partir de meados do século XX, num município de economia errática, pobre e sem atrativos turísticos, dependente de favores dos governos federal e estadual. Esse ambiente de desolação social, cultural e, sobretudo, política favoreceu o crescimento de uma casta coronelista menor, se comparada aos grandes chefes políticos do Nordeste ou à aristocracia paulista do café, mas ciosa dos mesmos métodos de dominação.
Antes do presidente do STF, a figura pública mais famosa do lugar, com direito a busto de bronze na praça central da cidade, para onde os diamantinenses costumam ir para fugir do calor sufocante do lugar, era o almirante João Batista das Neves. Ele foi assassinado durante a Revolta da Chibata, em 1910, por marinheiros revoltosos, motivados pelos maus-tratos que recebiam de oficiais da elite branca da Marinha, entre eles, o memorável cidadão diamantinense.
Na primeira campanha eleitoral de Chico Mendes, em 2000, o então advogado-geral da União, Gilmar Mendes, conseguiu levar ministros do governo Fernando Henrique Cardoso para Diamantino, a fim de dar fôlego à campanha do irmão. Um deles, Eliseu Padilha, ministro dos Transportes, voltou à cidade, em agosto de 2001, ao lado de Mendes, para iniciar as obras de um trecho da BR-364. Presente ao ato, prestigiado como sempre, estava o irmão Chico Mendes. No mesmo mês, um dos principais assessores de Padilha, Marco Antônio Tozzati, acusado de fazer parte de uma quadrilha de fraudadores que atuava dentro do Ministério dos Transportes, juntou-se a Gilmar Mendes para fundar a Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino, a Uned.
O ministro Mendes, revelou CartaCapital na edição 516 (leia o post Gilmar: às favas a ética), é acionista de outra escola, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que obteve contratos sem licitação com órgãos públicos e empréstimos camaradas de agências de fomento. Não é de hoje, portanto, que o ensino, os negócios e a influência política misturam-se oportunamente na vida do presidente do Supremo.
No caso da Uned, o irmão-prefeito bem que deu uma mãozinha ao negócio do irmão. Em 1º de abril de 2002, Chico Mendes sancionou uma lei que autorizava a prefeitura de Diamantino a reverter o dinheiro recolhido pela Uned em diversos tributos, entre os quais o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços (ISS) e sobre alvarás, em descontos nas mensalidades de funcionários e “estudantes carentes”. Dessa forma, o prefeito, responsável constitucionalmente por incrementar o ensino infantil e fundamental, mostrou-se estranhamente interessado em colocar gente no ensino superior da faculdade do irmão-ministro do STF.
Em novembro de 2003, o jornalista Márcio Mendes, do jornal O Divisor, de Diamantino, entrou com uma representação no Ministério Público Estadual de Mato Grosso, para obrigar o prefeito a demonstrar, publicamente, que funcionários e “estudantes carentes” foram beneficiados com a bolsa de estudos da Uned, baseada na renúncia fiscal – aliás, proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal – autorizada pela Câmara de Vereadores. Jamais obteve resposta. O processo nunca foi adiante, como, de praxe, a maioria das ações contra Chico Mendes. Atualmente, Gilmar Mendes está afastado da direção da Uned. É representado pela irmã, Maria Conceição Mendes França, integrante do conselho diretor e diretora-administrativa e financeira da instituição.
O futuro prefeito, Erival Capistrano, estranha que nenhum processo contra Chico Mendes tenha saído da estaca zero e atribui o fato à influência do presidente do STF. Segundo Capistrano, foram impetradas ao menos 30 ações contra o irmão do ministro, mas quase nada consegue chegar às instâncias iniciais sem ser, irremediavelmente, arquivado. Em 2002, a Procuradoria do TCE mato-grossense detectou 38 irregularidades nas contas da prefeitura de Diamantino, entre elas a criação de 613 cargos de confiança. A cidade tem 19 mil habitantes. O Ministério Público descobriu, ainda, que Chico Mendes havia contratado quatro parentes, inclusive a mulher, Jaqueline Aparecida, para o cargo de secretária de Promoção Social, Esporte e Lazer.
No mesmo ano de 2002, o vereador Juviano Lincoln (ele mesmo, o candidato da família) fez aprovar uma lei municipal, sancionada por Chico Mendes, para dar o nome de “Ministro Gilmar Ferreira Mendes” à avenida do aeródromo de Diamantino. Dois cidadãos diamantinenses, o advogado Lauro Pinto de Sá Barreto e o jornalista Lúcio Barboza dos Santos, levaram o caso ao Senado Federal. À época, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não aceitou a denúncia. No Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a acusação contra a avenida Ministro Gilmar Mendes também não deu resultados e foi arquivada, no ano passado.
A lentidão da polícia e da Justiça na região, inclusive em casos criminais, acaba tendo o efeito de abrir caminho a várias suspeitas e deixar qualquer um na posição de ser acusado – ou de ver o assunto explorado politicamente.
Em 14 de setembro de 2000, na reta final da campanha eleitoral, a estudante Andréa Paula Pedroso Wonsoski foi à delegacia da cidade para fazer um boletim de ocorrência. Ao delegado Aldo Silva da Costa, Andréa contou, assustada, ter sido repreendida pelo então candidato do PPS, Chico Mendes, sob a acusação de tê-lo traído ao supostamente denunciar uma troca de cestas básicas por votos, ao vivo, em uma emissora de rádio da cidade. A jovem, de apenas 19 anos, trabalhava como cabo eleitoral do candidato, ao lado de uma irmã, Ana Paula Wonsoski, de 24 – esta, sim, responsável pela denúncia.
Ao tentar explicar o mal-entendido a Chico Mendes, em um comício realizado um dia antes, 13 de setembro, conforme o registro policial, alegou ter sido abordada por gente do grupo do candidato e avisada: “Tome cuidado”. Em 17 de outubro do mesmo ano, 32 dias depois de ter feito o BO, Andréa Wonsoski resolveu participar de um protesto político.
Ela e mais um grupo de estudantes foram para a frente do Fórum de Diamantino manifestar contra o abuso de poder econômico nas eleições municipais. A passeata prevista acabou por não ocorrer e Andréa, então, avisou a uma amiga, Silvana de Pino, de 23 anos, que iria tentar pegar uma carona para voltar para casa, por volta das 19 horas. Naquela noite, a estudante desapareceu e nunca mais foi vista. Três anos depois, em outubro de 2003, uma ossada foi encontrada por três trabalhadores rurais, enterrada às margens de uma avenida, a 5 quilômetros do centro da cidade. Era Andréa Wonsoski.
A polícia mato-grossense jamais solucionou o caso, ainda arquivado na Vara Especial Criminal de Diamantino. Mesmo a análise de DNA da ossada, requerida diversas vezes pela mãe de Andréa, Nilza Wonsoski, demorou outros dois anos para ficar pronta, em 1º de agosto de 2005. De acordo com os três peritos que assinam o laudo, a estudante foi executada com um tiro na nuca. Na hora em que foi morta, estava nua (as roupas foram encontradas queimadas, separadas da ossada), provavelmente por ter sido estuprada antes.

Chamado a depor pelo delegado Aldo da Costa, o prefeito Chico Mendes declarou ter sido puxado pelo braço “por uma moça desconhecida”. Segundo ele, ela queria, de fato, se explicar sobre as acusações feitas no rádio, durante o horário eleitoral de outro candidato. Mendes alegou não ter levado o assunto a sério e ter dito a Andréa Wonsoski que deixaria o caso por conta da assessoria jurídica da campanha.

CartaCapital tentou entrar em contato com o ministro Gilmar Mendes, mas o assessor de imprensa, Renato Parente, informou que o presidente do STF estava em viagem oficial à Alemanha. Segundo Parente, apesar de todas as evidências, inclusive fotográficas, a participação de Mendes no processo de implantação do Bertin em Diamantino foi “zero”. Parente informou, ainda, que a participação do ministro nas campanhas do irmão, quando titular da AGU, foram absolutamente legais, haja vista ser Mendes, na ocasião, um “ministro político” do governo FHC. O assessor não comentou sobre os benefícios fiscais concedidos pelo irmão à universidade do ministro.
A reportagem da Carta também procurou o prefeito Chico Mendes. O chefe de gabinete, Nélson Barros, prometeu contatar o prefeito e, em seguida, viabilizar uma entrevista, o que não aconteceu.

Mais uma vez a Veja pauta vida política nacional em associação com mídia corporativa. Até quando?

No último final de semana repetiu-se o modus operandi da verdadeira oposição aos governos populares Lula e Dilma: a mídia corporativa, a partir de uma reportagem de Veja, articulou mais um ataque ao governo, seguindo orientação que foi explicitada pela presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Judith Brito, que é diretora-superintendente da Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha:


Na situação atual, em que os partidos de oposição estão muito fracos, cabe a nós dos jornais exercer o papel dos partidos. Por isso estamos fazendo [isso]

Não importou que a matéria da revista, que afirma que o ministro do STF Gilmar Mendes teria sido pressionado por Lula a adiar o julgamento do chamado mensalão, numa reunião na sala do ex-ministro Nelson Jobim, tenha sido categoricamente desmentida por dois dos presentes (Lula e Jobim).

Seguindo estratégia explicitada pela presidente da ANJ, Folha e Estadão - com seu público restrito - e especialmente as Organizações Globo (O poder das Organizações Globo é um risco para a democracia no Brasil) mudaram a agenda política do país, desviando o foco da CPMI do Cachoeira para o tal encontro entre Lula, Jobim e Mendes.

Se a reporcagem de Veja sobre o tal encontro foi desmentida por dois dos três participantes, e depois até pelo terceiro - o ministro Mendes - que, numa entrevista à Globo, disse que Lula não lhe pediu nem ofereceu nada, tudo ele teria apenas "inferido" das palavras do presidente, por que então durante cinco dias o tal encontro pautou a vida política do país?

Por que o depoimento cínico, até debochado, do ainda senador Demócrita (hipócrita Demóstenes) Torres, parodiando o ex-presidente FHC que teria dito "esqueçam o que disse", enquanto Demócrita disse que nem tudo que se fala se faz - por que o depoimento ficou sem segundo plano, atrás das bravatas de Gilmar Mendes que pensa que fala com o Brasil como se estivesse com seus capangas (como denunciou certa vez o também ministro do STF Joaquim Barbosa, num aparte antológico que reproduzo a seguir)?



O Brasil quer saber é do esquema Cachoeira, que a CPMI investigue a fundo todo o funcionamento da quadrilha, que envolve políticos, empresários e jornalistas.

Por falar nisso, cadê as gravações do Policarpo com a quadrilha do Cachoeira?

Liberdades iradas


Na sua exaltação, o ministro Gilmar Mendes ainda não reparou que tem municiado quem queira atacá-lo
O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.
Nem o próprio Supremo é poupado no ataque atual de Gilmar Mendes, que assim o define em entrevista ao "Globo": "Já é um Poder em caráter descendente". Não há por que duvidar desse sentimento particular de Gilmar Mendes, mas também não há como atribuir a tal afirmação, feita de público e plena gratuidade, um qualquer propósito respeitável.
Ali demolidor, pelo método da implosão, é também deste ministro, no mesmo dia, porém à Folha, a atribuição deste motivo para o que diz ter ouvido de Lula: "Dizer que o Judiciário está envolvido numa rede de corrupção", para "melar o julgamento do mensalão".
A afirmação sobre o Supremo, com provável sinceridade; a outra, uma ficção sem sequer um indício em seu favor. Lula, o PT e os réus do mensalão nada ganhariam com uma investida contra o Judiciário. Sabem disso na mesma proporção em que a imaginação ficcionista não sabe.
Na sua exaltação, o ministro Gilmar Mendes ainda não reparou que tem municiado quem queira atacá-lo. Já deu, por exemplo, três versões para o custeio da viagem em que se encontrou, na Europa, com Demóstenes Torres. A tal viagem das suas sensibilidades tocadas pelo que "pareceram insinuações" de Lula.
Na primeira referência feita (estão todas impressas e gravadas), disse haver respondido a Lula que viajou "com recursos próprios". Na segunda, fez viagem oficial, custeada pelo Supremo, para um evento na Espanha, e dali à Alemanha pagou ele mesmo. Na terceira (ainda na entrevista ao "Globo"): "Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF".
Afinal, não se sabe como a viagem foi paga nem isso está em questão. Mas é compreensível que estivesse em boatos. Como amanhã pode estar a história de que Lula planejava denunciar o Judiciário como uma rede de corrupção. Por haver boato sobre a viagem, e indagar a respeito, é "gangsterismo, molecagem, banditismo, a gente está lidando com gângsteres", como disse Gilmar Mendes? Não, não disse: vociferou, iradíssimo.
Com base em que fatos um ministro do Supremo Tribunal Federal faz a acusação pública de que Lula - no caso, importa sobretudo serem um ex-presidente da República e um magistrado - é "a central de divulgação" dos boatos infamantes? Acusação de tal ordem não precisa nem indícios, é só emiti-la?
O Congresso foi poupado da reação de Gilmar Mendes graças à falta, na inquirição de Demóstenes Torres, de uma pergunta que, normalmente, não faltaria. Logo no primeiro lote de telefonemas gravados de Carlos Cachoeira, apareceu o pedido do senador de que o contraventor pagasse os R$ 3.000 de um táxi aéreo. Gilmar Mendes, negando ter usado avião de Carlos Cachoeira, disse que foi a Goiás convidado por Demóstenes Torres, para um jantar. Foi "de táxi aéreo".
Ninguém perguntou a Demóstenes que voo seria pago por Cachoeira. Ninguém perguntou se Gilmar Mendes e outros ministros estavam no voo dos R$ 3.000. Nada demais se estivessem, nem poderiam saber quem viria a pagar pelo voo. Apesar disso, a encrenca resultante já estaria engatilhada, com a imagem institucional do Supremo a aguentar suas manifestações.
Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função.
Janio de Freitas
No Esquerdopata

Gilmar Mendes, um político de oposição no STF

Do Viomundo - publicado em 31 de maio de 2012 às 13:57
por Elói Pietá, no blog do Marcelo Souza
A polêmica suscitada pelo ministro do Supremo, Gilmar Mendes, a respeito de recente encontro seu com o ex-presidente Lula, merece algumas considerações sobre os juízes e a política.
Os juízes têm muito poder, assim como os governantes e os parlamentares. E têm ideologia. Às vezes são mais elitistas, às vezes mais igualitários. Nos processos e nas sentenças eles expressam mais a técnica jurídica ou mais as suas convicções. Sempre haverá a presença dos dois.
Como tantos fatos demonstram, Gilmar Mendes é um magistrado tecnicamente preparado, mas profundamente político. Escolhido no governo do PSDB, seu lado sempre demonstrou ser de oposição ideológica ao PT.
Entre as muitas relações políticas que cultivou na oposição, uma agora lhe é incômoda: Demóstenes Torres. Compartilhavam eventos familiares. Viajavam juntos no exterior. Juntos protagonizaram o anúncio de um suposto grampo telefônico, nunca comprovado, que levou à demissão de um por eles indesejado diretor da ABIN. Juntos tiveram na revista Veja seu prioritário canal de expressão midiática. Juntos se enganaram quanto aos amigos: Demóstenes diz que achava Cachoeira não mais agir na ilegalidade; Gilmar diz que achava Demóstenes uma pessoa diferente da que agora foi revelada.
Na versão da polêmica atual a respeito de seu diálogo com Lula, são dois contra um. O ex-presidente e o ex-ministro do Supremo, Nelson Jobim, negam a afirmação de Gilmar Mendes de que Lula sugeriu adiar pra depois das eleições o julgamento do chamado mensalão.
E, se Lula realmente quisesse dizer isso, qual o problema? Gilmar em nada dependeu ou depende de Lula. É ministro vitalício. Tem posições fortes. Lula, como principal liderança do PT, teria todo direito de dizer ao ministro que fazer este julgamento antes das eleições é usar o processo como arma eleitoral.
Expor um ponto de vista jamais tira a liberdade do julgador. É do cotidiano no Judiciário. É da natureza de qualquer instituição de poder receber pressões sociais nesta ou naquela direção. Vide a intensa pressão para o STF fazer este julgamento antes das eleições. A oposição nacional, em todos os seus matizes partidários e midiáticos, quer o julgamento agora. Para influenciar a seu favor o resultado eleitoral. Ao PT, obviamente, interessa o julgamento após outubro.
O problema então estaria em supostas insinuações de Lula de que o ministro poderia ser alvo na CPI de Cachoeira. Fato mais uma vez negado. Dois contra um.
O ministro Mendes, conforme ele mesmo diz, relatou de imediato suas impressões da conversa a Agripino Maia, presidente do DEM. Evidencia-se que buscou guarida e conselhos no jogo político, que ele também joga. Tanto que foi compartilhá-la com um dos principais líderes da oposição, e não com seus colegas do Supremo. Quando resolveu, calculadamente, jogá-la a público, um mês depois, pelo canal oposicionista da Veja, certamente buscou tirar algum proveito político contra o PT ou para blindar preventivamente a si mesmo.
O ministro Gilmar Mendes afirmou que as pressões do PT para adiar o julgamento do mensalão seguem uma lógica burra, irresponsável, imbecil. Ao reverso dá para entender que, para ele, as pressões da oposição, em que milita, seguiriam uma lógica inteligente, responsável, esperta.
Na política, Gilmar Mendes tem lado. No Supremo, se inspira neste lado.
Elói Pietá é secretário geral nacional do PT
Leia também:
Serra participou da armação Veja-Gilmar
Embaixador da Venezuela repudia declarações de Mendes

Impeachment para Gilmar Mendes


O Conversa Afiada reproduz post de Celso Lungaretti (*) no blog Náufrago da Utopia:

IMPEACHMENT PARA GILMAR MENDES


“Admito que o ex-presidente pudesse estar preocupado com a realização do julgamento no mesmo semestre das eleições. Isso aí é aceitável. Primeiro, porque é um leigo na área do Direito. Segundo, porque integra o PT. Portanto, se o processo envolve pessoas ligadas ao PT, obviamente, se ocorrer uma condenação, repercutirá nas eleições municipais.”


A avaliação, simples mas correta, foi do ministro Marco Aurélio Mello, que sempre considerei o mais lúcido dos integrantes do Supremo Tribunal Federal.


Sim, é da natureza humana tentarmos convencer juízes a tomarem as decisões que nos convêm. O destrambelhado Gilmar Mendes só teria motivos para fazer a tempestade em copo d’água que fez:


– se Lula o tivesse procurado para tentar influir na sentença do processo do mensalão;

– se Lula lhe houvesse oferecido alguma forma de recompensa ou feito alguma ameaça, para tangê-lo a aceitar a postergação do julgamento para depois das eleições municipais.


Ora, nem em suas declarações mais furibundas à imprensa Mendes ousou acusar Lula de estar pressionando pela absolvição dos réus.


E, mesmo se acreditarmos na versão que Mendes deu do encontro e ninguém confirmou, a referência de Lula a (mais) uma ligação perigosa do seu interlocutor é insuficiente para caracterizar uma ameaça. Lula não disse nada parecido com “a militância do PT trombeteará dia e noite que é o Carlinhos Cachoeira quem custeia vossas viagens”, mas, apenas, sugerido que convinha ao próprio Mendes deixar esses assuntos melindrosos para mais tarde.


É inadequado alguém falar nestes termos a um ministro do Supremo? Sem dúvida! Mas, o que Mendes esperava, ao aceitar um encontro a portas fechadas com Lula sem ter nada de pertinente a tratar com ele?


Se Mendes é tão sensível a hipotéticas insinuações, certamente não as ouvirá atendo-se à liturgia do cargo.


Como explica Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da FGV/RJ:


“…no STF há hoje dois perfis distintos. De um lado ministros mais discretos, que não se pronunciam, exceto nas audiências, e que mantêm distância de Executivo, Legislativo e representantes de interesses em julgamento. Vida pessoal recatada.


Por outro lado há ministros que se pronunciam fora dos autos, estão diariamente na mídia, mantêm contatos políticos, participam de seminários e reuniões com grupos de interesse.


A questão crucial, dizem uns, não é se o ministro deve falar fora dos julgamentos, estar na mídia ou se relacionar social e politicamente. A questão é haver transparência antes, durante e depois dos relacionamentos. E que não faça política. As agendas, os encontros, as atividades dos ministros deveriam ser publicados de antemão.


Em alguns países o juiz não recebe uma parte sem a presença da outra, tão grande é a preocupação com a imparcialidade. O que alguns ministros praticam aqui no STF. Ou grava-se a conversa para assegurar a fidelidade do que ocorreu e proteger o ministro de propostas inadequadas”.


Mendes é o pior exemplo de ministro pop star: pronuncia-se o tempo todo fora dos autos, só falta pendurar uma melancia no pescoço para aparecer mais na mídia, mantém contatos políticos a torto e direito, não recusa convites para eventos de poderosos que têm óbvio interesse em decisões do STF.


Pior, FAZ POLÍTICA (e sempre com viés direitista) –como quando produziu irresponsável alarmismo acerca de um estado policial que nem remotamente se configurava, ou quando contrapôs à frase da então ministra Dilma Rousseff, de que “tortura é crime imprescritível”, a estapafúrdia afirmação de que “terrorismo também é” (esquecendo não só a diferença jurídica entre terrorismo e resistência à tirania, como também o fato de que a imprescritibilidade do terrorismo só viria a ser introduzida nas leis brasileiras depois dos anos de chumbo).


E nunca tem gravações para apresentar, que comprovassem suas denúncias delirantes e bombásticas.


O veterano jornalista Jânio de Freitas (vide íntegra aqui) nos brinda com uma constatação explícita e uma sugestão implícita:


“O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.


…Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função”.


Eu não insinuo, afirmo: já passou da hora de Gilmar Mendes ser submetido a impeachment.


Menos pela comédia de pastelão que está encenando agora e mais por haver, em duas diferentes ocasiões, privado da liberdade Cesare Battisti em função não das leis e da jurisprudência existentes, mas da esperança que nutria de as alterar.


Quando o ministro da Justiça Tarso Genro concedeu refúgio ao escritor italiano, cabia ao presidente do STF suspender o processo de extradição e colocá-lo em liberdade, como sempre se fizera. Mas decidiu mantê-lo preso, confiante em que convenceria seus colegas ministros a detonarem a lei e a instituição do refúgio, passando por cima do Legislativo e usurpando prerrogativa do Executivo. Conseguiu.


Da segunda vez, quando o então presidente Lula negou a extradição, exatamente como o Supremo o autorizara a fazer, o relator Mendes e o presidente Cezar Peluso apostaram de novo numa virada de mesa legal… E PERDERAM!


O desfecho do caso os tornou responsáveis pelo SEQUESTRO de Battisti durante os cinco meses seguintes –e nada existe de mais grave para um magistrado do que dispor tendenciosamente da liberdade alheia, cometendo abuso gritante de autoridade.


Se Mendes sofrer o impeachment agora, Deus estará escrevendo certo por linhas tortas.

* Celso Lungaretti . Jornalista, escritor, ex-preso polítio.
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

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Clique aqui para ver o que o Dr Piovesan pensa do assunto.
O Memorial ao STF para cassar Gilmar

RONALDINHO GAÚCHO NÃO É MAIS JOGADOR DO FLAMENGO

CONTRATO É RESCINDIDO E ADVOGADO DO ATLETA DIZ QUE O CLUBE DEVE R$ 40 MILHÕES AO EX R10 DA GÁVEA.


MUITO DINHEIRO - POUCO FUTEBOL - MUITA POLÊMICA - 

Ronaldinho Gaúcho não é mais jogador do Flamengo, ele obteve da Justiça do Trabalho no Rio de Janeiro uma Liminar que o deixa livre do contrato com o clube rubro-negro da Gávea. A advogada de Ronaldinho Gaúcho protocolou a sentença Judicial na CBF e disse que o jogador tem uma quantia milionária para receber. Especula-se algo em torno de R$ 40 MILHÕES.

O Flamengo não vinha pagando com regularidade o salário e os direitos trabalhistas de Ronaldinho, abrindo assim a brecha jurídica para que ele obtivesse de forma unilateral o rompimento do contrato.

Segundo os dirigentes do Flamengo, todos, inclusive a presidente Patrícia Amorim, atordoados com a notícia, o caso fica agora nas mãos do Departamento Jurídico do Clube, mas, de pronto o valor de R$ 40 Milhões foi contestado. Patrícia Amorim reclamou ainda da "forma" como Ronaldinho, E seu irmão e empresário agiram.

O R10 deixa a Gávea após 16 meses de pouco futebol dentro de campo e muita polêmica fora dele. É mais um que vai "morrer", recebendo o que o Flamengo lhe deve em "suaves prestações" de alguns MILHARES DE REAIS por mês, como acontece com Romário, Petckovic e outros. 

Uma após outra, as Diretorias do Flamengo se mostram incompetentes e altamente nocivas ao Patrimônio do Clube. De certo que não é só o Flamengo que é mau administrado, o que pode ser comprovado pelo tamanho trilhonário das dívidas somadas de vários clubes brasileiros.
 
Patrícia Amorim certamente vai sentir o golpe, e não deve ser reeleita, nem como vereadora e nem como Presidente do Flamengo, salvo se, com a saída de Ronaldinho, o time começar a jogar bola e Joel Santana assumir de fato a função de treinador.

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Também do 007BONDeblog.

REVISTA VEJA E JOSÉ SERRA - É NAMORO OU AMIZADE ?

CABEÇÃO DE VENTO ATACA MÔNICA BÉRGAMO

Buliu com o Serra ? Azevedo roda a baiana

Meus leitores já sabem que eu não leio a revisteca, sabem que não permito reprodução de frases, parte ou todo de textos escritos pelo "INTERNETOPATA" portador da "Síndrome Midiopática vulgaris", que prolifera entre os detritos de baixa densidade da nossa imprensa, chamado Reinaldo Azevedo, conhecido também pelo apelido de 'cabeção de vento'.

Mas hoje, abrindo uma exceção, eu vou reproduzir aqui uma frase que me foi enviada por e-mail, e link, que segundo me informaram (confirmado) faz parte do texto de uma postagem do referido blogueiro, em que ele ataca a colunista da Folha, Mônica Bérgamo.

Mônica Bérgamo escreveu em sua coluna de hoje, que José Serra pediu a Nelson Jobim que atendesse a Revista Veja e lhe concedesse uma entrevista. Mônica teve a "coragem" ainda de afirmar que Jobim desconfiou de "armação" e escaldado, saiu pela tangente.

A frase do indignado (a moda do Gilmar está fazendo escola) R. A., lá pelas tantas diz o seguinte:

"De resto, ainda que Serra tivesse telefonado para Jobim e dito: “Pô Jobim, atende a VEJA”, isso quereria dizer exatamente o quê? Nada! 

Nada ? Então a revisteca tem com o eterno Candidato Tucano José Serra uma relação assim tão 'estreita', que pede a sua interferência para obter entrevistas ? Pede a sua interferência, lhe adianta teor de matérias que, por causarem algum tipo de problema para os opositores de Serra, lhe são politicamente "interessantes", e isso não "QUERERIA" dizer NADA ?

Então um veículo da nossa imprensa, pode ter "armado" para cima de um ex-presidente do STF, e pedido o apoio de José Serra nessa armação, e isso não "QUERERIA" dizer nada ?

VEJA e SERRA são "sócios" nas matérias que a REVISTECA publica ? Veja e Serra parecem ter uma parceria, uma proximidade que extrapola os limites entre imprensa e político, e se mostra partidária, "carnal" e deixa no ar uma forte suspeita de conluio para que a revisteca publique o que interessa a oposição. 

É essa revisteca e esse blogueiro destemperado, sem educação, sem coerência, sem credibilidade e sem vergonha de ser tão parcial, que pregam "independência" e "isenção" ?

Prezados leitores, com todo o respeito e toda a consideração que lhes tenho, por favor, não me peçam para ver / ler o internetopata e a casa de loucos, sanatório jornalístico da qual faz parte.

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Do 007BONDeblog.

José Serra não tem escrúpulo

José Serra não tem o menor escrúpulo.Na eleição passada, o meliante do Zé Chirico Serra  ligou para Gilmar Mentes com o fim de paralisar o processo da representação do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar. A manobra foi logo descoberta e até hoje Sera não quis se explicar.Mendes, como um bom tucano, atendeu e paralisou a sessão para falar com Zé Bolinha.Já dia desses, José Serra ligou para o ex-ministro Nelson Jobim para pedir a ele que falasse com a revista “Veja”.Foi só então daí que Jobim soube da reportagem sobre Lula e o ministro Gilmar Mendes. Como se vê, Serra não só usou os serviços sujos de Gilmar Mentes para derrotar o PT e Dilma, Serra também  usou os serviços sujos da Veja. Depois vem esse vagabundo safado, corrupto(no dizer de seu ex-amigo Fávio Flores) dizer que Lula interferiu no Supremo Tribunal Federal.Que moral tem esse filho da puta, privateiro para dizer uma coisa dessas?Agora, convenhamos, muito mais safado que Serra é o cabeção Reinaldo Azevedo.Esse sujeito-que vive dizendo que não defende bandido- é tão sem ética que,  no afã  de defender José Serra, critica uma colega de profissão, como criticou a jornalista Mônica Bérgamo, da Folha, que publicou a matéria.Reinaldo Azevedo diz textualmente que a mencionada jornalista está do lado de Lula só porque é amiga de José Dirceu e ex-namorada de seu advogado, José Luís de Oliveira Lima.Veja a que ponto chegou esse brandidão.Mais:muito mais safado que Reinaldo Cabeção Azevedo é a ombusdman da Folha de São Paulo que, para não ser também acusada de jornalista chapa-branca, sequer tem coragem de defender a sua colega de redação.Sinceramente, não dá mais para Dilma adiar a regulamentação da mídia.Digo sem medo de errar, o PiG já não é mais o quarto poder, o PiG agora é o primeiro.

Uma opinião sensata no PiG: BERLIM Os filhs da p....

Uma opinião sensata no PiG

"O excesso de raiva e a aparente perda de controle em Gilmar Mendes talvez expliquem, mas não tornam aceitável, que um ministro do Supremo Tribunal Federal faça, para a opinião pública, afirmações tão descabidas.


Nem o próprio Supremo é poupado no ataque atual de Gilmar Mendes, que assim o define em entrevista ao "Globo": "Já é um Poder em caráter descendente". Não há por que duvidar desse sentimento particular de Gilmar Mendes, mas também não há como atribuir a tal afirmação, feita de público e plena gratuidade, um qualquer propósito respeitável.

 Ali demolidor, pelo método da implosão, é também deste ministro, no mesmo dia, porém à Folha, a atribuição deste motivo para o que diz ter ouvido de Lula: "Dizer que o Judiciário está envolvido numa rede de corrupção", para "melar o julgamento do mensalão".

 A afirmação sobre o Supremo, com provável sinceridade; a outra, uma ficção sem sequer um indício em seu favor. Lula, o PT e os réus do mensalão nada ganhariam com uma investida contra o Judiciário. Sabem disso na mesma proporção em que a imaginação ficcionista não sabe.


Na sua exaltação, o ministro Gilmar Mendes ainda não reparou que tem municiado quem queira atacá-lo. Já deu, por exemplo, três versões para o custeio da viagem em que se encontrou, na Europa, com Demóstenes Torres. A tal viagem das suas sensibilidades tocadas pelo que "pareceram insinuações" de Lula.

 Na primeira referência feita (estão todas impressas e gravadas), disse haver respondido a Lula que viajou "com recursos próprios". Na segunda, fez viagem oficial, custeada pelo Supremo, para um evento na Espanha, e dali à Alemanha pagou ele mesmo. Na terceira (ainda na entrevista ao "Globo"): "Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF".


Afinal, não se sabe como a viagem foi paga nem isso está em questão. Mas é compreensível que estivesse em boatos. Como amanhã pode estar a história de que Lula planejava denunciar o Judiciário como uma rede de corrupção. Por haver boato sobre a viagem, e indagar a respeito, é "gangsterismo, molecagem, banditismo, a gente está lidando com gângsteres", como disse Gilmar Mendes? Não, não disse: vociferou, iradíssimo.

 Com base em que fatos um ministro do Supremo Tribunal Federal faz a acusação pública de que Lula -no caso, importa sobretudo serem um ex-presidente da República e um magistrado- é "a central de divulgação" dos boatos infamantes? Acusação de tal ordem não precisa nem indícios, é só emiti-la?

O Congresso foi poupado da reação de Gilmar Mendes graças à falta, na inquirição de Demóstenes Torres, de uma pergunta que, normalmente, não faltaria. Logo no primeiro lote de telefonemas gravados de Carlos Cachoeira, apareceu o pedido do senador de que o contraventor pagasse os R$ 3.000 de um táxi aéreo. Gilmar Mendes, negando ter usado avião de Carlos Cachoeira, disse que foi a Goiás convidado por Demóstenes Torres, para um jantar. Foi "de táxi aéreo".


Ninguém perguntou a Demóstenes que voo seria pago por Cachoeira. Ninguém perguntou se Gilmar Mendes e outros ministros estavam no voo dos R$ 3.000. Nada demais se estivessem, nem poderiam saber quem viria a pagar pelo voo. Apesar disso, a encrenca resultante já estaria engatilhada, com a imagem institucional do Supremo a aguentar suas manifestações.


Com muita constância, somos chamados a discutir o decoro parlamentar. Não são apenas os congressistas, no entanto, os obrigados a preservar o decoro da função." Janio de Freitas

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Também do Blog O TERROR DO NORDESTE.