sábado, 31 de maio de 2014

O LEGADO DA COPA DO MUNDO NO BRASIL - EM VÍDEO !


VAI TER COPA !
Uma parte das OBRAS - AEROPORTOS - ESTÁDIOS - MOBILIDADE URBANA E PORTOS NAS CIDADES SEDE.

TEM MUITO MAIS POR VIR !

AÉCIO GANHA ESTÁTUA DE BRONZE NO LEBLON

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Lambido de algum lugar do Facebook, provavelmente aqui

Lula ganhou estátua de bronze ao lado da Casa Branca nos Estados Unidos. A peça faz parte da exposição de artista chinês Yuan Xikun em homenagem aos homens das Américas.

Tomados pela inveja, os tucanos decidiram criar uma estátua de bronze para homenagear o pré-candidato à presidência do partido deles.



O Sombrio Jogo de Joaquim Barbosa para proteger seus aliados e a Globo

 
 
 
 
 
 
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Barbosa protagonizou falso moralismo que comprometeu o Conselho Nacional de Justiça

Do Blog do Nassif

O anúncio da aposentadoria do Ministro Joaquim Barbosa livra o sistema judicial de uma das duas piores manchas da sua história moderna.

O pedido de aposentadoria surge no momento em que Barbosa se queima com os principais atores jurídicos do país, devido à sua posição no caso do regime semi-aberto dos condenados da AP 470. E quando expõe o próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a manobras pouco republicanas. E também no dia em que é anunciada uma megamanifestação contra seu estilo ditatorial na frente do STF.
A gota d’água parece ter sido a PEC 63 – que dispõe sobre o aumento do teto salarial da magistratura.
Já havia entendimento no STF que corregedor não poderia substituir presidente do CNJ na sua ausência. Não caso da PEC 63 – que aumenta o teto dos magistrados – Barbosa retirou-se estrategicamente da sessão e colocou o corregedor Francisco Falcão na presidência. Não apenas isso: assumiu publicamente a defesa da PEC e enviou nota ao Senado argumentando que a medida seria “uma forma de garantir a permanência e estimular o crescimento profissional na carreira” (http://tinyurl.com/mf2t6jl).
O Estadão foi o primeiro a dar a notícia, no dia 21. À noite, Barbosa procurou outros veículos desmentindo a autoria da nota enviada ao Senado ou o aval à proposta do CNJ (http://tinyurl.com/m5ueezb).
Ontem, o site do CNJ publicou uma nota de Barbosa, eximindo-se da responsabilidade sobre a PEC.
O ministro ressalta que não participou da redação do documento, não estava presente na 187ª Sessão Ordinária do CNJ no momento da aprovação da nota técnica, tampouco assinou ofício de encaminhamento do material ao Congresso Nacional.

A manipulação política do CNJ

Não colou a tentativa de Barbosa de tirar o corpo do episódio. É conhecido no CNJ – e no meio jurídico de Brasília – a parceria estreita entre ele e o corregedor Francisco Falcão.
É apenas o último capítulo de um jogo político que vem comprometendo a imagem e os ventos de esperança trazidos pelo CNJ.
Para evitar surpresas como ocorreu no STF – no curto período em que Ricardo Lewandowski assumiu interinamente a presidência -, Barbosa montou aliança com Falcão. Em sua ausência, era Falcão quem assumia a presidência do órgão, embora a Constituição fosse clara que, na ausência do presidente do CNJ (e do STF) o cargo deveria ser ocupado pelo vice-presidente – no caso Ricardo Lewandowski.
Muitas das sessões presididas por Falcão, aliás, poderão ser anuladas.
Com o tempo, um terceiro elemento veio se somar ao grupo, o conselheiro Gilberto Valente, promotor do Pará indicado para o cargo pelo ex-Procurador Geral da República Roberto Gurgel.
Com o controle da máquina do CNJ, da presidência e da corregedoria, ocorreram vários abusos contra desafetos. Os presos da AP 470 não foram os únicos a experimentar o espírito de vingança de Barbosa.
Felix Fischer
Por exemplo, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer é desafeto de Falcão e se candidatará ao cargo de Corregdor Geral quando este assumir a presidência do STJ. De repente, Fischer é alvejado por uma denúncia anônima feita diretamente a Joaquim Barbosa, de suposto uso de passagens aéreas para levar a esposa em viagens internacionais. O caso torna-se um escândalo público e o conselheiro Gilberto Martins é incumbido de investigar, na condição de corregedor interino (http://tinyurl.com/qg6cjx3) .
Passa a exigir, então, o detalhamento de todas as viagens oferecidas pelo STJ a ministros, mulheres de ministros e assessores (http://tinyurl.com/l6ezw3k). A investigação é arquivada por falta de fundamentos mas, àquela altura, o nome de Fischer já estava lançado na lista de escândalos.
A contrapartida de Falcão foi abrir uma série de sindicâncias contra desembargadores do Pará, provavelmente adversários de Gilberto Martins.
Nesse jogo de sombras e manobras, Barbosa foi se enredando em alianças e abandonando uma a uma suas bandeiras moralizadoras.
Sua principal agenda era combater o “filhotismo”, os escritórios de advocacias formado por filhos de ministros.
Deixou de lado porque Falcão, ao mesmo tempo em que fazia nome investindo-se na função de justiceiro contra as mazelas do judiciário, tem um filho – o advogado Djaci Falcão Neto – que atua ostensivamente junto ao STJ (mesmo quando seu pai era Ministro) e junto ao CNJ (http://tinyurl.com/ku5kdl5), inclusive representando tribunais estaduais. Além de ser advogado da TelexFree, organização criminosa que conseguiu excepcional blindagem no país, a partir da falta de ação do Ministro da Justiça.
Por aí se entende a razão de Falcão ter engavetado parte do inquérito sobre o Tribunal de Justiça da Bahia que envolvia os contratos com o IDEP (Instituto Brasiliense de Direito Público), de Gilmar Mendes.
E, por essas estratégias do baixo mundo da política do Judiciário, compreende-se porque Barbosa e Falcão crucificaram o adversário Fischer, mas mantiveram engavetado processo disciplinar aberto contra o todo-poderoso comandante da magistratura fluminense, Luiz Sveiter, protegido da Rede Globo.

É o fio da história, Lula…E só você pode puxar-lhe a ponta…

30 de maio de 2014 | 21:51 Autor: Fernando Brito
cartalula
Li um trecho da entrevista que Lula deu a Mino Carta e que sai neste final de semana, antecipada pelo Paulo Henrique Amorim em seu Conversa Afiada.
Nela, o ex-presidente diz:
“O jovem hoje com 18 anos tinha 6 anos quando ganhei a primeira eleição, 14 anos quando deixei de ser presidente da República. Se ele tentar se informar pela televisão, ele é analfabeto político. Se tentar se informar pela imprensa escrita, com raríssimas exceções, ele também será um analfabeto político. A tentativa midiática é mostrar tudo pelo negativo. Agora, se nós tivermos a capacidade de dizer que certamente o pai dele viveu num mundo pior do que o dele, e se começarmos a mostrar como a mudança se deu, tenho certeza de que ele vai compreender que ainda falta muito, mas que em 12 anos, passos adiante foram dados.”
E vou me permitir ponderar sobre algo que Lula custou a admitir e o PT, a entender.
Quando Lula tornou-se um líder político e parte da esquerda, da Igreja e da intelectualidade, encantadas com aquele “operário de carne e osso”  que, milagrosamente, surgia, apoderou-se do organismo político nascido desta união que  eram “o novo”, puro, incorruptível, melhor do que todos e melhor do que tudo que até então tinha havido.
Entre as coisas de minha mãe, achei uma foto velhíssima, de 1929.
Com a dedicatória, em letra trêmula de semi-alfabetizado, de meu avô, a minha avó, com quem casaria em meses.
Ele está de roupas de trabalho, velhas e pintalgadas de sua faina, a de pintar paredes. E com o chapeuzinho de jornal que, antes dos bonés, os pintores faziam para que não terminassem com o cabelo colorido.
Curioso, não é? Naqueles tempos de galãs a Clark Gable – acho até que antes dele -, todos arrumadinhos e gomalinados, alguém pudesse tentar impressionar uma moça vestido daquele jeito, acho que até com as calças amarradas por um cordão.
Mas parece que deu certo, não é?
E me vieram à mente os almoços em sua casa, no IAPI de Realengo e o elogio que primeiro vinha quando um nome qualquer entrava na conversa: fulano é um sujeito trabalhador.
Não era, como hoje e  ontem  ”esperto, safo, virador”.
Trabalhador.
O mundo do consumo foi nos tirando este valor, não é?
Mas ali ele era forte.
Nem era algo “político”, porque ele não era “da política”, embora não se pudesse ali falar um “ai” de Getúlio ou de Prestes.
Mas o trabalho era subentendido como fonte do pouco que ele tinha, que já não era tão pouco como antes, quando vendia na roça galinhas amarradas pelos pés a uma vara.
Ou do que tinha minha mãe, formada professora na escola, e depois no curso normal público  em que um operário e uma costureira, com esforço, já puderam vê-la matriculada, ainda que economizando no sapato ferrado (ferrado mesmo, com metal), o malfadado “tanque colegial”.
E do que tive eu, a quem a modesta professora pode criar mesmo no então infamente “desquite”.
Um geração transmitia seus valores à seguinte e nós os burilávamos, tornávamos mais tolerantes, mais flexíveis, sem lhes tirar o núcleo perene.
A sociedade midiática atingiu em cheio as gerações após a minha – que tem hoje 50 e tantos.
Esse processo geracional de formação de consciência e identidade foi atingido por ela como quem se vê engolfado por uma onda.
A ditadura já nos havia tirado as referências  históricas e políticas e muito de nós, da esquerda, exatamente como se faz hoje com o PT, passamos a enxergar-lhes só os defeitos e os processos viciosos que se agregam a qualquer esquema de poder, como cracas que não se soltam e proliferam.
A dominação midiática  fez pior que isso, acabou com nossas referências de convívio e de relacionamento e impulsionou ao egoísmo preconceituoso e perverso em cada um de nós.
Por mais que isso seja cruel, Lula, há um sentimento de desorientação, hoje, no povo brasileiro.
Não temos referências. Não temos um arvoredo, lá na colina, a nos mostrar direção do caminho.
O bombardeio de manchetes, pesquisas, celebridades, factóides, memes, esta porcariada toda se despeja como uma tempestade turvando os olhos e a mente.
Só mesmo contando com este grande, este maravilhoso instinto dos povos.
Veja o que fizeram com a Copa, um grande evento, um momento de alegria para o Brasil, sendo apresentada como grande frustração, porque teria (por quem?) sido apresentada como remissão dos nossos pecados de séculos…
Você, Lula, é só quem sobrou ao povo brasileiro como referência, mesmo que lhe seja injusto exigir mais do que os 40 anos em que você não tem o direito de ser só o camarada boa-praça de São Bernardo.
Se não partir de você, se não for você a cara a se apresentar para a polêmica, por mais que a oposição seja incapaz e as articulações do governismo sejam fortes, essa eleição tem riscos, embora ainda se afigure a vitória das forças de esquerda.
O “pai” que tem de explicar aos filhos que o passado foi terrível e deles custou muito nos livramos é você, que é o pai desta nova classe média – que classe média , nada, Lula, apenas pobreza sem miséria! – e por quem ela tem um respeito imenso, mesmo que ande meio rebelde.
Eu sinto muito, Lula, mas você – que tanto rejeitou Getúlio nos tempos em que achava que a História tinha começado ali naqueles encontros que fundaram o PT – , você, Lula, agora é o “pai dos pobres”.
Mesmo que estes pobres agora sejam chamados “nova classe média” e usem celular.
E eles precisam que você comece a “mostrar como a mudança se deu”  para que ele passe a “compreender que ainda falta muito”
Você  é o único que tem credibilidade para falar de mudança, pela simples razão de que a fez.

Do Blog TIJOLAÇO.

O incrível tiro no pé da Ellus (ou: o jeitinho fashion de bater a carteira e gritar “pega ladrão”)

Escravos
, Diário do Centro do Mundo

"Ao fazer uma denúncia, ou algo que o valha, num desfile, a Ellus chamou atenção nacionalmente para um problema importante — num dos maiores tiros no pé em toda a história do marketing.

Na São Paulo Fashion Week, foi lido um manifesto cabeça-oca chamado “Desabafo”. Se a intenção era provar o estereótipo de que a indústria da moda é forrada de pessoas superficiais, iletradas e magras, o objetivo foi plenamente alcançado.
Um trecho:

“Brasil = ineficiência, improdutividade. Isso faz com que fiquemos isolados do mundo, acarretando esse atraso todo em relação ao mundo moderno.

É claro que os maiores responsáveis são os políticos e os governos antiquados, cartoriais, quase medievais, que com suas ideias atrasadas de protecionismo acabam por gerar atrofia.

Precisamos desburocratizar, simplificar para motivar, avançar, abrir, internacionalizar, se não, cada vez mais, ficaremos isolados nas geleiras do Polo Sul.”

(“Geleiras do Pólo Sul??”)

Não demorou e descobriu-se que a Ellus está sendo processada por uso de trabalho escravo. É espantoso que quem tenha escrito um texto falando sobre o quanto somos vagabundos não tenha levado isso em conta (quem assina é a entidade difusa “time Ellus”).

Mas o debate trouxe à tona casos envolvendo outras marcas como M.Officer, Marisa, Pernambucanas, C&A, Collins e Gregory (além da Zara, já um clássico). Recentemente, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo teve a ideia de criar um polo têxtil de trabalhadores imigrantes financiado por empresas do setor. Ficaria na região de Itaquaquecetuba ou Carapicuíba e seria mantido com o dinheiro da aplicação das multas às empresas.

“Quem cumpre rigorosamente a lei tem muito interesse em combater aquele que agride a legislação. Então, nós vamos lançar um programa envolvendo as 70 grandes marcas que estão no topo da cadeia produtiva no setor de costura, com o objetivo de isolar economicamente aqueles que exploram o trabalho escravo”, disse o procurador Luiz Fabre, do MPT, ao Terra.

E o Senado aprovou nesta semana, por unanimidade, a PEC do Trabalho Escravo, que determina a expropriação de imóveis urbanos e rurais onde seja constatada exploração de trabalho escravo ou de gente em situação análoga à escravidão.

O texto vai à promulgação pelo Congresso. Ficou 15 anos em tramitação. Sem o apoio inestimável da Ellus e de sua tática de bater a carteira e gritar “pega ladrão”, demoraria muito mais tempo.

A nova versão da camiseta

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Brasil guardou duas Copas para juro e investiu mais duas, até abril. FH vendeu a Vale por 1/2…

 

Tijolaço - 30 de maio de 2014 | 00:23 Autor: Fernando Brito 
emcopas2
 


Fernando Brito 

Se a gente considerar os gastos do Governo Federal com a Copa do Mundo – mesmo somando o que foi aplicado em obras de mobilidade urbana que tem bem pouco a ver, senão a oportunidade, com os jogos de futebol e os financiamentos do BNDES para os construtores dos estádios, que voltarão ao cofres do Banco – tem-se, segundo a Folha, R$ 13,1 bilhões

O jornal mostrou que, mesmo juntando estados e municípios e gastos privados na conta,  para chegar a R$ 25,8 bilhões, não daria para um mês dos gastos públicos com educação.

Mas alguns argumentaram que isso inclui pessoal, encargos e outros gastos de custeio, que não são, como aqueles, investimentos novos.

Muito bem.

Então fui comparar aos investimentos.

Até abril, segundo dados apresentados hoje pelo Tesouro Nacional, os programas de investimento federais desembolsaram, desde janeiro, R$ 27,4 bilhões, com destaque para o PAC (R$ 19, 9 bilhões) e o Minha Casa, Minha Vida.

Mais de duas Copas, ao longo de sete anos, portanto, apenas como investimento, obras, sem contar salários e outros gastos de custeio, em apenas quatro meses.

Se somarmos as outras despesas de custeio, o dispêndio com a Saúde, sem contar o transferido para Estados, só em março e abril ( R $ 7,05 bi e R$  6, 85 bi) é outra Copa.

Se a isso somarmos o que se destina à saúde pela renúncia fiscal federal em favor de planos de saúde e despesas médicas, só em 2011 (hoje certamente será bem mais), que somou R$ 15,8 bi, dá mais outra Copa ainda, com sobras.

Haja Copa!

Mas é possível fazer outra conta, também, esta bem triste.

É que de janeiro a abril acumulamos um superavit primário de R$ 29, 7 bilhões, mais de duas Copas.
É dinheiro que deixamos de gastar em saúde, educação, estradas, portos. E que não vai nem deixar estádios ou metrô, linhas expressas e outras obras “da Copa”.

Vai para a turma da “bufunfa” padrão Fifa, na forma de juros e encargos da dívida brasileira.

O olha que isso não chega para cobrir nem a metade dos cerca de R$ 80 bilhões que o país pagou de juros, quase seis Copas.

Mas essa despesa é boa, bonita e agradável ao poder econômico e à mídia, deus os livre de fazerem tal comparação.

Daqui a pouco vai aparecer um inconveniente dizendo que, nos sete anos de preparação para a Copa, o dinheiro que ganharam com juros daria para construir algo como mil e quinhentos estádios de R$ 1 bilhão cada!

A única comparação que não dá para fazer é quantas Copas daria para fazer com o dinheiro pelo qual Fernando Henrique vndeu a Vale, maior empresa de minério de ferro do mundo.

É que foram só US$ 3 bilhões, ou R$ 6,4 bilhões em dinheiro ao câmbio de hoje.

Não dá meia Copa sequer.
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Os órfãos de Joaquim Barbosa

"Órfão da toga justiceira, Aécio Neves tenta vestir uma fantasia de justiceiro social, esgarçada pela estreiteza dos interesses que representa.

Saul Leblon, Carta Maior

Joaquim Barbosa deixa a cena política como um farrapo do personagem desfrutável que se ofereceu um dia ao conservadorismo brasileiro.

Na verdade, não era  mais funcional ter a legenda política associada a ele.

Sua permanência à frente do STF  tornara-se insustentável.

Vinte e quatro horas antes de comunicar a aposentadoria,  já era identificado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, como um fator de insegurança jurídica para o país.

A OAB o rechaçava.

O mundo jurídico manifestava constrangimento diante da incontinência autoritária.

A colérica desenvoltura com que transgredia  a fronteira que separa o sentimento de  vingança e ódio da ideia de justiça, inquietava os grandes nomes do Direito.
Havia um déspota sob a toga que presidia a Suprema Corte do país.

E ele não hesitava em implodir o alicerce da equidistância republicana que  confere à Justiça o consentimento legal,  a distingui-la dos linchamentos falangistas.

O obscurantismo vira ali, originalmente, o cavalo receptivo a um enxerto capaz de atalhar o acesso a um poder que sistematicamente lhe fora negado pelas urnas.
Barbosa retribuía a ração de holofotes e bajulações mercadejando ações cuidadosamente dirigidas ao desfrute da propaganda conservadora.

Na indisfarçada  perseguição a José Dirceu, atropelou decisão de seus pares pondo em risco  um sistema prisional em que 77 mil sentenciados desfrutam o mesmo semiaberto subtraído ao ex-ministro.

Desde o início do julgamento da AP 470  deixaria  nítido o propósito de atropelar o rito, as provas e os autos, em sintonia escabrosa com a sofreguidão midiática.

Seu desabusado comportamento exalava o enfado de quem já havia sentenciado os réus  à revelia dos autos, como se viu depois,  sendo-lhe  maçante e ostensivamente desagradável submeter-se aos procedimentos do Estado de Direito.

O artificioso recurso do domínio do fato, evocado como uma autorização para condenar sem provas, sintetizou a marca nodosa de sua relatoria.

A expedição de mandatos de prisão no dia da República, e no afogadilho de servir à grade da TV Globo,  atestaria a natureza viciosa de todo o enredo.

A exceção inscrita no julgamento reafirmava-se na execução despótica de sentenças sob o comando atrabiliário de quem não hesitaria em colocar vidas em risco.

O  que contava era  servir-se da lei. E não servir à lei.

A mídia isenta esponjava-se entre o incentivo e a cumplicidade.

Em nome de um igualitarismo descendente que, finalmente, nivelaria pobres e ricos no sistema prisional,  inoculava na opinião pública o vírus da renúncia à civilização em nome da convergência pela barbárie.

A aposentadoria de Barbosa não apaga essa nódoa.

Ela continuará a manchar o Estado de Direito enquanto não for reparado o arbítrio a que tem sido submetidas lideranças da esquerda brasileira, punidas não pelo endosso, admitido, e reprovável, à prática do caixa 2 eleitoral.

Igual e precedente infração cometida pelo PSDB, e relegada pela toga biliosa, escancara o prioritário sentido da AP 470:   gerar troféus de caça a serem execrados em trunfo no palanque conservador.

A liquefação jurídica e moral de  Joaquim Barbosa nos últimos meses tornou essa estratégia anacrônica e perigosa.

A toga biliosa assumiu, crescentemente, contornos de um coronel Kurtz, o personagem de Marlon Brando, em Apocalypse Now, que se desgarrou do exército americano no Vietnã para criar  a sua própria guerra dentro da guerra.

Na guerra pelo poder, Barbosa lutava a batalha do dia anterior.

Cada vez mais, a disputa eleitoral em curso no país é ditada pelas escolhas que a  transição do desenvolvimento impõe à economia, à sociedade e à democracia.

A luta se dá em campo aberto.

Arrocho ou democracia social desenham  uma encruzilhada de nitidez crescente aos olhos da população.

A demonização do ‘petismo’ não é mais suficiente para sustentar os  interesses conservadores na travessia de ciclo que se anuncia.

Aécio Neves corre contra o tempo para recadastrar seu  apelo no vazio deixado pela esgotamento da judicialização da política.

Enfrenta dificuldades.

Não faz um mês, os centuriões do arrocho fiscal que o assessoram –e a mídia que os repercute--  saíram de faca na boca após o discurso da Presidenta Dilma, na véspera do 1º de Maio.

Criticavam acidamente o reajuste de 10%  aplicado ao benefício do Bolsa Família.

No dia seguinte, numa feira de gado em Uberaba, MG, o tucano ‘não quis assumir o compromisso de aumentar os repasses, caso seja eleito’, noticiou a Folha de SP (02-05).

‘De mim, você jamais ouvirá uma irresponsabilidade de eu assumir qualquer compromisso antes de conhecer os números, antes de reconhecer a realidade do caixa do governo federal", afirmou Aécio à Folha, na tarde daquela sexta-feira.

Vinte e seis dias depois, o mesmo personagem, algo maleável, digamos assim, fez aprovar, nesta 3ª feira,  na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, uma medida que exclui limites de renda e tempo para a permanência de famílias pobres no programa (leia a reportagem de Najla Passos; nesta pág)

A proposta implica dispêndio adicional que o presidenciável recusava assumir há três semanas.

Que lógica, afinal, move as relações do candidato com o Bolsa Família?

A mesma de seu partido, cuja trajetória naufragou na dificuldade histórica do conservadorismo em lidar com a questão social no país.

Órfão da toga justiceira, Aécio Neves tenta vestir uma inverossímil fantasia de justiceiro social, desde logo esgarçada pela estreiteza dos interesses que representa.

 A farsa corre o risco de evidenciar seus limites  tão rapidamente quanto a anterior.

A ver."

O novo papel de Joaquim


Ao deixar STF, ministro ficará longe de cenas constrangedoras que aguardam futuro da AP 470
A saída de Joaquim Barbosa do STF representa um alívio para a Justiça do país e é uma boa notícia para os fundamentos da democracia brasileira. Abre a oportunidade para a recuperação de noções básicas do sistema republicano, como a separação entre poderes, e o respeito pelos direitos humanos – arranhados de forma sistemática no tratamento dispensado aos réus da Ação Penal 470, inclusive quando eles cumpriam pena de prisão.
Ao aposentar-se, Joaquim Barbosa ficará longe dos grandes constrangimentos que aguardam “o maior julgamento do século,” o que pode ser útil na preservação do próprio mito.
Para começar, prevê-se, para breve, a absolvição dos principais réus do mensalão PSDB-MG, que sequer foram julgados – em primeira instância – num tribunal de Minas Gerais. Um deles, que embolsou R$ 300 000 do esquema de Marcos Valério – soma jamais registrada na conta de um dirigente do PT -- pode até sair candidato ao governo de Estado.
Joaquim deixa o Supremo depois de uma decisão que se transformou em escândalo jurídico.  Num gesto que teve como consequência real manter um regime de perseguição permanente aos condenados da AP 470, revogou uma jurisprudência de quinze anos, que permitia a milhares de réus condenados ao regime semiaberto a trabalhar fora da prisão -- situação que cedo ou tarde iria incluir José Dirceu, hoje um entre tantos outros condenados. Mesmo Carlos Ayres Britto, o principal aliado que Joaquim já fez no STF, fez questão de criticar a decisão. Levada para plenário, essa medida é vista como uma provável derrota de Joaquim para seus pares que, longe de expressar qualquer maquinação política de adversários, apenas reflete o desmonte de sua liderança no STF. 
Em outro movimento na mesma direção, o Supremo acaba de modificar as regras para os próximos julgamentos de políticos. Ao contrário do que se fez na AP 470 – e só ali -- eles não serão julgados pelo plenário, mas por turmas em separado do STF. Não haverá câmaras de TV. E, claro: sempre que não se tratar de um réu com direito a foro privilegiado, a lei será cumprida e a ninguém será negado o direito de um julgamento em primeira instância, seguido de pelo menos um novo recurso em caso de condenação. É o desmembramento, aquele recurso negado apenas aos réus da AP 470 e que teria impedido, por exemplo, malabarismos jurídicos como a Teoria do Domínio do Fato, com a qual o Procurador Geral da Republica tentou sustentar uma denúncia sem provas consistentes contra os principais réus. 
 Hoje retratado como uma autoridade inflexível, incapaz de qualquer gesto inadequado para defender interesses próprios – imagino quantas vezes sua capa negra será exibida nos próximos dias, num previsível efeito dramático – Joaquim chegou ao STF pelo caminho comum da maioria dos mortais. Fez campanha.
 Quando duas aguerridas parlamentares da esquerda do PT – Luciana Genro e Heloísa Helena – ameaçaram subir à tribuna do Congresso para denunciar um caso de agressão de Joaquim a sua ex-mulher, ocorrido muitos anos antes da indicação, quando o casal discutia a separação, o presidente do partido José Genoíno (condenado a seis anos na AP 470) correu em defesa do candidato ao Supremo. Argumentou que a indicação representava um avanço importante na vitória contra o preconceito racial e convenceu as duas parlamentares. (Dez anos depois desse gesto, favorável a um cidadão que sequer conhecia, Joaquim formou sucessivas juntas médicas para examinar o cardiopata Genoíno. Uma delas autorizou a suspensão da prisão domiciliar obtida na Justiça).
 O diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato (condenado a 12 anos na AP 470) foi procurado para dar apoio, pedindo a Gilberto Carvalho que falasse de seu nome junto a Lula. José Dirceu (condenado a 10 anos e dez meses, reduzidos para sete contra a vontade de Joaquim), também recebeu pedido de apoio. Dezenas – um deputado petista diz que eram centenas – de cartas de movimentos contra o racismo foram enviadas ao gabinete de Lula, em defesa de Joaquim. Assim seu nome atropelou outros juristas negros – inclusive um membro do Tribunal Superior do Trabalho, Carlos Alberto Reis de Paula – que tinha apoio de Nelson Jobim para ficar com a vaga.
Quando a nomeação enfim saiu, Lula resolveu convidar Joaquim para acompanha-lo numa viagem presidencial a África. O novo ministro recusou. Não queria ser uma peça de marketing, explicou, numa entrevista a Roberto dÁvila. Era uma referência desrespeitosa, já que a África foi, efetivamente, um elemento importante da diplomacia brasileira a partir do governo Lula, que ali abriu embaixadas e estabeleceu novas relações comerciais e diplomáticas.
De qualquer modo, se era marketing convidar um ministro negro para ir à África, por que não recusar a mesma assinatura da mesma autoridade que o indicou para o Supremo?
À frente da AP 470, Joaquim Barbosa jamais se colocou na posição equilibrada que se espera de um juiz. Não pesou os dois lados, não comparou argumentos.
Através do inquérito 2474, manteve em sigilo fatos novos que poderiam embaralhar o trabalho da acusação e que sequer chegaram ao conhecimento do plenário do STF – como se fosse correto selecionar elementos de realidade que interessam a denúncia, e desprezar aqueles que poderiam, legitimamente, beneficiar os réus.   Assumiu o papel de inquisidor, capaz de tentar destruir, pela via do judiciário, aquilo que os adversários do governo se mostravam incapazes de obter pelas urnas.
Ao verificar que o ministro era capaz de se voltar em fúria absoluta contra as forças políticas que lhe deram sustentação para chegasse a mais alta corte do país, os adversários da véspera esqueceram por um minuto as desconfianças iniciais, as críticas ao sistema de cotas e todas as políticas compensatórias baseadas em raça.
Passaram a dizer, como repete Eliane Cantanhede na Folha hoje, que Joaquim rebelou-se contra o papel de “negro dócil e agradecido.” Rebelião contra quem mesmo? Contra o quê? A favor de quem?
Já vimos e logo veremos.
Basta prestar atenção nos sorrisos e fotografias da campanha presidencial.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

JOAQUIM BARBOSA ANUNCIA APOSENTADORIA - JÁ VAI TARDE !


E SAIRÁ PELA PORTA DOS FUNDOS SE DEIXAR SEM DECISÃO A QUESTÃO DO TRABALHO EXTERNO DOS CONDENADOS EM REGIME SEMIABERTO E TAMBÉM DAS DIFERENÇAS NA CADERNETA DE POUPANÇA QUANTO AOS PLANOS ECONÔMICOS.

UM FACTÓIDE, que TRANSFORMADO EM PALADINO DA JUSTIÇA, não fará falta, visto que nesse período em que esteve como Presidente do STF e do CNJ, em nada contribui para o aprimoramento da nossa JUSTIÇA. 

Pelo contrário, ofendeu repórteres e jornalistas que o questionaram, acirrou ânimos com ADVOGADOS e JUÍZES de instâncias inferiores, a quem por diversas vezes se reportou de forma agressiva e desrespeitosa. Portou-se de forma prepotente, se arvorando quase que como dono da verdade, não admitindo, sempre proferindo palavras duras e grosseiras aos seus pares de PLENÁRIO, contestação ou discordância ao seu voto e opinião.

Introduziu o deboche aos RÉUS durante transmissões de TV, e mostrou-se AUTORITÁRIO e VINGATIVO, exalando um ódio inaceitável em quem tem a missão de JULGAR de forma imparcial. 

Esteve ainda envolvido em fatos mal explicados de compra de apartamento no exterior e no recebimento de diárias. Nestes dois casos, embora não se possa dizer que cometeu ilegalidade, faltou por parte do excelentíssimo senhor ministro, considerar o cidadão brasileiro merecedor das devidas e completas satisfações sobre como se deram as coisas.

Alçado à condição de SUPER HERÓI  pela imprensa partidarizada, parece que sua saída nesse momento é para não ter que encarar e amargar mais uma derrota no PLENÁRIO da Corte, visto saber que sua intempestiva decisão de optar pelo REGIME FECHADO será derrubada. 

Dessa forma, Joaquim Barbosa, sai deixando a impressão de que, se não tivesse entrado, não faria nenhuma falta.
 
 

Idi Amin de Paracatu está preparando as malas

247O presidente do STF, Joaquim Barbosa, está cumprindo nesta quinta-feira 29 um roteiro de audiências formais que representa uma verdadeira cerimônia do Adeus.

Pela manhã, ele esteve com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, e em seguida foi ao Congresso encontrar os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e Henrique Alves, da Câmara dos Deputados. 247 apurou que Barbosa está antecipando suas despedidas do cargo, a cinco meses do final de seu mandato (aqui).

Renan Calheiros confirmou aos jornalistas, em Brasília, que Barbosa disse a ele que irá se aposentar em junho. Antes, a diferentes interlocutores, o presidente do STF já havia adiantado que não cumpriria seu mandato até o final.

"Ele disse que vai deixar o Supremo. Comunicou que a visita era uma oportunidade para se despedir", disse Renan, que acrescentou que, a princípio, o encontro de hoje era uma reunião de rotina, mas que, em meio às conversas, Barbosa anunciou sua saída do cargo. 

Durante a reunião com Renan, Barbosa foi questionado por senadores que participaram do encontro se o plano era se candidatar em outubro, e respondeu apenas com um sorriso. No entanto, para poder disputar um cargo nas eleições, Barbosa teria de ter deixado o Supremo até 5 de abril e se filiado a um partido político.

A conversa entre os representantes dos dois Poderes durou menos de 30 minutos e Barbosa seguiu para a Câmara dos Deputados sem falar com a imprensa. À pergunta sobre a data da aposentadoria, Barbosa limitou-se a sorrir e afirmou: "Aguardem, aguardem".

Ilhado nos meios jurídicos e criticado abertamente pela Procuradoria Geral da República e por todas, sem exceção, associações de magistrados, Barbosa perdeu a admiração de seus pares. Ele já havia antecipado que iria deixar o cargo de presidente do STF antes do final de seu mandato. Hoje, colocou em prática a promessa. 

O crescente isolamento nos meios jurídicos, em razão de decisões que contrariaram diferentes jurisprudências das cortes, ajudaram a apressar sua decisão. A era Barbosa já tem data para acabar: junho.

O legado de Joaquim Barbosa, um antibrasileiro

Diário do Centro do Mundo 29 mai 2014

Uma saída que eleva o Brasil
 Uma saída que eleva o Brasil
Paulo NogueiraSe for confirmada a aposentadoria de Joaquim Barbosa para junho, chegará ao fim uma das mais trágicas biografias do sistema jurídico brasileiro.

O legado de Barbosa resume-se em duas palavras absolutamente incompatíveis com a posição de juiz e, mais ainda, de presidente da mais alta corte nacional: ódio e vingança. Foi a negação do brasileiro, um tipo cordial, compassivo e tolerante por natureza.

A posteridade dará a ele o merecido espaço, ao lado de personalidades nocivas ao país como Carlos Lacerda e Jânio Quadros.

Barbosa acabou virando herói da classe média mais reacionária do Brasil e do chamado 1%. Ao mesmo tempo, se tornou uma abominação para as parcelas mais progressistas da sociedade.
É uma excelente notícia para a Justiça. Que os jovens juízes olhem para JB e reflitam: eis o que nós não devemos fazer.

O que será dele?

Dificuldades materiais Joaquim Barbosa não haverá de ter. O 1% não falha aos seus.
Você pode imaginá-lo facilmente como um palestrante altamente requisitado, com cachês na casa de 30 000 reais por uma hora, talvez até mais. Com isso poderá passar longas temporadas em Miami.
Na política, seus passos serão necessariamente limitados. Ambições presidenciais só mediante uma descomunal dose de delírio.

Joaquim Barbosa é adorado por aquele tipo de eleitor ultraconservador que não elege presidente nenhum.

Ele foi, na vida pública brasileira, mais um caso de falso novo, de esperanças de renovação destruída, de expectativas miseravelmente frustradas.

Que o STF se refaça depois do trabalho de profunda desagregação de Joaquim Barbosa em sua curta presidência.

Nunca, desde Lacerda, alguém trouxe tamanha carga de raiva insana à sociedade a serviço do reacionarismo mais petrificado.

Que se vá – e não volte a assombrar os brasileiros.

Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Quem mais teria a ganhar com a regulação seria a mídia

, GGN

"Um dos públicos mais desinformados do país é o dos proprietários de veículos de mídia. E sobre um tema que bate diretamente nos seus interesses e no seu caixa: regulação da mídia..
Já escrevi em outras oportunidades sobre o extraordinário poder da Globo - a mais competente estrategista de seus próprios interesses. Através de um belo corpo de colunistas, ela conseguiu transformar um tema que interessa exclusivamente a ela - a regulação dos monopólios de mídia - em bandeira de todos os veículos de mídia que só teriam a ganhar com uma Lei dos Meios.

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Hoje em dia, existe apenas um monopólio no país – o da Globo – com um poder de influência tal que conseguiu criar esse paradoxo de queda consistente e rápida dos índices de audiência dos seus veículos; e, paralelamente, um aumento da fatia do bolo publicitário do país, em detrimento dos demais veículos da mídia tradicional.
Não foi a imprensa regional nem meia dúzia de blogs que tirou publicidade dos demais grupos de mídia. 
À medida em que a Internet começava a dividir as verbas publicitárias, as agências passaram a concentrar no sistema Globo a maior parte das verbas destinadas aos veículos tradicionais. A TV aberta perdeu audiência mas não perdeu verbas; e parte absoluta dessas verbas foi destinada à Globo.
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Nesses anos todos, esse extraordinário poder de fogo se sustentou em um enorme conjunto de práticas anticoncorrenciais. 
Entre as agências de publicidade, consolidou o modelo do BV (Bônus de Veiculação), que seria condenado em qualquer corte de país sério que tratasse sobre práticas anticoncorrenciais.
Esse modelo era sustentado por dois aferidores de audiência que jamais foram auditados: o IBOPE (para a televisão) e o IVC (Instituto Verificador de Circulação) para a mídia escrita. 
Apenas nos últimos tempos os concorrentes decidiram trazer um novo instituto para concorrer com o IBOPE. Coincidentemente, nos últimos meses o IBOPE passou a registrar taxas aceleradas de queda de audiência da Globo – passando a falsa impressão de que estaria fazendo uma conta de chegada.
O grande drama da Globo é que esse modelo acelerou a crise dos seus parceiros – grupos de mídia tradicionais, todos eles metidos em um beco sem futuro. Mais cedo ou mais tarde cairá a ficha sobre quem foi o sorvedouro real das verbas publicitárias.
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Uma Lei dos Meios com compromisso sério com a desconcentração midiática obrigaria a Globo a rever suas práticas, acabaria com o conceito de rede (tal como praticado no Brasil) e abriria enorme espaço para as mídias regionais e para os demais grupos de mídia. 
Além de trazer um enorme reforço ao conceito de democracia.
Como disse um grande político brasileiro, em seminário no dia 15 de maior de 2012: “Os meios de comunicação no Brasil não trazem o outro lado. Isso não se dá por pressão de governo, mas por uma complexidade de nossa cultura institucional. Nós temos toda a arquitetura democrática, menos a alma”. É preciso lutar pelos mecanismos de regulação que permitam a diversidade. “Não há como regular adequadamente a democracia sem regular adequadamente os meios de comunicação”.
O autor dessas palavras não é Lula nem Franklin Martins: é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso."

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Franklin Martins diz que “não houve” mensalão e que a Globo quer “comandar o país”

Cafezinho -  28/05/2014 – 2:11


Miguel do Rosário



A entrevista foi publicada, em outubro do ano passado, numa revista de Porto Alegre, chamada Bastião, cujos editores eu tive o privilégio de conhecer em Brasília na semana passada. Mas eu só li há alguns dias e logo constatei duas coisas: 1) ela ainda é super atual; 2) não circulou quase nada pela blogosfera. Então ela é quase inédita!

Franklin Martins faz observações atiladas sobre a democratização da mídia. Ele observa que o Brasil promove mudanças lentas, porque a construção de maiorias costuma se formar mais vagarosamente no Brasil. Somos grandes demais, diversos demais. O processo de formar maiorias é mais difícil aqui.

Mas quando estas se formam, duram muito. Permanecem consolidadas com mais firmeza do que em outros países, que conseguem construir maiorias com mais agilidade, como a Argentina, onde tudo é mais rápido por ser o debate político muito concentrado apenas em Buenos Aires.

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Franklin observa que uma das funções da internet é criticar a grande mídia, e que esta, se quiser sobreviver, terá que se adaptar a estas críticas, que são saudáveis e democráticas.

Entretanto, o trecho que me chamou a atenção foi sua observação sobre a ruptura editorial da Globo, a partir da cobertura do mensalão. Franklin, que era comentarista político no Jornal da Globo, faz uma acusação grave ao jornalismo da emissora: ela se recusava a investigar a coisa mais importante, a origem do dinheiro do valerioduto, porque aquilo poderia atrapalhar a sua “teoria”.

Mais tarde, a Procuradoria, e Joaquim Barbosa – juiz responsável, desde o início, por acompanhar as investigações do
Ministério Público – ajudariam a Globo a explicar a origem do dinheiro do valerioduto, ao encampar a tese do desvio do Fundo de Incentivo Visanet, em detrimento de um relatório da Polícia Federal, que dizia o contrário.

A PF, através do relatório do Inquérito 2474, assinado pelo delegado Luiz Flavio Zampronha, mostrava que a maior parte dos recursos de Marcos Valério tinha vindo de empresas controladas por Daniel Dantas, e que as negociatas de Valério tinham começado bem antes da era Lula.

Quanto ao Visanet, o Laudo 2828, também da PF, provaria que os recursos não estavam sob responsabilidade de Henrique Pizzolato, o único petista na cúpula do Banco do Brasil, derrubando a teoria de que havia um “núcleo petista” instalado dentro do BB, sob ordens secretas de Dirceu, para desviar os recursos necessários ao esquema de compra de voto.

“A Globo resolveu acabar com o pluralismo”, observa Martins, porque decidiu voltar a algo que estava em seu DNA: “comandar o país”.

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Franklin Martins torce para que a Globo não consiga realizar o seu intento (de comandar o país) em 2014. Nós também torcemos, caro Franklin. Nós também.
 
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