terça-feira, 29 de junho de 2010

Dilma propõe desonerar investimentos no país e diz que Lula será conselheiro de reformas

São Paulo - SP por dilmarousseff.
28/06/2010. São Paulo – SP. Entrevista ao Programa Roda Viva. Foto: Roberto Stuckert Filho.


Leila Suwwan e Tatiana Farah – O GLOBO

SÃO PAULO. A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ontem que pretende, se eleita, ter Luiz Inácio Lula da Silva a seu lado como conselheiro e condutor das reformas tributária e política. Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, a petista fez questão de pontuar as diferenças com seus adversários tucanos e rebatêlos, mas chegou a reconhecer a possibilidade de uma aproximação com o PSDB, caso a sigla deixe de ser uma “oposição raivosa” e com pretenção de “destabilização do governo”.

— Vou querer que o presidente me ajude a aprovar reformas importantes, que participe com seus conselhos — disse, afirmando que Lula terá discernimento para não fazer qualquer “interferência”.

Dilma negou ser um “poste”.

— Nos últimos cinco anos e meio, coordenei todos os programas do governo Lula, que tem 76% de aprovação. Concordo, eu não tenho experiência eleitoral. Penso se isso não é uma vantagem em um quadro em que existe tanto desgaste da atuação política.

A presidenciável não foi muito receptiva à sugestão de uma “aproximação com o PSDB”, mas não rejeitou a hipótese.

— Se a oposição não for raivosa, nem uma oposição que de uma forma ou de outra queira desestabilizar o governo, acho que se pode governar com todos os partidos, se quiserem. Mas não se pode impor isso, porque vivemos numa democracia.

Em diversos momentos, Dilma fez questão de ressaltar a diferença entre o governo Lula e seu antecessor, e assumiu novamente o adjetivo “afunhanhado” para descrever a “situação de estagnação, desemprego e desigualdade”.

Mas chegou a esboçar um reconhecimento à atuação da gestão FHC, sem citá-lo, sobre o controle infacionário.

— Acredito que temos diferenças. Mas entendo o imenso esforço feito para sair da inflação.

Sobre propostas do PT, como o imposto sobre grandes fortunas, afirmou: — Essa é uma questão que, para ser aprovada no Brasil, demandaria uma imensa energia política. Estamos em uma fase muito importante de aumento da competitividade. Nesse momento, vamos ter que falar sobretudo de redução de impostos sobre investimento.

A petista também negou que o “controle social da mídia” seja uma proposta de limitação da liberdade de imprensa.

— A liberdade de imprensa não tem que ter controle nenhum.


Petista propõe desonerar investimentos no país

Dilma diz, porém, que tributação sobre a folha pode ser reduzida, mas não ‘zerada’

SÃO PAULO. A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu ontem no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, uma reforma tributária que elimine os impostos sobre investimentos no país. A reforma, segundo Dilma, que em um eventual novo governo petista seria feita no início da gestão, abarcaria também a uniformização do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e Serviços), prometeu, apesar de o governo Lula não ter conseguido fazer a reforma do setor: — Sobre investimentos, eu quero dizer que estou me comprometendo com uma redução (de impostos) para zero. Eu acho que não pode ser tributado o investimento. Eu acho errado.

É contra o interesse do país — disse a ex-ministra, que defendeu ainda a redução de impostos sobre a energia elétrica.

Para Dilma, no entanto, a tributação sobre a folha de pagamentos não pode ser “zerada”, mas pode ser reduzida: — Eu acho que tem de haver uma redução sobre a folha de salário, não pode ser zero. Porque qualquer economista faz a conta e percebe que, se ele fizer a redução brutal da tributação sobre a folha de salário, que é o que financia a Previdência, você vai ter um problema sério na Previdência. Então, tem de haver uma redução acompanhada de uma reposição pelo Tesouro.

Para a candidata petista, a uniformização do ICMS vai combater o que chamou de “concorrência perversa” entre os estados.

Dilma Rousseff rebateu o candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador José Serra, que afirmara no mesmo programa que o Brasil passa por um processo de desindustrialização.

— Eu não acho que esteja havendo no Brasil uma desindustrialização.

Um exemplo disso é a indústria naval— disse a ex-ministra, que ressaltou, mais adiante, na entrevista: — Para o Brasil ganhar em competitividade, nós temos de apostar na redução dos custos logísticos, tributários e energéticos.

Brasileiros fizeram a “lição de casa” Questionada se o Brasil deveria cortar os gastos públicos nos mesmos moldes dos principais países do mundo, Dilma afirmou que os brasileiros fizeram a “lição de casa” e que não deveriam beber o remédio “amargo” dos países do G-20, protagonistas da crise econômica mundial.

— Não tem sentido que o receituário dos países desenvolvidos, que cometeram barbaridades, tenha que ser o mesmo que o dos países emergentes. Seria uma solidariedade burra. Esse remédio não é nosso. Eles têm que reduzir o déficit deles em 50%. É uma redução brutal — destacou Dilma. — Falam que nós temos uma dívida muito alta. Não é verdade.

Comparem nossa dívida com a dos EUA e do Japão. Nós estamos fazendo o nosso dever de casa, independentemente do G-20. (Leila Suwwan e Tatiana Farah)

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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