terça-feira, 29 de junho de 2010

O espetáculo do desmoronamento

Estou seguindo para Brasília, onde, aliás, a sessão da Câmara de hoje deve ser um espetáculo em matéria de troca de acusações, ressentimentos e críticas entre os integrantes da aliança serrista. Não vou falar nada sobre isso, lá, porque tenho juízo suficiente para não me meter em briga de comadres, é claro.

O que interessa, nisso, é analisar o que acontece quando se juntam duas coisas: a falta de uma liderança positiva e a ausência de métodos democráticos.

Desde 2002, José Serra é um homem que “constrói” seu espaço político som a demolição. Aliás, talvez num ato falho, meses atrás ele próprio disse que era “gostoso” derrubar prédios, prazer refletido na imagem acima, que ele próprio fez questão de dar à imprensa, agora mesmo, em março

E, de fato, ele tem este prazer também na política.

Em 2002, não há quem não saiba que houve o dedo do serrismo no “Caso Lunus”, que derrubou a candidatura Roseana Sarney. O clã Sarney, aliado natural e desde sempre do ex-PFL e do PSDB se viu jogado – e como pesa – no colo de seus adversários. Pode até nos criar muitos problemas internos, à esquerda, mas tirou um dos pilares de sustentação natural de qualquer candidatura presidencial da direita.

Em 2006, candidato natural à Presidência, refugou de um enfrentamento que era mais promissor que hoje, deixando que Alckmin fosse ao sacrifício de enfrentar um Lula que ele sempre considerou imbatível, herdando eleitoralmente o Governo de São Paulo, que ele considerava uma boa “estufa” para uma candidatura em 2010, quando Lula não poderia disputar. Mas o fez num jogo de marchas e contramarchas, onde tratou Alckmin como um boneco, desgastando-o com uma indefinição que perdurou o quanto lhe interessava.

Com Aécio, não é preciso recordar que métodos utilizou, sempre mantendo uma postura pública cordata, mas disparando torpedos (nem tão submersos assim) contra o colega tucano, alguns deles extremamente ofensivos do ponto de vista pessoal.

Neste episódio do vice, ficou clara a torpeza dos métodos.

Quaquer criança percebe que Roberto Jefferson foi escalado para o papel sujo de comunicar ao DEM que ele seria rebaixado para a terceira divisão e o lugar do vice “que não aporrinha” seria usado na tentativa de implodir a frente de oposição no Paraná.

A escolha de Álvaro Dias tem esta única finalidade.

Com o circo pegando fogo, Serra escafedeu-se. Desapareceu até do Twitter, onde senta praça todas as madrugadas. Reapareceu neste alvorecer, mas falando de abobrinhas, como se nada estivesse acontecendo. Nem uma palavra sobre seus aliados, nem um ato de respeito.

Ele espera para que se digladiem, engalfinhem, se conflitem e, ao final, todos estejam mais fracos e menores.

E que assim, sua vontade reine, absoluta e incontestada.

Seu único problema é que todos já sabem que ele não reinará, talvez, nem sobre as ruínas da destruição que causou.

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