sábado, 10 de julho de 2010

Viúva de Roberto Marinho declara voto em Dilma. E agora, Ali Kamel?

O Globo escondeu a declaração de voto de Lily Marinho, a viúva do magnata das comunicações Roberto Marinho, mas a colunista da Folha, Mônica Bergamo, não resistiu à indiscrição.

Vou fazer 90 anos. Sou velha para votar. Mas acho que, se votasse, seria na Dilma.

A declaração é de Lily, a elegante e sedutora aristocrata que, com mais de 70 anos, conquistou o coração de Dr.Roberto. Lembro do casamento. Foi bonito ver os dois velhinhos se casando. Dona Lily é uma socialite discreta, inteligente e, até onde sei, de opiniões progressistas. Com certeza não lê os blogs da Veja, o que já é grande coisa.

Roberto Marinho, apesar do apoio que deu ao golpe militar, nunca foi um hidrófobo histérico de direita como seus filhos. Tanto é que abriu a redação do jornal para comunistas e ex-comunistas. Para ele, a ideologia da pessoa não lhe impedia de ser um bom profissional ou mesmo uma boa pessoa. Recebeu até Fidel Castro em sua casa, conforme lembra Dona Lily, provando que também Fidel sempre foi um sujeito aberto ao diálogo cordial inclusive com seus piores adversários.

O mais curioso da matéria, claro, é a declaração de voto de dona Lily. E sua afirmação de que não receberá Serra nem Marina.

No Globo, a matéria saiu fria, árida, nitidamente constrangida, sem relatar a boa impressão que Dilma causou nas ressabiadas socialites cariocas, muitas das quais, conforme revelou uma amiga de Lily à coluna de Bergamo, morriam de medo do PT e da candidata.

Essa nota é muito mais importante do que parece a primeira vista. As fotos da candidata ao lado das vips do Rio serão publicadas e republicadas em praticamente todas as revistas femininas. Deverá causar bastante impacto também sobre o imenso universo artístico da TV Globo, com seus milhares de atores, contrarregras, técnicos, operadores, etc.

Sob o chicote do carrasco Ali Kamel, que impôs regras draconianas impedindo qualquer empregado, até o mais reles faxineiro, de expor suas opiniões políticas, ainda que sutilmente, em sites de relacionamento, twitter, blogs, etc, as simpáticas declarações de Lily em favor de Dilma Rousseff representam uma prova de que essas humilhantes restrições só valem para os escravos. O contraste é gritante. Aos escravos, o silêncio, a opressão, a mordaça; aos senhores, a liberdade. Dona Lily pode falar o que quiser, pode até explicitamente apoiar Dilma. Sei que ela não trabalha no jornal, mas mesmo assim, é uma figura ligada afetivamente às organizações Globo, em virtude de carregar o sobrenome de seu proprietário e ter sido a doce companheira de "Seu" Roberto por mais de uma década. A informação correrá nos bastidores da Globo como um rastilho de pólvora: Dona Lily está com Dilma! Quantos sorrisos maliciosos, furtivos, quase vingativos, não serão vistos nas salinhas de café?

Sim, porque na verdade manifestações contra Dilma e a favor de Serra estão tacitamente liberadas na Globo. Tanto é assim que Jabor e Merval continuam babando ódio antipetista em seus respectivos espaços. Miriam Leitão, que tem uma coluna diária intitulada Panorama Econômico, hoje não fala de economia; fala só de dossiê contra Dilma, ops, contra Eduardo Jorge. Convertida em promotora pública, ou paladina da oposição, a colunista ataca duramente Dilma Rousseff e o governo de terem feito dossiê contra um zémané do PSDB. Sabe-se lá o que pretendia a "equipe de inteligência" de Dilma ao fazer um dossiê contra Eduardo Jorge.

Aliás, é engraçado chamar de "equipe de inteligência" o que, fosse verdade, não passaria de uma trupe de retardados. Que há de inteligente em fazer dossiê contra um barnabé como Eduardo Jorge e, cúmulo da estupidez, ainda entregar o material para Veja e Folha de São Paulo? Não tem sentido.

A urubóloga parece ter ficado mordida por ter sido obrigada a publicar, ontem, um texto onde seus entrevistados são só elogios para a economia brasileira. Ou então, com vistas a garantir a estabilidade em seu emprego e um outro prêmio Maria Caboots, resolveu, após a martelada no prego, dar hoje uma na ferradura.


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