sexta-feira, 27 de agosto de 2010

BYE BYE SERRA:Queda de Serra até em SP preocupa tucanos


Queda de Serra até em SP preocupa tucanos

Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut e Chico de Gois

BRASÍLIA e SÃO PAULO – O resultado da pesquisa Datafolha, divulgado nesta quinta-feira pela “Folha de S.Paulo” e que mostra que a petista Dilma Rousseff abriu vantagem de 20 pontos sobre o tucano José Serra, provocou um clima de desânimo na oposição. De forma reservada, a avaliação no PSDB é que, com este cenário, dificilmente haverá segundo turno. Para tucanos, o maior pesadelo foi concretizado: Dilma ultrapassou Serra até mesmo em São Paulo, onde ele era governador até março. O sentimento generalizado no ninho tucano era de surpresa e perplexidade. E também de que, agora, só mesmo uma reviravolta na campanha poderia mudar este quadro.

A pesquisa, realizada nos dias 23 e 24, mostra Dilma com 49% das intenções de voto, contra 29% de Serra e 9% da candidata do PV, Marina Silva. Segundo a pesquisa, a dianteira de Dilma se consolidou em todas as regiões do país e também em todas as faixas de renda, inclusive entre os que ganham mais de dez salários mínimos: entre esses eleitores, em pouco mais de 15 dias, Dilma passou de 28% para 40%, enquanto Serra caiu de 44% para 34%.

Percentual de rejeição também preocupa aliados

Numa última tentativa, a ordem, ainda que não consensual na campanha tucana, foi de jogar todas as fichas no episódio da violação do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira , e de outras três pessoas ligadas ao partido. Mas há entre setores da campanha de Serra o temor de que essa agenda negativa amplie a rejeição do tucano. Outro número do Datafolha que preocupou muito o PSDB foi o da rejeição: 29% para Serra, contra 19% de Dilma.

” Para mim, é inexplicável essa mudança em São Paulo. Até porque as campanhas do Serra e do Geraldo Alckmin valorizam muito o estado ”

- Para mim, é inexplicável essa mudança em São Paulo. Até porque as campanhas do Serra e do Geraldo Alckmin valorizam muito o estado. Eu não estou compreendendo. Até porque os nossos candidatos aos governos cresceram nos estados. O resultado nacional é contraditório com o resultado local – disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Diante da situação, a determinação dos tucanos é manter a tropa unida e em campo para, em caso de derrota, Serra peder com honra, sem abandono dos aliados. Um sinal disso foi a exibição do depoimento do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG), em apoio a Serra , no programa de TV do presidenciável.

Já há um reconhecimento dos erros da campanha tucana, mas, ao mesmo tempo, se avalia que pode ser muito tarde para correções. Por isso, os desafios dos tucanos passam a ser dois agora: interromper a trajetória de queda de Serra e garantir vitórias de candidatos tucanos aos governos de São Paulo, Paraná e Goiás. Além disso, reverter imediatamente a situação em Minas e tentar assegurar o segundo turno no Pará, Alagoas e Piauí.

Nesta quinta-feira, o líder em exercício do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), resumiu o espírito dos tucanos com um mea-culpa:

- A oposição teria que ter uma candidatura absolutamente de oposição. O candidato do governo tem que ser um só. Houve crescimento de Dilma em todas as regiões porque não ocorreu contraponto da nossa parte.

” Foi uma onda gigantesca contra nós. Mas o seu ciclo máximo se completou ”

Para o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), o crescimento de Dilma foi fruto de um grande volume de campanha:

- Foi uma onda gigantesca contra nós. Mas o seu ciclo máximo se completou.

Preocupação com debandada tucana em SP
O PSDB em São Paulo já dá sinais de preocupação com um eventual movimento de deserção por parte de aliados atraídos pelo crescimento de Dilma no estado. Em conversas reservadas, tucanos admitem que vão aumentar a patrulha sobre o empenho dos prefeitos na corrida por votos para José Serra.

Os tucanos temem que lideranças de partidos como PMDB, PTB, DEM e PPS, que, oficialmente, apoiam os tucanos no estado, passem a trabalhar para o outro lado. Já houve casos de traições, dizem os tucanos, mas todos pontuais por enquanto.

O PSDB paulista atribuiu a arrancada de Dilma em São Paulo ao “fenômeno nacional” da popularidade do presidente Lula. O crescimento pegou de surpresa os tucanos.

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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