Pergunta ao acaso: se Dilma vence, quem irá dedicar-se ao alpinismo e quem não?
Por Mino Carta, na CartaCapital
Aguardo com alguma ansiedade para a próxima semana a pesquisa eleitoral Datafolha. Às vezes, nos últimos tempos, me agrediu a impressão de que costuma basear-se mais na esperança, belíssimo sentimento, do que em critérios estritamente técnicos. Fique claro, porém, que a esperança não é exclusividade da Folha de S.Paulo. Abriu as asas, pássaro formoso, no céu das redações da mídia nativa em geral.
Não me surpreenderei se o Datafolha começar uma operação de pouso em proveito de sua credibilidade. Pois é do conhecimento até do mundo mineral que a candidatura de Dilma Rousseff continua em ascensão e a de José Serra em queda. As próximas pesquisas devem confirmar a tendência. Será possível que a discrepância entre o Datafolha e os demais institutos não comece a encolher?
Uma questão interessante neste momento passa a ser a seguinte: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula? E como reagiriam todos aqueles da plateia que lhe deram ouvidos? Quem se apressaria a subir no muro e quem manteria em relação ao governo Dilma a mesma feroz oposição observada contra o governo Lula? Existe, por mais vaga e remota, a possibilidade de ruptura de uma frente midiática automaticamente armada desde sempre ao menor sinal de risco para a minoria privilegiada e seus aspirantes?
Sublinho que não ouso me atirar a um precipitado prognóstico eleitoral, de fato emprego o condicional. Mas, aqui e acolá, com meias palavras ou nas entrelinhas, insinuam-se, nas páginas impressas e nas falas dos comentaristas do rádio e da tevê, os indícios de uma comedida, contudo insólita cautela. Sintomático o texto de Merval Pereira, da ala de frente da Escola Serrista, publicado em O Globo de quarta-feira 4.
Registra-se ali a “percepção majoritária de que, ao fim e ao cabo”, Dilma derrotará Serra. Puro espanto de minha parte. Tu quoque, Merval? Logo, como outro pássaro, aquele do Cáucaso, vingador dos deuses do Olimpo traídos por Prometeu, o colega põe o bico na ferida: essa percepção baseia-se, sim, na popularidade do presidente, “mas, sobretudo, no jogo bruto que ele vem usando, não respeitando limites na faina para eleger a sua escolhida”. Excesso de gerúndios e de severidade.
Qualquer presidente, em qualquer canto do mundo democrático, e nem tanto, mergulha na faina (faina?) de, como se diz, “fazer seu sucessor”. Recentemente, para citar personagem do agrado da mídia nativa, o presidente colombiano Uribe esforçou-se bastante para levar à vitória seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, por ele ungido candidato à sucessão.
Por outro lado, não estava calculado o peso que o apoio de Lula exerceria a favor da escolhida? Não era este o resultado previsto para a estratégia do plebiscito cultivada pelo presidente mais amado da história do Brasil?
Jamais sustentaria que Merval Pereira é de escalar muros, muito pelo contrário. O que escreve hoje prova que ele ficaria onde está, de opinião e letra intocadas, caso Dilma Rousseff viesse a ser a presidente por ele tão peremptoriamente indesejada. Mas haveria certamente jornalistas e seus patrões de súbito dados ao alpinismo, e entre outros e mais diversos donos do poder, explícito ou acobertado, os senhores do estamento, como diria Raymundo Faoro, dispostos a rever posições em nome do pragmatismo.
Algo me intriga, de certa forma mais ainda, e diz respeito ao comportamento dos leitores que sofregamente esperam pela revista Veja na manhã de sábado, ou que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados.
Seriam capazes de se perguntar, movidos por razões morais e intelectuais, como se deu uma entrega tão passiva à má informação? Seria salutar exame de consciência. E, sempre em caso de vitória de Dilma – insisto no esclarecimento –, que se daria se ela se habilitasse a dar continuidade ao governo Lula e o Brasil avançasse mais e mais no melhor dos caminhos, rumo ao país que há tanto tempo merece ser?
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Acho que em caso de vitória da Dilma, os jornalistas e os seus patrões, embora de forma disfarçada, poderão rever suas posições em nome do pragmatismo. Só por isso. Também fico imaginando como vai reagir o PIG e seus leitores e apoiadores. Foi por saber o peso que Lula teria em defesa de sua candidata que a mídia tanto o humilhou e atacou. No entanto, quanto mais batia, mais Dilma crescia. Chegamos ao resultado de agora. Tenho a impressão de que, quem se atrever a subir no muro (alpinismo) para se comportar com Dilma como muitos fizeram com Lula, vão ter uma surpresa... Eles têm estilo diferentes de agir e até o "reino mineral" sabe que "quem fica em cima do muro se arrisca a levar pedradas dos dois lados". Lula suportou tudo com muita serenidade. Se esses patrões e profissionais da mídia não fizerem uma auto-crítica das suas posições e continuarem na mesma ferocidade que tiveram em relação ao Lula, penso que irão quebrar a cara. Dilma é a esperança de levar o Brasil ao que há tanto merece ser, como bem diz Mino Carta no final deste texto. Felizmente o Povo Brasileiro já percebeu quem, de fato, quer o seu bem.
Não me surpreenderei se o Datafolha começar uma operação de pouso em proveito de sua credibilidade. Pois é do conhecimento até do mundo mineral que a candidatura de Dilma Rousseff continua em ascensão e a de José Serra em queda. As próximas pesquisas devem confirmar a tendência. Será possível que a discrepância entre o Datafolha e os demais institutos não comece a encolher?
Uma questão interessante neste momento passa a ser a seguinte: como reagiria a mídia a uma vitória final da candidata de Lula? E como reagiriam todos aqueles da plateia que lhe deram ouvidos? Quem se apressaria a subir no muro e quem manteria em relação ao governo Dilma a mesma feroz oposição observada contra o governo Lula? Existe, por mais vaga e remota, a possibilidade de ruptura de uma frente midiática automaticamente armada desde sempre ao menor sinal de risco para a minoria privilegiada e seus aspirantes?
Sublinho que não ouso me atirar a um precipitado prognóstico eleitoral, de fato emprego o condicional. Mas, aqui e acolá, com meias palavras ou nas entrelinhas, insinuam-se, nas páginas impressas e nas falas dos comentaristas do rádio e da tevê, os indícios de uma comedida, contudo insólita cautela. Sintomático o texto de Merval Pereira, da ala de frente da Escola Serrista, publicado em O Globo de quarta-feira 4.
Registra-se ali a “percepção majoritária de que, ao fim e ao cabo”, Dilma derrotará Serra. Puro espanto de minha parte. Tu quoque, Merval? Logo, como outro pássaro, aquele do Cáucaso, vingador dos deuses do Olimpo traídos por Prometeu, o colega põe o bico na ferida: essa percepção baseia-se, sim, na popularidade do presidente, “mas, sobretudo, no jogo bruto que ele vem usando, não respeitando limites na faina para eleger a sua escolhida”. Excesso de gerúndios e de severidade.
Qualquer presidente, em qualquer canto do mundo democrático, e nem tanto, mergulha na faina (faina?) de, como se diz, “fazer seu sucessor”. Recentemente, para citar personagem do agrado da mídia nativa, o presidente colombiano Uribe esforçou-se bastante para levar à vitória seu ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, por ele ungido candidato à sucessão.
Por outro lado, não estava calculado o peso que o apoio de Lula exerceria a favor da escolhida? Não era este o resultado previsto para a estratégia do plebiscito cultivada pelo presidente mais amado da história do Brasil?
Jamais sustentaria que Merval Pereira é de escalar muros, muito pelo contrário. O que escreve hoje prova que ele ficaria onde está, de opinião e letra intocadas, caso Dilma Rousseff viesse a ser a presidente por ele tão peremptoriamente indesejada. Mas haveria certamente jornalistas e seus patrões de súbito dados ao alpinismo, e entre outros e mais diversos donos do poder, explícito ou acobertado, os senhores do estamento, como diria Raymundo Faoro, dispostos a rever posições em nome do pragmatismo.
Algo me intriga, de certa forma mais ainda, e diz respeito ao comportamento dos leitores que sofregamente esperam pela revista Veja na manhã de sábado, ou que se alimentam diariamente com os editoriais, as colunas, as reportagens editorializadas dos jornalões. E lhes repetem, em estado de parva obediência, de dependência canina, os chavões, os clichês, as frases feitas pelos locais públicos e privados.
Seriam capazes de se perguntar, movidos por razões morais e intelectuais, como se deu uma entrega tão passiva à má informação? Seria salutar exame de consciência. E, sempre em caso de vitória de Dilma – insisto no esclarecimento –, que se daria se ela se habilitasse a dar continuidade ao governo Lula e o Brasil avançasse mais e mais no melhor dos caminhos, rumo ao país que há tanto tempo merece ser?
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Acho que em caso de vitória da Dilma, os jornalistas e os seus patrões, embora de forma disfarçada, poderão rever suas posições em nome do pragmatismo. Só por isso. Também fico imaginando como vai reagir o PIG e seus leitores e apoiadores. Foi por saber o peso que Lula teria em defesa de sua candidata que a mídia tanto o humilhou e atacou. No entanto, quanto mais batia, mais Dilma crescia. Chegamos ao resultado de agora. Tenho a impressão de que, quem se atrever a subir no muro (alpinismo) para se comportar com Dilma como muitos fizeram com Lula, vão ter uma surpresa... Eles têm estilo diferentes de agir e até o "reino mineral" sabe que "quem fica em cima do muro se arrisca a levar pedradas dos dois lados". Lula suportou tudo com muita serenidade. Se esses patrões e profissionais da mídia não fizerem uma auto-crítica das suas posições e continuarem na mesma ferocidade que tiveram em relação ao Lula, penso que irão quebrar a cara. Dilma é a esperança de levar o Brasil ao que há tanto merece ser, como bem diz Mino Carta no final deste texto. Felizmente o Povo Brasileiro já percebeu quem, de fato, quer o seu bem.
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