Prezada jornalista Dora Kramer, serei breve.
A senhora tem se mostrado muito revoltada com a quebra de sigilo fiscal de diversos brasileiros e feito, como aliás tem sido sua missão nos últimos anos, pesadas acusações ao presidente Lula.
Muito bem. É seu direito e inclusive lhe parabenizo pela coragem de nadar contra a maré da opinião da grande maioria dos brasileiros e criticar um presidente com mais de 80% de aprovação popular (chega a mais de 90% entre os pobres e no Nordeste).
Mas, por favor, seja honesta.
Hoje a sua coluna termina repreendendo a candidata Marina Silva por ter cutucado o tucano José Serra, acusando-o de se fazer de vítima. Ao final do texto, porém, há uma frase que apenas serve para desinformar a sociedade:
Prezada jornalista, a senhora por acaso se esqueceu de que, em 2000, ou seja, durante o governo do PSDB, houve um vazamento de proporções muito maiores, onde 17 milhões de brasileiros tiveram seus sigilos fiscais vazados, incluindo o presidente da República?
Para refrescar sua memória, forneço o link de matéria na revista Época sobre o caso e reproduzo abaixo um trecho:
Procurei em vão editoriais bombásticos na imprensa contra esse crime. Ninguém falou em desrespeito aos direitos constitucionais. Ao contrário, acho que o destaque à violação do sigilo do presidente da república ajudou a pintá-lo como "mais uma vítima", e livrá-lo, e a seu governo, da culpa por terem permitido que tal vazamento ocorresse. E não vimos textos apocalípticos como vimos nos últimos dias. O caso foi literalmente abafado.
A senhora esqueceu também que dados sigilosos de políticos foram violados no Rio Grande do Sul, estado governado pelo PSDB? Entre as vítimas estavam o candidato Tarso Genro, adversário da atual governadora nas eleições, e o de uma filha de oito anos de um parlamentar do Partido dos Trabalhadores.
Para ser honesta com seus leitores, portanto, a senhora deveria tê-los lembrado desses fatos, mesmo que fosse para apontar diferenças, nem que fosse para dizer que, em 2000, houve um crime comum sem envolvimento partidário e que agora tudo é culpa do PT. Tinha a obrigação de lembrar do acontecido, ao invés de fazer uma perguntinha retórica que dá a entender que vazamentos dessa espécie jamais ocorreram em governos tucanos.
A senhora tem se mostrado muito revoltada com a quebra de sigilo fiscal de diversos brasileiros e feito, como aliás tem sido sua missão nos últimos anos, pesadas acusações ao presidente Lula.
Muito bem. É seu direito e inclusive lhe parabenizo pela coragem de nadar contra a maré da opinião da grande maioria dos brasileiros e criticar um presidente com mais de 80% de aprovação popular (chega a mais de 90% entre os pobres e no Nordeste).
Mas, por favor, seja honesta.
Hoje a sua coluna termina repreendendo a candidata Marina Silva por ter cutucado o tucano José Serra, acusando-o de se fazer de vítima. Ao final do texto, porém, há uma frase que apenas serve para desinformar a sociedade:
A candidata Marina Silva provavelmente se considerasse vítima da Receita caso seu sigilo fiscal tivesse sido quebrado.
Portanto, quem teve a privacidade violada pelo Estado não se "faz" de vítima. Por definição "é" uma vítima, independentemente da filiação partidária.
Só para raciocinar: e se o sigilo fiscal violado fosse o de um dos filhos do presidente Lula? E se o caso acontecesse no governo do PSDB?
Prezada jornalista, a senhora por acaso se esqueceu de que, em 2000, ou seja, durante o governo do PSDB, houve um vazamento de proporções muito maiores, onde 17 milhões de brasileiros tiveram seus sigilos fiscais vazados, incluindo o presidente da República?
Para refrescar sua memória, forneço o link de matéria na revista Época sobre o caso e reproduzo abaixo um trecho:
As primeiras análises feitas pelo Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo do conteúdo do disco digital amarelo, da marca Dysam, confirmam a quebra do sigilo fiscal de pelo menos 17 milhões de brasileiros. Estima-se que lá estejam todos os contribuintes. Trata-se de uma violação de direito constitucional de proporções gigantescas. Um laudo parcial do IC será divulgado na sexta-feira 3.
Procurei em vão editoriais bombásticos na imprensa contra esse crime. Ninguém falou em desrespeito aos direitos constitucionais. Ao contrário, acho que o destaque à violação do sigilo do presidente da república ajudou a pintá-lo como "mais uma vítima", e livrá-lo, e a seu governo, da culpa por terem permitido que tal vazamento ocorresse. E não vimos textos apocalípticos como vimos nos últimos dias. O caso foi literalmente abafado.
A senhora esqueceu também que dados sigilosos de políticos foram violados no Rio Grande do Sul, estado governado pelo PSDB? Entre as vítimas estavam o candidato Tarso Genro, adversário da atual governadora nas eleições, e o de uma filha de oito anos de um parlamentar do Partido dos Trabalhadores.
Para ser honesta com seus leitores, portanto, a senhora deveria tê-los lembrado desses fatos, mesmo que fosse para apontar diferenças, nem que fosse para dizer que, em 2000, houve um crime comum sem envolvimento partidário e que agora tudo é culpa do PT. Tinha a obrigação de lembrar do acontecido, ao invés de fazer uma perguntinha retórica que dá a entender que vazamentos dessa espécie jamais ocorreram em governos tucanos.
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