A nossa imprensa, sempre dedicada a desinformar e a fazer “campanhas” contra a Petrobras não conseguiu, em semanas, fazer uma matéria tão esclarecedora quanto a que publicou ontem a agência Reuters.
Com base nos dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP, que monitora os preços do setor, o quadro fica escandaloso.
O preço do álcool anidro – aquele que é misturado à gasolina por razões técnicas e ambientais – vendido pelas usinas de cana às distribuidoras subiu, entre 21 de janeiro e 20 de abril acumulou uma alta de 122 por cento. Passou de R$ 1,22 para R$ 2,72.
Com a alta, que tinha condições de processar álcool anidro – o processo é diferente da produção, pois há adição de cal virgem para reduzir a presença de água – correu para o que dava mais lucro.
Nesse período, o preço do anidro representou uma vantagem média de 65% sobre o hidratado.
Como o preço do anidro alto empurra para cima o preço da gasolina que o contém, mesmo a Petrobras não alterando o preço da gasolina em suas refinarias (que se manteve em R$ 1,05), o valor nas bombas subiu.
E se a gasolina sobe, o álcool hidratado sobe atrás porque, ficando mais cara a gasolina sobe a sua demanda e, como para fazer mais anidro a sua oferta diminuiu.
E como a frota de carros – e de carros flex – aumentou e carro não anda sem combustível, a ponta da procura estava garantida.
Tudo, portanto, é um jogo de opções por preços. Menos o efeito disso na economia em geral e na do cidadão em particular.
Agora, o preço do álcool está baixando. Nas usinas, mas não nos postos.
E vai cair mais. Por isso, as distribuidoras compram apenas o necessário à demanda de curto prazo, porque sabem que, amanhã, vão comprar mais barato. Nada de estoques, portanto.
O quadro que estamos vivendo hoje – com reflexos severos em toda a economia, como mostraram hoje os dados do IBGE, que estão no post anterior – é resultado da liberdade que as usinas têm de produzirem o quanto quiserem de cada produto (acrescente aí o açúcar, outra opção) e das distribuidoras de administrarem seus estoques ao bel-prazer das conveniências financeiras.
A m,edida provisória assinada por Dilma Rousseff, que passa a tratar o álcool como o que ele é (combustível) e não mais como outro produto agrícola qualquer dá poderes à ANP para entrar nessa roda.
Pode estabelecer cotas, controlar a produção de cada produto processada, medir estoques das distribuidoras, limitá-los na safra ou fixá-los volumes mínimos nos períodos em períodos críticos como os de hoje.
Embora a MP esteja em vigor, não se teve notícia de nenhuma ação da ANP.
E nós, que vergonha, dependemos que uma agência de notícias estrangeira se interesse em desvendar as razões do aumento de preço dos combustíveis. A nossa prefere ficar batendo na Petrobras, pressionando por um aumento de preço pela empresa e torcendo, torcendo muito, para isso fazer estourar a inflação e desgastar Dilma.
Do Blog TIJOLAÇO.COM
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