quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Denunciar para vencer politicamente e intimidar postulantes hostis às suas causas

Grande imprensa lança suspeitas, mas não esclarece fatos e tampouco se importa com os desfechos
Grande imprensa denuncia, mas não se interessa pelos desfechos

Uma nau sem rumo, um farol que não sinaliza, um gerador de boataria que vitima sua própria credibilidade e debilita importante papel para o controle da sociedade sobre os governos.
Assim a grande imprensa brasileira vem trilhando seus caminhos nos últimos anos, partidarizando seus ataques e fechando os olhos para o que for conveniente.
A imprensa deve apresentar provas daquilo que denuncia, deve investigar para alcançar objetivos claros: se corrupção, o afastamento do cargo público, a punição administrativa e judicial, quando couber e a devolução de valores desviados para a administração pública.

A imprensa tem-se concentrado apenas em cumprir o objetivo de afastar seus denunciados do governo.
Não avança.
Pode ser porque não tenha como provar aquilo que afirma ser verdade.
Talvez porque saiba que na justiça algumas denúncias não se sustentem e os alvos não sejam condenados.
Com certeza porque não se preocupa nem um pouco com a devolução de recursos desviados, quando, de fato, acontecem.

A grande imprensa brasileira vem perdendo credibilidade, sofre com suas partidarizações escandalosas e muitas vezes esta parcialidade escancarada pode beneficiar quem possa ter cometido malfeitos.
Se o jogo é apenas político, pode-se afirmar que a grande imprensa brasileira tem-se saído muito bem na batalha contra o governo Dilma.
Tem ganho de goleada.
Mas o placar das quedas de ministros não se traduz em ganho de credibilidade, nem na evolução de seu papel de prestar informação a sociedade, de maneira transparente e à luz dos fatos, mesmo que com parcialidade.

A mesma sanha com que produz manchetes denuncistas e passa o trator sobre seus adversários, esta mesma imprensa se cala ou não busca se aprofundar nos escândalos de seus patrocinadores e aliados.
A máfia das ambulâncias, oriunda do período em que Serra foi ministro da saúde no governo FHC, foi abafada, não teve qualquer repercussão, não foi severamente investigada.
Serra e Barjas Negri, seu sucessor na pasta, desfilam pelo país sem serem incomodados com qualquer questionamento da mídia a respeito deste fato, supostamente, sem importância para os jornalistas das grandes empresas de comunicação.
Nem os desvios do Metrô de São Paulo, o caso Alston ou o mais recente escândalo da Controlar são averiguados e investigados com tamanha vontade e precisão.
Estes casos parecem não interessar as grandes corporações de mídia brasileiras, não convém.
Isso passa impune a opinião pública?
Nenhum destes fortes indícios prosperaram nas redações dos grandes jornais e revistas do país, nem tampouco o JN se prestou a investigar estes fatos de maneira inicisiva.
As pessoas, em geral, chocam-se com denúncias de corrupção e assim deve ser, mas também, uma parte considerável da sociedade percebe proteções editoriais e desconfia do que é publicado.
A grande imprensa quando trava sua batalha política quer impressionar as pessoas que se contentam apenas com as acusações, mas não se interessam pelo desdobramento dos casos, nem tampouco sabem (porque a imprensa os faz esquecer) os desfechos judiciais sobre as desconfianças lançadas na imprensa.
Afirmações midiáticas que se transformam em vereditos para esta parcela da sociedade.
A imprensa tão somente cria os fatos, os políticos repercutem e os órgãos de controle tratam manchetes como indícios... Um processo pobre de fatos e com poucas chances de produzir condenações.

Corrupto precisa ser punido: administrativa, política e judicialmente.
Dinheiro público precisa ser devolvido aos cofres do Estado.
Quando denúncias são embasadas e as investigações comprovem todas as ilações produzidas pelo noticiário.
Senão vira espetáculo midiático, embate político encarniçado e isso, inevitavelmente, não passa despercebido para uma parte da população que consegue perceber tais movimentos seletivos e de camaradagem com os aliados e radicalizados contra os adversários.
Logo a credibilidade da imprensa vira um debate entre esclarecidos e desavisados e, em algum momento, malfeitores possam escapar da condenação política e judicial e aí a imprensa não terá cumprido seu papel plenamente.
Mas o que parece é que não há interesse da grande imprensa brasileira em se chegar às últimas consequências, talvez por, em alguns casos (pois não posso fazer julgamentos apenas pelo noticiário), não possuir qualquer prova que sustente acusações veiculadas ou, muito pior, porque não esteja nem um pouco interessada em agir pela moralização da adminsitração pública, apenas opera para gerar conflitos políticos e inviabilizar nomes que lhes sejam pouco amigáveis no governo e tornar mais fácil o caminho para a nomeação de aliados as suas causas, políticas, comerciais e ideológicas.
Com a ameaça de ondas denuncistas também inibem políticos que, por dependerem da aprovação da opinião pública para serem eleitos, prefeririam ficar longe do alcance da imprensa brasileira, logo distantes de cargos públicos do primeiro escalão.
Estas estratégias não podem ser desconsideradas.

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