Coroa de
flores em memória da pouca credibilidade que restava à grande imprensa
brasileira, vitimada covardemente, sábado dia 10 de dezembro |
O que foi possível perceber no sábado, dia seguinte ao lançamento do livro de Amaury Ribeiro Jr. sobre os esquemas arquitetados pelos tucanos e Cia Ltda para desvios de bilhões de dólares das privatizações, durante governo FHC, tendo como expoentes José Serra e Ricardo Sérgio de Oliveira, foi de total descaso e indiferença.
Parece que nada foi dito, publicado ou investigado.
Apenas a revista Carta Capital e alguns portais da internet se deram ao trabalho de comentar o fato escandaloso. No mais o trabalho foi levado a cabo, com enorme dedicação, pela blogosfera brasileira.
É preciso contextualizar o fato
As privatizações ocorridas no governo FHC resultaram em 78,61 bilhões de dólares de receita para o Estado, mas não impediu o país de continuar aumentando a dívida pública, que saltou de 60 bilhões de dólares em julho de 1994, para 245 bilhões em novembro de 1998.
Quadruplicando-se em apenas quatro anos!
O BNDES financiou, àquela época e indevidamente, com grandes linhas de crédito os recursos utilizados na compra do patrimônio público por empresas privadas. Uma "apropriação" do patrimônio público brasileiro por grupos privados privilegiados, boa parte de capital estrangeiro.
O governo vendia por uma lado as empresas e pelo outro lado do balcão, também estava lá para oferecer dinheiro para comprar as empresas que liquidava, negócio de "pai para filho".
Bilhões de reais que evaporaram, na liquidação a preço de ocasião, em esquemas de desvios desses recursos que, justamente, o repórter Amaury Ribeiro Jr. apresenta em seu livro "Privataria Tucana", sustentado por documentação que comprova, cabalmente, aquilo que afirma.
A imprensa, nos ínfimos espaços que concedeu, só se preocupou em ouvir acusados para desqualificar o autor. Tentativa arriscada de tornar as muitas acusações contidas na publicação em disputa política rasteira.
Não se deu ao trabalho de analisar coisa alguma, nem de confrontar as pessoas listadas como participantes de crimes contra o país.
A imprensa brasileira deu um tiro em sua credibilidade, a essa altura já bastante alvejada, ao ignorar fatos que a História já se dá ao trabalho de contar. O autor em uma entrevista on line, transmitida por diversos blogues afirmou que outros livros estão sendo produzidos e deverão ser lançados, de outros autores, para se ocuparem desta "ação entre amigos" que desfalcou o país de grandes riquezas, entregues a preço de banana em final de feira, com dinheiro emprestado pelo próprio vendedor em condições para lá de especiais.
Foi preciso o governo Lula rebater, dia após dia, as teses neoliberais que quase quebraram o país e fizeram FHC socorrer-se ao FMI por três vezes, para que as pessoas, em grande maioria, percebessem que as empresas públicas não funcionavam bem porque o Estado brasileiro, deliberadamente, as sucateava para depois afirmarem que era preciso desfazer-se delas, a qualquer preço.
Em uma pesquisa encomendada pelo jornal Estado de São Paulo em 2007, apontou que 62% dos entrevistados eram contra a privatização de serviços públicos, feita por quaisquer governos.
Mesmo com toda a propaganda neoliberal tardia que a imprensa brasileira ainda faz, todos os dias.
Esta mesma imprensa conservadora que resolveu apagar um evento de grande magnitude política da vida de milhões de brasileiros, simplesmente porque não quer fazer sangrar aliados e patrocinadores, porque, também, não quer sangrar junto.
E as pessoas comuns vão continuar embarcando na, suposta, pauta ética da imprensa após tamanha edição da História brasileira?
Não informar a sociedade, oferecendo subsídios para tomada de decisões e escolhas corretamente não configura uma falta grave?
Esconder fatos de grandes proporções, para proteger "parceiros", não desmorona a fé pública em suas afirmações editoriais, quaisquer que sejam ou contra quem sejam?
Sábado foi o dia do "nada aconteceu", "não há o que comentar", "vida que segue".
Tornou-se o dia do velório da credibilidade da grande imprensa brasileira, que vinha definhando aos poucos, a olhos vistos e demais sentidos perceptíveis.
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