Saiu na Folha, na pág. 4, um resumo do voto inesquecível de "Gilmar Dantas" na Ficha Limpa (leia, por favor, “Gilmar ignora a “turba”):
“Não
se deve esquecer, ademais (sic) que essa tal opinião pública (que quer a
lei) é a mesma que elege os chamados candidatos fichas sujas.”
Formidável.
Designado por Fernando Henrique Cardoso – sua mais desditosa herança – só poderia ser assim: essa “tal” de opinião pública.
Deve ser a “tal” opinião pública que elegeu o Fernando Henrique duas vezes, no primeiro turno.
“Tal”!
Na
mesma Folha está o mestre Joaquim Falcão, que merecia ter ido ao
Supremo e que se notabilizou no Conselho Nacional de Justiça, ao
aposentar um Juiz de Goiás que acumulava as funções de administrador da
Lei com a administração de seus negócios particulares – na área da
Educação.
Bateu na trave, não foi isso, Ministro "Gilmar Dantas"?
Vamos ao que disse o mestre Falcão, nesta quinta feira, depois de a “tal “opinião prevalecer e aprovar a Ficha Limpa:
Aprovação da Lei da Ficha Limpa dá início a uma nova forma de democracia
JOAQUIM FALCÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Até
que ponto o Supremo Tribunal Federal deve ir contra a vontade do povo?
Vontade do povo, concretizada em emenda popular, votada, aprovada e
transformada na Lei da Ficha Limpa pelo Congresso Nacional?
Lei
que obteve o consenso da mídia, redes sociais, demonstrado por
pesquisas? Este foi o debate principal da decisão do STF de ontem.
Quem
oportunamente levantou essa questão foi o ministro Luiz Fux. Não viu
motivos para o Supremo ir contra a vontade do povo constitucionalmente
fundamentada na moralidade da vida política e socialmente sustentada.
Logo apoiado pelos ministros Joaquim Barbosa, Lewandoski, Cármen Lúcia,
Ayres Brito e Rosa Weber.
O
ministro Gilmar Mendes, porém, foi contra. Tentou, sem êxito, minimizar a
influência da opinião do povo, mídia e congressistas, na decisão de um
ministro da corte.
O Supremo
teria função, em alguns casos, de limitar a vontade da maioria popular e
congressual. Declarar a ficha limpa constitucional.
O
debate clássico no direito é este. Quem influencia uma decisão do
Supremo? Em nome de quê um ilustre autor estrangeiro deve influenciar o
voto de um ministro do Supremo, mais do que a opinião da maioria de seus
cidadãos?
Esta discussão
aparentemente teórica tem importância vital para o Brasil de hoje e
amanhã. A maneira pela qual a Lei da Ficha Limpa foi feita - mobilização
popular, apoio da mídia, mobilização tecnológica, emenda popular,
transparência na votação do Congresso - aponta para um novo tipo de
democracia.
É uma democracia além de eleitoral, participativa também das grandes e cotidianas decisões nacionais.
A
liberdade de imprensa, a tecnologia das redes sociais e a maturidade
educacional dos cidadãos, tudo conduz a uma maior demanda de
participação popular. Este é futuro democrático inevitável.
A
maioria dos ministros entendeu que não havia justificativa para
desprezar a vontade popular e dos congressistas. A maioria do povo não
pede o holocausto nem a crucificação de Jesus. Pede só mais moralidade
pública.
Como disse a ministra
Rosa Weber, a Constituição não assegura o direito adquirido à
elegibilidade. Ao contrário, a Constituição a condiciona à moralidade e à
probidade.
Em que momentos,
muitos especiais, o Supremo deve assumir o que se chama de posição
contramajoritária? O debate sobre os limites de um Supremo acima da
vontade popular está colocado.
JOAQUIM FALCÃO é professor de direito constitucional da FGV Direito-Rio.
Permita o mestre Falcão um pitaco.Nessa nova democracia, Gilmar Dantas e Marco Aurélio (Collor de) Melo, o que se refere à “turba”, não tem mais espaço.Sobreviverão num opulento escritório de advocacia – o de Sergio Bermudes, quem sabe ? -, como parece ser o destino de "Gilmar Dantas".Ou na pedante obscuridade, que é o que parece estar destinado a (Collo de) Melo.O Conversa Afiada faz questão de ressaltar que o conservadorismo de Celso de Mello e de Cezar Peluzo – que também votaram contra a Ficha Limpa – se manifesta em termos elevados e compatíveis com a batalha das ideias que deve prevalecer numa Democrcia.Democracia que só se legitima na soberania da “tal” opinião pública.Em tempo: a charge do Bessinha sobre o grampo sem áudio se ilustra com Luiz Fernando Corrêa, que acaba de ser defenestrado da elevada função de Responsável pela Segurança da Copa de Mr. Teixeira, embora, até hoje, não tenha achado o áudio do grampo da conversa de Gilmar Dantas com o senador Demóstenes Torres. Aquela conversa que resultou na degola do ínclito delegado Paulo Lacerda e o consequente torpedeamento da Operação Satiagraha, que sobreviverá. Inclusive na blogosfera, onde está mais viva do que nunca!Paulo Henrique Amorim
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