O uruguaio Loco Abreu, apesar da extravagância dentro de campo e do
jeitão falador, raríssimamente frequenta programas esportivos, aliás,
pelo que me consta, nesses anos atuando no futebol carioca, nunca soube
de nenhuma participação dele em qualquer canal de televisão.
É sabido que Loco tem uma relação bastante crítica no que tange a
atuação da mídia brasileira; assim , confesso que estranhei, hoje pela
manhã, ao girar pela grade e vê-lo como convidado do programa Redação
Sportv.
Vou pular algumas partes que já mencionei acima, pra ir direto no ponto
que mais me chamou atenção por sua coragem e determinação em dizê-lo. O
programa fluía normalmente até que lá pela metade, um determinado quadro
abordava a entrevista de um jogador do Cruzeiro que fizera dois gols na
partida de ontem, contra o Atlético. Ao sair de campo, o jogador foi
interpelado pelo repórter sobre um gol teoricamente fácil que havia
perdido e deu uma resposta ousada , dizendo que aquela não era a
primeira nem a última vez que perde ou perderia gols, etc.
André Risek, resolveu então perguntar para El Loco, sua opinião sobre as declarações do jogador cruzeirense.
- Loco, você como jogador de muita personalidade, que sempre dá
entrevistas que fogem da mesmice, eu gostaria de saber o que você achou?
Loco Abreu , como bom artilheiro que é, olhou pra bola levantada e
resolveu usar a cabeça, sua especialidade dentro e fora de campo, pra
marcar essa:
- Eu acho o seguinte: O garoto fez dois gols na partida e o repórter
vai lá pra falar justamente do gol que ele perdeu [...] Mas é isso que
acontece aqui no Brasil eu já aprendi que aqui não se faz um jornalismo
sério, mas um jornalismo de confusão. Ficam explorando a negatividade
pra ver se vai render [...] Por exemplo, tem três jornalistas do Globo
Esporte que eu não falo mais; eles vão ao treino do Botafogo e eu não
falo mais com eles, pois já sei no que vai dar..
O programa segue e mais a frente Rizek ainda tenta salvar a coisa:
- [...] Pois é você que gosta de discutir tática sente falta disso
por aqui, acha que se discute pouco sobre tática no futebol brasileiro?
Loco, nessa manhã, estava mesmo impossível; mata no peito, olha pro gol
aberto e, com elegância, faz mais um pra liquidar de vez a fatura:
- Mas aí é aquilo que eu te falava, o jogo acaba o repórter vem
perguntar o que eu achei eu falo que o time jogou num 4 -3-2-1 mais
avançado e tal [...] aí o cara vai lá e escreve depois que eu tô
querendo questionar o treinador [..] Aí agora, sabe o que eu faço? Não
falo mais nada.
Se André Rizek e a turma dos bem amigos podiam ter dormido sem essa eu
não sei, mas pra um segunda-feira pós feriado acho que eu não poderia
ter acordado melhor.
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