Blogueiro, que já foi atacado pela revista e se vingou com dossiê Veja,
faz interessante conexão a partir dos grampos de Cachoeira; o bicheiro
tinha interesse em construir escolas de baixo custo seguindo um modelo
chinês e alugá-las para o governo; logo depois, Veja fez capa em que
tratou do assunto
Não são poucas nem raras as conexões entre a revista Veja e o bicheiro
Carlos Cachoeira. O contraventor produziu o vídeo sobre Maurício
Marinho, que deu origem à CPI dos Correios, em 2005, foi auxiliado pela
revista quando era alvo de uma CPI do jogo no Rio de Janeiro e, ao que
tudo indica, também filmou as cenas do Hotel Naoum, em Brasília, que
deram origem a uma capa recente da publicação, sobre encontros do
ex-ministro José Dirceu com autoridades como o ex-ministro Fernando
Pimentel e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Em todos esses casos, a revista terá sempre o mesmo argumento para
defender a parceria: os filmes, ainda que ilegais, teriam permitido
desbaratar quadrilhas, filmar corruptos e economizar alguns milhões para
a União, como diria o blogueiro Reinaldo Azevedo. No entanto, neste
domingo, o jornalista Luís Nassif – que já foi atacado por Veja, na já
extinta coluna de Diogo Mainardi, e também contra-atacou escrevendo um
dossiê sobre a publicação – fez uma interessante conexão entre uma
reportagem da revista e a defesa de interesses privados de Cachoeira na
área de educação.
O ponto de partida foi uma reportagem do portal G1, das Organizações
Globo, que revelou tentáculos do grupo de Cachoeira até na Secretaria de
Educação de Goiás. O secretário do governo Marconi Perillo, Thiago
Peixoto, teria repassado ao bicheiro um modelo de escolas chinesas que
poderia ser implantado em Goiás. Seriam escolas de baixíssimo custo, mas
também muito eficientes, que seriam construídas pela iniciativa privada
e alugadas ao Estado – ressalte-se que Cachoeira, ao que tudo indica,
era também sócio oculto da construtora Delta em Goiás.
Além deste fato, Nassif resgatou um grampo entre Cachoeira e o araponga
Jairo Martins, que foi publicado pela própria revista Veja há duas
semanas, para isentar seu diretor Policarpo Júnior, interlocutor
frequente da dupla. É o grampo em que Cachoeira diz que “Policarpo nunca
vai ser nosso” e que foi publicado, de forma incompleta, por Veja.
A conversa inteira é a que segue:
Cachoeira: Certamente, rapaz. Nós temos de ter jornalista na mão, Jairo.
O Policarpo nunca vai ser nosso. A gente vai estar sempre trabalhando
para ele e ele nunca traz um negócio. (a partir de agora entram os trechos não publicados por Veja há duas semanas)
Por exemplo, eu quero que ele faça uma reportagem de um cara que está
matando a pau aqui, eu quero que eles façam uma reportagem da educação,
sabe, de um puta projeto de educação aqui. Pra você ver: ontem ele falou
pra mim que vai fazer a reportagem, mas acabando esse trem aí ele pega e
esquece de novo. Quer dizer, não tem o troco sabe.”
Fazendo a tradução, “esse trem aí” é provavelmente o filme do Hotel
Naoum, cuja capa foi publicada em outubro de 2011. O “puta projeto” era a
importação do modelo chinês de construção de escolas. E o “troco”
talvez seja a capa de Veja chamada “A arma secreta da China”, que
tratava da “educação em massa”.
Uma reportagem feita por Gustavo Ioschpe, especialista da revista Veja
em educação, que foi à China conhecer o modelo das escolas. Num dos
trechos, ele destacou o modelo de construção. “Os prédios são parecidos
com os de muitas escolas brasileiras, ainda que um pouco mais
verticalizados. São escolas grandes, a maioria com mais de mil alunos
(...) em algumas, cada série ocupava um andar. Essa organização do
espaço é relevante. Pois em cada andar há uma sala de professores...”
Será que este modelo seria replicado em Goiás? Construído por Cachoeira,
implantado por Perillo e exaltado por Veja? Com informações de Brasil
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Do Blog O TERROR DO NORDESTE.
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