domingo, 20 de abril de 2014

CPI da Petrobras esfria mas oposição abre plano B contra Dilma

Dilma tem em Lula seu principal conselheiro político e maior cabo eleitoral
Redação, Correio do Brasil 

'As respostas da presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, e do diretor da petrolífera estatal Nestor Cerveró aos parlamentares, aliadas aos riscos que a oposição corre em uma investigação mais profunda sobre a distribuição de propinas no Metrô de São Paulo ajudaram a esfarelar aquela que seria a ‘bala de prata’ do candidato Aécio Neves (PSDB-MG) contra a adversária Dilma Rousseff na corrida ao Planalto. Mas a direita, aliada à mídia conservadora, não perdeu tempo em iniciar um ‘plano B’ contra a atual mandatária.

Ainda neste Sábado de Aleluia, em pleno feriado de Páscoa, o senador de ultradireita Álvaro Dias (PSDB-PR) divulgou a senha da mais nova missão contra o atual governo, em uma rápida entrevista ao colunista do diário conservador carioca O Globo Ricardo Noblat. Dias afirmou, com todas as letras, que é preciso “desconstruir a imagem do governo, alimentando o noticiário negativo com ação afirmativa”.

A ordem, segundo o parlamentar da oposição, é alimentar os veículos ligados ao cartel midiático da extrema direita com notícias negativas para “desconstruir” a imagem do governo. O combustível para a nova frente de batalha foi inserido nas últimas pesquisas de opinião divulgadas nos jornais conservadores. Segundo o Ibope, a presidenta Dilma continua na frente nas pesquisas de intenção de votos, mas sua queda, de 40%, em março, para 37%, segundo Dias, mostraria que a “insatisfação da população com o governo é grande. Isso tende a trazer votos para a oposição”.

Ainda segundo o senador, “há forte tendência de queda de Dilma, verificada a cada pesquisa. Essa tendência vai se avolumar com o noticiário negativo. São as más notícias que desgastam e derrubam o governo. Temos um tempo de maturação para que esse noticiário reflita nas intenções de voto”.

Cientista obscuro

Foi o que bastou para que o principal jornal das Organizações Globo publicasse, em sua última edição, que 34% na preferência dos eleitores é a última margem antes do abismo eleitoral. “A julgar pelo retrospecto de 104 eleições para governadores e presidente desde 1998 em que havia um candidato tentando a reeleição, analisadas pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, Dilma hoje não se reelegeria”.

Segundo o estudo do obscuro cientista político, ligado ao Instituto Millenium e pinçado pela reportagem, “justamente quando teve 34% ou menos de avaliações de gestão ótima ou boa antes do pleito, nenhum candidato que tentou a reeleição, desde que ela foi instituída, foi bem-sucedido”.

“Os que tinham aprovação de 46% ou mais, ao contrário, tiveram 100% de êxito”, afirma Almeida.

Ocorre, porém, segundo o diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, que levar a sério o que divulgam o Ibope e o Instituto Datafolha seria “uma prova de irremediável subdesenvolvimento”. Em uma análise um pouco mais profunda dos números divulgados, “quando a pergunta se restringe a três candidatos (Dilma, Aécio e Eduardo ou Marina), Dilma chega a 39%, Aécio e Eduardo e Marina ficam lá patinando, como sempre”.

Diante dos números, o jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu blog Conversa Afiada, afirma que “não é só isso”.

“Vamos supor que o Globope e o Datafalha não sejam virtuosos. O que está muito longe de qualquer isenta análise. Eles têm uma história de virtude e precisão. Mas, vamos supor que, às vezes, num ato de irresistível tentação, eles pretendessem ajudar seus candidatos: da Folha e da Globo Overseas.

Nas últimas eleições presidenciais de 2010 – aquela em que o Cerra (…) deu uma surra num poste -, votaram 140 milhões de brasileiros. Dez por cento dos votos foram brancos e nulos. Sobram 126 milhões de votos validos. Se o Datafalha e o Globope não fossem virtuosos, eles teriam à disposição dois pontos percentuais para lá e dois pontos percentuais para cá para administrar”.

“Porque, como se sabe, ‘margem de erro’ é mais flexível do que bambu na ventania. Dois pontos pra lá e dois pontos pra cá num universo de 126 milhões equivalem à população de Minas e do Rio Grande do Sul somadas! É muito poder! Seria inadmissível que dois institutos de pesquisa (?), se não fossem virtuosos, pudessem, numa canetada, num telefonema – como o Augusto Montenegro costumava fazer no fechamento da cobertura de eleições da Globo quando o ansioso blogueiro lá trabalhava – num telefonema pudesse administrar os votos da população de Minas e do Rio Grande do Sul:

‘Tira daqui, põe ali !’. Ainda bem que eles são virtuosos!”, presume Amorim.

Antídoto

Diante da nova articulação da direita, a cúpula petista começou a trabalhar para definir quais Estados receberão, primeiro, as visitas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais poderoso cabo eleitoral da presidenta Dilma Rousseff. São três as prioridades, segundo fonte na direção do PT: aqueles de maior peso eleitoral, redutos governados por petistas e onde há aliança pacificada com siglas da base.

No primeiro grupo figuram São Paulo e Minas Gerais, onde Lula tem participado da pré-campanha desde fevereiro, tanto no palanque de Fernando Pimentel, em Minas, quanto em três grandes cidades paulistas, ao lado de Alexandre Padilha. Também são considerados relevantes para a legenda os redutos dos quatro governadores petistas: Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Acre. Nos três últimos, o governador tentará a reeleição.

Outro Estado que já figura no roteiro de Lula é Pernambuco, terra natal do ex-presidente e do pré-candidato Eduardo Campos (PSB). O PT local aposta na imagem de Lula para enfrentar a popularidade do ex-governador Campos.
– A participação dele e a ida de Dilma serão fundamentais – disse o senador Humberto Costa (PT-PE) a jornalistas.

Pesa, ainda, na escolha de Lula a presença de rivais, como ocorreu nas eleições municipais de 2012. Naquele ano, ele fez questão de ir a Salvador e a Manaus para tentar tirar votos de ACM Neto (DEM) e de Arthur Virgílio (PSDB), nomes com quem teve rusgas em seu governo. Agora, são esperadas as visitas ao Paraná, onde Gleisi Hoffmann (PT) disputa contra o governador Beto Richa (PSDB), e a Goiás, onde a chapa petista, ainda em definição, irá enfrentar o governador Marconi Perillo (PSDB)."

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