segunda-feira, 30 de junho de 2014

A torcida brasileira é ridícula. A seleção precisa se acostumar

José Antonio Lima - Esporte Fino

Mineirão, oitavas de final da Copa do Mundo, Brasil x Chile. No início da prorrogação, Hulk consegue um escanteio. Olha para a torcida brasileira, bate no braço como quem diz que tem sangue naquelas veias, pede vibração. Alguns respondem, mas muitos talvez não estivessem nem vendo o lance. Esse é um dos dramas da seleção brasileira no mundial que disputa em casa. Não há vaias, o que é bom, mas não há apoio firme, o que é péssimo. Será assim enquanto o Brasil estiver na disputa do título, e os jogadores precisam se acostumar com isso.
Como ocorre em todos mundiais, milhões de brasileiros viram torcedores, mesmo que não tenham visto uma bola rolar nos quatro anos anteriores. Para muitos, a Copa do Mundo não é o torneio esportivo mais importante do planeta, mas motivo de festa e confraternização. Por isso é tão comum observar, nas aglomerações onde os jogos são vistos, pessoas tocando corneta durante as partidas ou indo embora no meio delas. Não há problema algum nisso, pois cada um “torce” do jeito que bem entende.
O problema, para a seleção brasileira, é que nos estádios esse tipo de comportamento parece ser a regra. Uma quantidade enorme de frequentadores das arenas da Copa não está lá para torcer, mas para ver e ser visto, para se divertir, e eclipsa a minoria que comprou ingresso para apoiar a seleção. É comum ver pessoas “produzidas” no estádio; outras fazendo selfies com a bola rolando, algumas levantando para comprar comida aos 43 do primeiro tempo e muitas voltando do intervalo após o reinício do jogo.
No Mineirão, isso ficou claro. Mesmo diante do dramático jogo do Brasil, houve quem desejasse tirar foto com famosos entre o tempo normal e a prorrogação, quem sorrisse e vibrasse quando aparecia no telão no meio da batalha com o Chile e até gente filmando a disputa de pênaltis. Para essas pessoas, o importante não era apoiar a seleção, mas registrar o evento e poder dizer que esteve lá. É como se cada partida da seleção fosse um espetáculo do Cirque du Soleil.
É verdade que torcedores das 32 seleções agem assim. É verdade também que o Brasil ganhou cinco Copas do Mundo fora de casa e, portanto, com pouca torcida. Mas é justamente por jogar em casa que a torcida era mais necessária.
Os 23 jogadores do Brasil convivem com a expectativa do título, mas ao mesmo tempo correm um enorme risco. Eles estão na fila para se tornarem os novos Barbosas. Um deles, talvez de forma injusta como o goleiro de 1950, pode ser “eleito” o culpado por uma nova derrota do Brasil em casa, que será falada pelos próximos 64 anos. Não é uma pressão pequena, e pode ajudar a explicar a clamorosa tensão do time e a intensa choradeira vista até aqui.
Nos momentos mais nervosos, a impressão é que a “torcida” do estádio, em silêncio quando o time mais precisa, vai iniciar o massacre se o time perder. No dia seguinte a uma eventual derrota, vários ali não estarão se importando, mas atacando os jogadores.
O assunto é sensível para a comissão técnica. Tanto é que o técnico Luiz Felipe Scolari vive agradecendo o apoio do torcedor, mesmo quando este não ocorre. Por óbvio, a preocupação é manter o público ao lado da seleção. Na noite de sexta-feira 27, Felipão foi além. Aceitou participar de uma constrangedora reportagem do  Jornal Nacional  na qual tentava instituir um novo grito de apoio à seleção. Não deu certo, talvez porque a “torcida” do estádio seja tão alienada em termos futebolísticos que nem mesmo acompanha o noticiário para saber quão ridicularizado é o “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
O que temos são estádios repletos de não torcedores com ingresso. Muitos não compreendem que futebol não é diversão, mas drama, e que apoiar o time mesmo nos momentos mais sofridos é a primeira cláusula do contrato que você assina na infância quando adota um clube, e que serve também para a seleção, para quem escolhe torcer por ela, em especial em uma Copa do Mundo.
É triste, mas é a realidade. A seleção brasileira não é a prioridade da torcida e não vai ser. Os jogadores precisam entender isso e buscar motivação e confiança dentro do grupo. Das arquibancadas, isso não virá.

Melo alerta contra ‘mensageiros do apocalipse’ nas eleições

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Segundo o colunista Ricardo Melo, ‘a enxurrada de algarismos para mostrar um país à beira do abismo ocupa boa parte do noticiário "mainstream". Na outra ponta, estatísticas de toda sorte surgem para falar o inverso’; “Se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais importante da República”, questiona
247 O colunista Ricardo Melo faz um alerta sobre previsões dos ‘mensageiros do apocalipse’ em período de eleições, a exemplo do ocorrido com a Copa.
“Os profetas do caos capricharam: alguns apostaram que as arenas só ficariam prontas após 2030. Só faltou pedirem à população que estocasse alimentos em face da catástrofe”, ironiza.
Segundo ele, se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais importante da República. ‘A enxurrada de algarismos para mostrar um país à beira do abismo ocupa boa parte do noticiário "mainstream". Na outra ponta, estatísticas de toda sorte surgem para falar o inverso. Quem tem razão?’, diz (leia mais).

A mídia e a Copa

LULA X O GLOBO - EX-PRESIDENTE APLICA GOLEADA NO JORNAL DA FAMÍLIA MARINHO

EM CONTRA ATAQUE FULMINANTE, INSTITUTO LULA DESMONTOU A TÁTICA DE DESQUALIFICAÇÃO DO JORNAL.

O Globo é um Jornal VICIADO em atacar LULA, atacar o PT, atacar a presidente Dilma Rousseff. Em se tratando do atual governo, e do governo anterior, não conseguem nunca, ou quase nunca, produzir uma matéria isenta, equilibrada, informativa, sem descambar para a desqualificação e manipulação. Quando se contesta um NÚMERO, uma ESTATÍSTICA apresentada, se para essa contestação é utilizado uma forma de medição / avaliação, diferente, faz-se necessário dizer isso, para que o leitor possa fazer seu juízo de valor de forma séria e sem opinião pré-concebidas. Até nisso, na ânsia de atacar Lula, o Globo despreza, assim como rotineiramente despreza o sagrado direito de defesa, e jamais, jamais, reconhece seus próprios ERROS.

DESTA VEZ, PORÉM, O TIRO SAIU PELA CULATRA, e a matéria publicada permitiu que fossem destacadas algumas das muitas realizações  e MUDANÇAS PARA MELHOR que aconteceram no Brasil nos últimos 11 anos e meio. Nos seis meses que ainda faltam para a presidente Dilma Roussef completar seu mandato, muita coisa boa ainda será feita, muitas OBRAS inauguradas. Mas tudo isso, a imprensa partidarizada faz questão de esconder, ou dá pouco destaque.

PARA FURAR esse BLOQUEIO MIDIÁTICO, essa RETRANCA de MÁ VONTADE e de MANIPULAÇÃO da informação e da notícia, que parte da imprensa brasileira coloca "em campo" contra LULA, o PT e a presidente Dilma, só mesmo como agora tem feito o INSTITUTO LULA, recuperando a BOLA dos DADOS e NÚMEROS, partindo para o contra-ataque, driblando a desinformação e colocando nas REDES SOCIAIS e canais alternativos de comunicação do Brasil, a resposta que RESTABELECE a VERDADE dos FATOS.

LEIA AQUI A RESPOSTA DO INSTITUTO LULA

Mídia global confirma: Brasil faz Copa das Copas


"Pesquisa realizada com 117 jornalistas de vários países aponta que 38,5% consideram o Mundial de 2014 como o melhor já visto; a Copa na Alemanha, em 2006, é a segunda colocada; levantamento foi realizado pelo portal Uol, do grupo Folha, e divulgado nesta segunda-feira 30; clima de terror promovido pela imprensa brasileira e pela oposição ao governo Dilma, antes do início do evento, teve efeito contrário: depois de dezenas de reportagens mostrando a satisfação dos torcedores estrangeiros, agora é a vez da imprensa

Brasil 247

O mau humor e o clima de terror propagado pela imprensa brasileira – que difundiu as previsões pessimistas para os veículos de comunicação internacionais – e pela oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) teve efeito inverso. Pesquisa realizada pelo portal Uol, do grupo Folha, divulgada nesta segunda-feira 30, aponta que boa parte dos jornalistas estrangeiros veem a Copa do Mundo no Brasil como a melhor.

O levantamento foi feito com 117 profissionais de comunicação que estão cobrindo o evento no Brasil. Do total de entrevistados, 38,5% consideram a competição sediada no País como a melhor já vista. Em segundo lugar vem a Copa realizada na Alemanha, em 2006, com 19,7% das respostas, e em terceiro a da África do Sul, em 2010, que recebeu a aprovação de 5,1% dos jornalistas entrevistados.

Na quarta posição vem a Copa sediada nos Estados Unidos, em 1994, quando o Brasil recebeu o título de tetracampeão, seguida por Itália-1990 (com 3,4% dos votos), França-1998 (3,4%), Japão e Coreia-2002 (3,4%), México-1986 (1,7%), México-1970 (1,7%) e Alemanha-1974 (0,9%). Entre os entrevistados, 1,7% não respondeu. Segundo a pesquisa, 16,2% dos profissionais disseram estar cobrindo o primeiro Mundial.

Há cerca de 20 dias, quando a Copa desse ano ainda não havia começado, seria praticamente impossível prever os números que acabam de ser apresentados na mostra, tal a sensação propagada pelos grandes jornais brasileiros de que tudo daria errado. As obras inacabadas, dificuldades nos meios de transporte e até a previsão de uma epidemia de dengue eram destaques nos veículos da imprensa.

Vê-se, porém, que depois da satisfação dos torcedores estrangeiros, que ressaltam com frequência a hospitalidade do povo brasileiro e a satisfação em conhecer o País – como podemos ver agora em reportagens diárias – que os jornalistas estrangeiros também concluíram que tudo não passou de um grande exagero."

Para imprensa estrangeira, esta é a melhor Copa de todas


38,5% dos entrevistados

Os jornalistas estrangeiros estão gostando da Copa do Mundo do Brasil. Um pesquisa feita pelo UOL Esporte com 117 profissionais constatou com o Mundial deste ano é o melhor já visto pela maioria deles.
O levantamento ouviu jornalistas na primeira fase e concluiu que 38,5% dos entrevistados consideram o Mundial brasileiro como o melhor já visto. A Copa do Mundo de 2006, que foi realizada na Alemanha, aparece na segunda posição da pesquisa, com 19,7% das respostas. Vale destacar que 16,2% dos jornalistas disseram estar cobrindo sua primeira competição.
O torneio organizado na África do Sul, em 2010, fica em terceiro lugar na lista, com 5,1%. Já o palco do tetracampeonato brasileiro em 1994, nos EUA, foi o quarto melhor mundial na opinião dos profissionais.
Aparecem na sequência Itália-1990 (3,4%), França-1998 (3,4%), Japão e Coreia-2002 (3,4%), México-1986 (1,7%), México-1970 (1,7%) e Alemanha-1974 (0,9%). Entre os entrevistados, 1,7% não respondeu a pesquisa. As informações estão na UOL

Veja quem votou:

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Do Blog Os Amigos do Presidente Lula.

Vaias ao hino chileno e xingamentos a Dilma mostram torcida rica e mal educada

Torcedoras vaiam durante a execução do hino do Chile, em uma demonstração de incivilidade e grosseria
Correio do Brasil

"Estádios cheios de gente branca, rica e… mal educada. Esta é a realidade que a Copa do Mundo tem mostrado aos países que transmitem os jogos do mundial, até agora. No Itaquerão, em São Paulo, xingamentos pesados à presidenta da República, Dilma Rousseff, e agora, no Mineirão, em Belo Horizonte, vaias ao hino chileno têm sido alvo de críticas tanto na imprensa internacional quanto nas redes sociais.

Neste domingo, o blogueiro Leonardo Sakamoto, um dos mais acessados na internet, questiona: O que leva uma pessoa a vaiar o hino de outro país enquanto ele é executado em um jogo de Copa do Mundo?

“Entendo que, em bando, os seres humanos não raro ficam mais idiotas. Isso é facilmente comprovável, por exemplo, por algumas torcidas organizadas que compensam suas frustrações cotidianas e reafirmam identidades de forma tosca através da violência”.

Leia, na íntegra, o artigo de Sakamoto

Contudo, não são as torcidas organizadas que preenchem as arquibancadas dos estádios de futebol nestes jogos da seleção (aliás, se fossem, ao menos empurrariam o time o tempo inteiro ao invés de ficarem em silêncio, com cara de susto e medo, diante de momentos tensos), mas grupos com maior poder aquisitivo, dado o preço de boa parte dos ingressos.

Renda pode até estar diretamente relacionada à obtenção de escolaridade de melhor qualidade. Mas escolaridade definitivamente não está relacionada com educação. Ou respeito. Ou bom senso. Ou caráter.

E considerando que, provavelmente, muitos dos que vaiaram o hino do Chile quando executado à capela foram os mesmos que, minutos depois, estavam cantando “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, posso concluir que o sujeito é guiado pela aversão do estrangeiro característica da xenofobia. Aversão potencializada e exposta pela covarde sensação de segurança por ser maioria e estar em casa.

Vaiar o hino do adversário não é uma brincadeira. Muito menos uma catarse coletiva, uma indignação contra a cantoria à capela do outro. Nem ajuda na partida. Pelo contrário, mostra para o mundo que está assistindo pela TV que nós, brasileiros, podemos ser tão preconceituosos quanto os preconceituosos que, não raro, nos destratam no exterior simplesmente por sermos brasileiros.
Aos vizinhos chilenos, portanto, peço que nos perdoem. Parte de nossos conterrâneos não sabe o que faz."

O time é de guerreiros. Mas quem é o inimigo?

Reproduzimos um discurso segundo o qual “ninguém vai vir aqui pisar em cima da nossa bandeira”. Por isso vemos jogadores como David Luiz correr para a torcida com os olhos cheios de lágrimas e o antebraço quase esfolado de tanto bater para mostrar que ali corria sangue. Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
"Lágrimas, vaias ao hino rival e discurso sobre honra: a linguagem bélica tornou o futebol um campo de batalha. Por isso foi insuportável assistir à partida 

Matheus Pichonelli, CartaCapital

Não foi porque o Paulinho saiu. Nem porque o Fernandinho entrou. Ou porque o Felipão mexeu mal. Porque Jô e Fred não acertaram o pé. Porque o Neymar foi anulado. Porque o meio-campo evaporou. Ou porque faltou raça, vontade, aplicação. Os motivos que levaram a seleção brasileira a entrar em pânico na partida contra o Chile, no sábado 28, passaram longe das explicações mágicas para referendar ou desmontar análises táticas ao fim do duelo. O pânico, que travou pernas e mentes, tomou a proporção que tomou durante 120 minutos do jogo porque todo mundo, da comissão técnica aos torcedores, pareceu se esquecer de que aquela era uma partida de futebol, e não uma guerra. Uma guerra construída desde a preleção, com a evocação da honra, da nação, do orgulho, do amor, da justiça divina e das lágrimas. O arsenal levou a equipe a entrar em campo com o peso de um país rendido pelo inimigo.
Mas quem era o inimigo?

A depender das reações ao fim da partida, eram todos: o rival que entrou na maldade, o juiz que errou no gol do Hulk, a desconfiança de quem apostou no fiasco, a imprensa que martelou todos os erros de uma equipe que não pode, não deve nem ouse pensar em perder o Mundial da redenção, o único capaz de expurgar nossas chagas expostas desde a Copa de 50.

A construção do inimigo incorporou nas quatro linhas de campo mais que uma linguagem: incorporou na equipe o espírito de uma sociedade violenta em sua base. “Vencer”, afinal, é imperativo aos filhos chamados pelos pais de “campões” antes mesmo de sair da fralda. A eles é dito o tempo todo: sejam homens, sejam dignos, passem no vestibular, atropelem os concorrentes, subam no emprego, queimem os rivais, aliem-se aos poderosos, mantenham a guarda, protejam os seus, espalhem alarmes e cercas elétricas, tenham cuidado com o vizinho, com o prefeito, com o padre, com todo mundo que tentar tomar seu dinheiro, sua honra, seu passado, e condenem à morte, pelas leis ou pela pistolagem, todos os que morderem seus calcanhares, a começar pelos vagabundos que vagam pelas ruas.

Assim vivemos em estado permanente de guerra, declarada ou não, que pode ser vencida ou não, mas que não permite o sabor de uma trégua. E morremos um pouco a cada dia, sufocados, pressionados, equilibrando pratos, somatizando chutes na boca e lambendo botas para não chegar em casa com a vergonha de dizer: “fracassei”.

Esse espírito do funcionário-padrão que se acredita guerreiro vitorioso está espalhado por todos os setores da equipe de Luiz Felipe Scolari. Dá para ver no olho dos jogadores perfilados para cantar o hino à capela: as lágrimas, anteriores à partida, parecem o transbordamento não de uma alegria, mas de um ódio contra tudo e contra todos que mal cabe no corpo.

Ódio de quê?

Da projeção de uma ideia de que a seleção não é a manifestação, mas a própria identidade de nação. Antes e depois dos jogos, a confirmação de que o nacionalismo é de fato o último reduto dos idiotas parece claro quando nós (este escriba, inclusive) reproduzimos um discurso segundo o qual “aqui é Brasil, somos os donos dessa Copa e ninguém vai vir aqui pisar em cima da nossa bandeira sem passar em cima dos nossos cadáveres”.

Por isso vemos jogadores como David Luiz, ótimo zagueiro da seleção, correr para a torcida com os olhos cheios de lágrimas e o antebraço quase esfolado de tanto bater com a palma da mão para mostrar que ali corria sangue. Porque nada menos do que a salvaguarda dessa ideia esperamos dos guerreiros, digo, jogadores da seleção.

Sobrou para os chilenos, adversários dignos e vizinhos respeitáveis que durante 120 minutos foram nomeados inimigos maior da pátria e sofreram a descortesia de ouvir as vaias dos anfitriões durante a execução de seu hino.

Naquele momento estava claro que o Brasil havia levado a sério demais a ideia de que nós (nós: eu, você, a seleção, o vizinho, o dono da padaria e até o dono do jornal que você detesta) somos um time de guerreiros, que não desiste nunca, que não se dobra jamais e blábláblá. Por isso foi insuportável assistir à partida. Porque vimos em campo soldados, e não jogadores de futebol, os artistas capazes de arrancar a graça em um jogo calculado por meio do drible, do improviso, da surpresa, da leveza e da amplitude. É quando o futebol deixa de ser uma concessão pra sorrir para se tornar uma batalha, triste como a mais ordinária das rotinas, em que só vence quem mata mais e morre menos.

Ao fim do jogo, ainda confuso entre alívio, alegria e certa tristeza, assisti à exaustão a entrevista do goleiro Júlio César, heroi da partida com dois pênaltis defendidos. Fosse uma guerra, seria laureado com medalhas de honra, palmas e aplausos, sem perceber que na próxima sexta-feira será empurrado novamente para o front, de novo na linha de frente, e que condecoração alguma o salvará da saraivada de tiros em caso de fracasso. Por isso, ao ouvi-lo falar de orgulho, honra e reconquista, senti apenas pena.

Pena pelos quatro anos em que viveu como um apátrida por ter falhado nos gols contra a Holanda, na já distante Copa de 2010. Aquelas lágrimas não pareciam ser de alegria, como afirmou, mas de um ódio por tudo o que ouviu e pensou em ouvir em caso de novo fracasso: de todos os que colocariam às suas costas o projeto do que poderíamos ter sido e não fomos. Senti pena como sinto pena dos soldados, condecorados ou não, vitoriosos ou não, que colocam a valentia em teste e perdem sua vida por uma causa: a honra, o orgulho, a bandeira, a glória, a nação. É em nome desses termos, tão abstratos como o vento, que os homens vão à luta não para espalhar a liberdade, como prometeram a eles, mas para morrer.

Assim começam e terminam todas as guerras, concluí ao fim da entrevista do goleiro. Nenhum general motiva o soldado a morrer falando em barbárie, em terror, em destruição. Convence o sujeito a morrer falando sobre valores: a maldita honra, o maldito orgulho, a maldita bandeira, a maldita glória e a maldita nação (e a maldita evocação a Deus, claro, pai de todos sem distinção mas que escolhe quem mata e quem morre conforme a amplitude da reza).

Se em uma guerra não há vencedores, o Brasil não venceu a partida contra o Chile nem contra Camarões nem contra a Croácia e nem contra o México na Copa das Confederações, quando descobrimos um novo grito de guerra ao cantar o hino à capela. Perdemos todos. Perdemos no instante em que transformamos a partida em uma questão de honra e absorvemos no campo a linguagem de uma sociedade já suficientemente violenta e injusta e, em vez de alegrias e amplitudes, falamos em honra, orgulho, bandeira, glória e nação. Em nome de tudo isso matamos Júlio César por mais de quatro anos, e só agora damos a ele o direito de falar com a cabeça erguida diante da câmera – um direito negado a Barbosa, que não teve outra chance em 54.

Ao fim da entrevista, pensei em telefonar ao goleiro da seleção brasileira, de quem não tenho o telefone, e dizer: meu amigo, só Deus (e meus pacientes vizinhos) sabe o quanto vibrei ao ver suas muitas defesas contra o Chile. Mas de minha parte pode ficar tranquilo: você não me devia nada. Você, ao que tudo leva a crer, é um grande sujeito, com ou sem milagres redentores em campo, e não merece ser sacrificado em meu nome nem em nome de ninguém (as falhas em 2010 nem foram tão falhas assim). Essa guerra da Copa, como todas as guerras, é só uma velha ficção: por ela inventa-se um inimigo para unir uma nação em nome de muito pouco ou quase nada. Ficaremos felizes e guardaremos para sempre a lembranças da Copa se tudo der certo. Mas ainda assim será só futebol, e só terá graça se for só futebol. Quando vira guerra vira outra coisa. Vira trauma, vira pânico, vira tristeza. Mesmo quando levamos a taça, somos apenas a expressão daquela gente honesta, boa e comovida da música de Belchior. Aquela gente que caminha para a morte pensando em vencer no campo e na vida."

Se a mídia mentiu assim na Copa, imagina nas eleições

Imagina nas eleições
Poucas vezes viu-se tamanha desinformação como antes desta Copa. A previsão era dantesca. Caos nos aeroportos, estádios incompletos, gramados incapazes de abrigar jogos de várzea, tumulto, convulsões sociais, epidemias. Os profetas do caos capricharam: alguns apostaram que as arenas só ficariam prontas após 2030. Só faltou pedirem à população que estocasse alimentos em face da catástrofe.
Diante de um cenário diametralmente oposto, os mensageiros do apocalipse ensaiam explicações. A principal é a de que a alegria do povo brasileiro suplantou a penca de problemas que estava aí, a olhos vistos, e ninguém queria enxergar. Desculpa esfarrapada.
Se é inquestionável que os brasileiros têm uma tradição amistosa, ela por si só não ergue estádios decentes, melhora aeroportos, acomoda milhares de turistas e garante acesso aos locais das partidas. Problemas? Claro que houve, mas infinitamente menores do que os martelados pela imprensa em geral. Muita gente mentiu, ou, no mínimo, não falou toda a verdade --o que em geral dá no mesmo.
Durante um tempo quase infinito, os brasileiros foram vítimas de uma carga brutal de notícias irreais. Se tudo estava tão atrasado e fora dos planos, como a Copa acontece sem contratempos maiores do que os de outros eventos do gênero? Talvez o maior legado deste choque entre fantasia e realidade seja o de que, acima de tudo, cumpre sempre duvidar de certas afirmações repetidas como algo consumado.
A profusão de instrumentos de informação atual, ainda bem, oferece inúmeras alternativas para que opiniões travestidas de certezas sejam postas à prova. Mais do que nunca, desconfiar do que se ouve, assiste e lê é o melhor caminho para tentar, ao menos, aproximar-se do que é real.
No final das contas, é bom que essa distância entre versão e fato tenha ficado escancarada num ano eleitoral. Se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais importante da República. A enxurrada de algarismos para mostrar um país à beira do abismo ocupa boa parte do noticiário "mainstream". Na outra ponta, estatísticas de toda sorte surgem para falar o inverso. Quem tem razão?
Nessa hora, o decisivo é avaliar como está a vida do próprio cidadão e como ela pode ficar se vingar a proposta de cada candidato. O mais difícil, como sempre, é descobrir se estes têm coragem de dizer o que realmente pretendem realizar.
ME SUGA QUE EU TE SUGO
O ciclo de convenções partidárias dá uma ideia do nível da campanha pela frente. A convenção do PSB de Campos e Marina elegeu como lema tirar o país do "atoleiro". Antes disso, porém, seria preciso tentar resgatar a própria legenda do lodaçal. Anunciado como terceira via, o acordo entre Campos e Marina até agora não exibiu nada de diferente da velha política que dizia combater. Mas suas alianças país afora parecem autoexplicativas.
Já a convenção estadual paulista do PSDB seria apenas cômica, não fosse ainda mais cômica. O ponto alto, se é que houve algum, foi o discurso do candidato à Presidência Aécio Neves. Ao se referir ao PT, ele disse: "Infelizmente, a vitória para eles não significou apenas uma oportunidade de exercer uma proposta de poder mas a possibilidade de ascensão econômica."
O impressionante é que ele não ficou sequer ruborizado, embora seu partido acoberte pessoas como Robson Marinho, para citar apenas São Paulo, e outros tantos que enriqueceram na base da rapinagem do dinheiro do povo. Bem, tudo se pode esperar de quem outro dia recomendou a eventuais futuros aliados hoje no governo federal: "Vão sugar um pouco mais. Façam isso mesmo: suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado". De preferência com a mala cheia.

domingo, 29 de junho de 2014

Mudaram o Não vai ter Copa pelo Não vai ter Hexa


Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

"Eles não esquecem, não perdoam e não aprendem. E não desistem. Para a nossa mídia familiar e os coxinhas tucanos da elite que vão aos estádios da Copa, como mostra a Folha deste domingo, o Brasil simplesmente não pode dar certo, nem dentro nem fora do campo.

Sem jogar nenhuma maravilha, a seleção brasileira vinha fazendo sua melhor partida até aqui, contra o Chile, neste sábado, no Mineirão, até marcar o primeiro gol. Parecia até que seria fácil a classificação para as quartas de final. De repente, numa bobeada grotesca de Hulk, que deu de presente o gol de empate para La Roja, até então assustada em campo, mudou tudo. A nossa torcida chique silenciou, a seleção de Felipão se perdeu, e os chilenos tomaram conta da festa.

Nas praias do Nordeste, os bugueiros (não confundir com blogueiros) costumam perguntar ao turista se prefere fazer os passeios pelas dunas com emoção ou sem emoção. Para nós, ninguém perguntou nada, mas a teimosia do nosso técnico em não mexer no time quando as coisas não estão dando certo, mantendo dois laterais que não marcam nem atacam, e deixam avenidas às suas costas, um meio de campo sem criatividade e o cone Fred estático no meio do ataque, fez do jogo um sofrimento sem fim até a cobrança do último pênalti.

Vejam como é a vida: pois foi esta mesma teimosia mostrada por Felipão ao manter Julio César no gol, contra a vontade de 10 entre 10 comentaristas e torcedores, porém, que acabou sendo o principal responsável pelo Brasil garantir a vaga para a próxima fase. Em lugar de Neymar, que joga numa solidão danada, o herói desta vez foi Julio César, o goleiro crucificado pela nossa eliminação no jogo contra a Holanda, na Copa de 2010.

Quem poderia imaginar uma reviravolta dessas? Só conheci uma pessoa, além de Felipão, que defendeu Julio César antes e durante o jogo, a minha amiga Ana Paula Padrão, com quem assisti ao jogo ao lado de outros amigos aqui no bar da esquina. Até o Sebastian, meu primo alemão que vive nos Estados Unidos e está adorando o Brasil, acabou sofrendo junto, cada vez que errávamos mais um passe e o time simplesmente não conseguia chegar ao gol do Chile. "Eu não disse?" comemorou a Ana Paula ao ver Julio César fazer uma defesa impossível e depois defender dois pênaltis.

Se já não era muito grande a confiança na conquista de mais um título porque esta Copa revelou ótimas seleções, como a da Colômbia, que estão jogando um futebol melhor do que o nosso no momento, agora a urubuzada da imprensa deitou e rolou diante das dificuldades que encontramos, depois de muita emoção, para seguir em frente na Copa. E tem graça futebol sem surpresas e emoções?

Após passar o ano inteiro jogando no "Não vai ter Copa" e batendo pesado no governo, que seria incapaz de organizar um evento como esse sem colocar em risco os torcedores nativos e as seleções visitantes, além dos cofres públicos, eles acabaram se rendendo à grande festa em que se transformou esta Copa no Brasil, e até já estão fazendo autocríticas envergonhadas sobre o erro das suas previsões apocalíticas. Agora, com a maior cara de pau, simplesmente colocam a culpa na "imprensa estrangeira", como se não tivessem sido eles próprios que alimentaram o noticiário negativo desde que o Brasil foi escolhido, sete anos atrás, para sediar a Copa.

Como se dissessem, tudo bem, a Copa é um sucesso, mas vocês vão ver a ressaca que virá depois, agora jogam tudo nas fragilidades da nossa seleção, mudando o discurso para "Não vai ter hexa". Felipão pode até ter um estalo e acertar o time para o próximo jogo que eles vão continuar torcendo contra e anunciando o fim do mundo. Se fora de campo tudo está funcionando muito bem, então dentro do campo tem que dar tudo errado.

Ganhar ou não o hexa pode depender de mil coisas, inclusive da sorte na cobrança de pênaltis e das virtudes de adversários cada vez mais fortes daqui para a frente. Como disse um amuado Felipão na véspera do jogo, se perdermos, não vai ser nenhuma tragédia, e a vida vai seguir em frente. Só uma certeza eu tenho: para quem jogou tudo no caos para desgastar o governo e ficou até com vergonha do Brasil, no entanto, esta Copa já foi perdida. Eles parecem ter nascido para perder.

Que venha a Colômbia!"

Pesquisa Datafolha confirma que torcida na Copa é branca e rica e prova que Gilberto Carvalho não sabe do que fala

Elite grosseira e inculta vaia hino do Chile
Brancos e ricos são maioria na torcida do Brasil no Mineirão, diz Datafolha
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
Pesquisa do Datafolha com torcedores que compareceram no sábado (28) ao jogo do Brasil contra o Chile, em Belo Horizonte, confirma a percepção de que quem frequenta os estádios da Copa do Mundo é a "elite branca".
Entre os 693 entrevistados nos acessos à arena, 67% se declaram brancos e 90% pertencem às classes A ou B.
Os percentuais contrastam com o perfil da população brasileira, cuja maior parcela (41%) se declara parda –no levantamento no estádio, são 24%. E o índice de autodeclarados pretos no jogo (6%) é menos da metade da população em geral, de 15%.
A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.
O Datafolha também mediu a percepção em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e constatou que ela é pior do que na média da população.
Quem acompanhou de perto à partida do Mundial considera a gestão ruim ou péssima (55%). É quase o dobro do aferido em pesquisa realizada no início do mês entre os brasileiros, em que 38% classificaram o governo como regular e 33% como ótimo ou bom.
Mas a má avaliação do governo federal não significa apoio aos xingamentos que a presidente recebeu no jogo de abertura do Mundial, em São Paulo: 61% dizem não concordar com a atitude dos "yellow blocs".
...
O torcedor que foi ao estádio é bastante escolarizado –86% têm ensino superior, ante uma média de 16% da população brasileira. E também é mais jovem que a média da população (34 anos, ante 42). O sexo masculino predomina: de cada 4 torcedores, 3 são homens.
A classe média brasileira, que ascendeu na era Lula (PT), está muito pouco representada no estádio. Só 9% dos torcedores são da classe C, enquanto na população essa estrato é maior (49%). A classe B era a mais presente no estádio (61%), seguida pela classe A (29%).
Quase 9 em cada 10 torcedores brasileiros da partida Brasil x Chile integram a chamada população economicamente ativa (PEA): 48% são assalariados e 13% são empresários. Há ainda 10% de funcionários públicos.
Dentre os 12% que não são ativos economicamente, 8% são estudantes.
Comparando com dados demográficos do DNA Paulistano, o torcedor desta Copa se assemelha a um morador de bairros nobres da capital paulista, como Moema (zona sul) ou Jardim Paulistano (zona oeste) em termos de renda e classe econômica.
Mas é ainda mais escolarizado e também mais diversificado etnicamente. Negros e pardos são menos de 15% nesses bairros, metade do que se viu no estádio.

Charge do Bessinha

VEJA PEDE ARREGO - E O MUNDO RECONHECE O QUE SITES E BLOGS INDEPENDENTES DENUNCIAM !

A FATIA PIG DA IMPRENSA BRASILEIRA NÃO VALE NADA

De bom nisso tudo, após meses de UM BOMBARDEIO MIDIÁTICO, querendo ARRASAR com a COPA DO MUNDO NO BRASIL, e querendo passar para o MUNDO uma imagem do país, como incompetente e fracassado, tendo como MOTIVAÇÃO PRINCIPAL para assim AGIR, BENEFICIAR POLITICAMENTE um candidato de oposição, tentando dessa forma RAIVOSA e ANTIPATRIÓTICA, além de nada democrática, interferir nas próximas eleições, só mesmo o fato de que, os brasileiros, os turistas estrangeiros, e a imprensa internacional, que repercutiu o que ouvia dos colunistas e jornalistas brasileiros, tiveram a confirmação do que o movimento de SITES E BLOGS independentes do Brasil, vem afirmando faz tempo, na luta desigual que trava com os MONOPÓLIOS de COMUNICAÇÃO.

Grande parte de nossa imprensa, principalmente a que tem veículos como jornais impressos, TVs, Revistas, Rádios e Sites, sob controle dos QUATRO GRANDES GRUPOS DE COMUNICAÇÃO, que controlam quase tudo em se tratando de informação e mídias, NÃO É CONFIÁVEL.

JORNALISTICAMENTE FALANDO, NÃO VALE NADA, visto que atua de forma PARTIDARIZADA, está LIGADA a grandes ORGANIZAÇÕES financeiras, e sofre forte ascendência do RENTISMO e dos MERCADOS, inclusive internacional. 

Essa parte da IMPRENSA, representa os interesses da DIREITA RADICAL e REACIONÁRIA, SE POSICIONA CONTRA TODO E QUALQUER MOVIMENTO que vise fazer JUSTIÇA SOCIAL. Defendem a ELITE BOLORENTA, pois fazem parte dela. ACIMA DE TUDO é SELETIVA na denúncia da CORRUPÇÃO. MINIMIZA ou EXACERBA fatos, ao sabor de seus interesses inconfessáveis.

Pois bem, eles começam agora, lentamente, a fazer um movimento para limpar a sua "BARRA". Já estão admitindo que "ERRARAM" nas "previsões' de CAOS na Copa do Mundo.

ERRARAM ? SÓ ISSO ? ERRARAM ? PECARAM ? SÓ ISSO ?

Leia no Site 247 o que diz um dos chefões da VEJA, fazendo um reconhecimento cabal de que, se tem  um segmento INCOMPETENTE no Brasil, é essa parte PIG da imprensa.





Quem vai indenizar as vítimas do terrorismo da mídia em relação à Copa?


- por Paulo Nogueira, jornalista, no Diário do Centro do Mundo
Janio de Freitas, que pertence à esquálida cota de pensamento independente da Folha, nota em seu artigo deste domingo um contraste.
Uma pesquisa mundial do Gallup coloca os brasileiros como um povo essencialmente feliz e otimista. Na imprensa, e em pesquisas dos grandes institutos nacionais, o retrato é o oposto. Somos derrotados, miseráveis, atormentados.
Janio brinca no final dizendo se sentir cansado demais para explicar, ou tentar explicar, tamanha disparidade.
Não é fácil para ele se alongar nas razões, sobretudo porque a Folha é uma das centrais mais ativas de disseminação da visão de um Brasil horroroso.
A motivação básica por trás do país de sofredores cultivada pela imprensa é a esperança de que o leitor atribua tanta desgraça – coisas reais ou simplesmente imaginárias — ao governo.
Ponto.
É a imprensa num de seus papeis mais notáveis nos últimos anos: o terrorismo.
A Copa do Mundo foi um prato soberbo para este terrorismo. A imprensa decretou, antes da Copa, que o Brasil – ou melhor: o governo — daria um vexame internacional de proporções históricas.
Em vez do apocalipse anunciado, o que se viu imediatamente após o início da competição foi uma celebração multinacional, multicolorida, multirracial.
Turistas de todas as partes se encantaram com o Brasil e os brasileiros, e a imprensa internacional disse que esta era uma das melhores Copas da história, se não a melhor.
Note o seguinte: a responsabilidade por um eventual fracasso seria atribuída pela mídia ao governo. O sucesso real, pelo que se lê agora, tem vários pais, entre os quais não figura o governo.
O melhor artigo sobre o caso veio de uma colunista da Folha que se proclamou arrependida por ter ouvido o “mimimi” da imprensa.
Ela disse ter perdido a oportunidade de passar um mês desfrutando as delícias que só uma Copa é capaz de oferecer: viagens para ver jogos, confraternizações com gente de culturas diferentes e por aí vai.
É uma oportunidade única na vida – quando haverá outra Copa no Brasil – que ela perdeu por acreditar na imprensa.
Quem vai indenizá-la? O Jornal Nacional? A Veja? O Estadão? E a tantos outros brasileiros como ela vítimas do mesmo terrorismo?
Para coroar o espetáculo, o Jornal Nacional atribuiu a histeria pré-Copa à imprensa internacional.
Pausa para rir.
Mais honesto, infinitamente mais honesto, foi o colunista JR Guzzo, da Veja – o maior mestre que tive no jornalismo, a quem tenho uma gratidão eterna e por quem guardo uma admiração inamomível a despeito de nossas visões de mundo diferentes.
“É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites”, escreveu Guzzo em seu artigo na Veja desta semana.
“Deu justamente o contrário”, continua Guzzo. “Os 600 000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos horrores anunciados durante os últimos meses.”
Bem, não exatamente ninguém: o Jornal Nacional se lembrou. Não para fazer uma reflexão como a de Guzzo – mas para colocar a culpa nos gringos.
Recorro, ainda uma vez, e admitindo minha obsessão, a Wellington: quem acredita nisso acredita em tudo.
O JN parece achar que seus espectadores são completos idiotas.
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Do Blog TUDO EM CIMA.

Janio: pesquisa Gallup contradiz terror midiático


"O Brasil real não é retratado pela mídia; "A imprensa, a TV, as rádios que tocam notícia não deixam que nos enganemos. O nosso desânimo é total, o pessimismo nos imobiliza, o desemprego nos alarma, estamos todos reduzidos a desastres humanos e o país chafurdado na vergonha do seu fracasso", ironiza o colunista Janio de Freitas; "Aí vem uma pesquisa internacional, a Gallup World Cup --diz a informação que feita "em mais de 130 países"-- e traz esta conclusão: pela oitava vez consecutiva, o Brasil "está no topo" em satisfação com a vida nos futuros cinco anos"

Brasil 247

A coluna do jornalista Janio de Freitas deste domingo (leia aqui) traz uma contradição entre o cenário de terror desenhado pela mídia nacional e a pesquisa Gallup que coloca o Brasil no topo da perspectiva de felicidade futura. Leia abaixo:

DOIS PAÍSES

A imprensa, a TV, as rádios que tocam notícia não deixam que nos enganemos. O nosso desânimo é total, o pessimismo nos imobiliza, o desemprego nos alarma, estamos todos reduzidos a desastres humanos e o país chafurdado na vergonha do seu fracasso. A Confederação Nacional da Indústria, a sádica CNI, ainda tem a perversidade de pagar mais uma sondagem para nos dizer que, nos últimos dias, afundamos mais ainda em nossa humilhação.

Aí vem uma pesquisa internacional, a Gallup World Cup --diz a informação que feita "em mais de 130 países"-- e traz esta conclusão: pela oitava vez consecutiva, o Brasil "está no topo" em satisfação com a vida nos futuros cinco anos. Com a nota 8,8 na média da opinião dos brasileiros, em escala que vai de 0 a 10 para a "felicidade futura".

Estou tão desanimado, como o país todo, que não tenho disposição para qualquer comentário sobre o conflito das duas visões e, muito menos, sobre sua causa."