O estilo Faustão de #nãovaitercopa é de fazer inveja à defesa de Honduras / Zé Paulo Cardeal / Globo |
Nirlando Beirão, CartaCapital / QI
Fausto Silva anda muito
nervoso ultimamente. Perdeu muito do humor que o consagrou e de sua
verve inteligente e debochada. Aderiu aos rabugentos do #nãovaiterCopa
e, já que tem Copa, sim, tenta manter a bandeira do encrenqueiro,
distribuindo, sem nenhum fair play, insultos ao evento esportivo. A delicada defesa de Honduras deve estar morrendo de inveja do novo estilo Faustão.
O que estará acontecendo com ele? Não
confere a suspeita de que pesa no ex-gordo o ressentimento com os
quilinhos a mais que ele, de uns tempos para cá, recuperou.
Não consta, tampouco, que Faustão esteja
em momento de renovação de contrato, o que explicaria o seu alinhamento
precavido com a agenda político-eleitoral do patrão bilionário. Na
verdade, o cidadão Fausto Silva já declarou o voto na oposição. Faz
sentido. A turma que faz plantão na sua lendária pizza semanal é a mesma
do camarote vip que vaia e ofende.
Se o ex-cronista de campo perdeu de vez a esportiva é
porque a vida profissional não lhe faculta mais goleadas no ibope.
Fausto Silva devia é, apesar das pressões, relaxar.
A culpa não é dele nem de sua equipe. O culpado é o domingo, cada vez menos Domingão do Faustão.
O domingo brasileiro vai pouco a pouco se libertando do cativeiro da
tevê aberta. Há mais opções na própria tevê. Aquele exército de
popozudas que vem esfregar o traseiro no rosto do espectador entorpecido
tem seus dias contados.
Tem razão o Faustão em se irritar com a dobradinha
Lula-Dilma. Os pobres ficaram economicamente menos pobres – e
culturalmente menos indigentes.
Azar de quem, como os autocratas dos
auditórios, apostou no contrário.
*Publicado originalmente na edição impressa de CartaCapital com o título "Perdeu a esportiva"
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