Tendo como pano de fundo a “ditadura que
ainda engatinhava” ou a “gloriosa e vitoriosa Revolução Redentora” – como os militares golpistas e os bajuladores
de plantão chamavam a quartelada de 1964 - e ambientado na “cidade pernambucana
de Boi Pintado”, o romance “1964: O Julgamento de
Deus” [Recife: Bagaço, 2014, 302 p.], do publicitário e escritor José Nivaldo
Júnior, seduz não só pela capacidade que o autor revela ter de "costurar" a
narrativa [coisa de quem incorporou o espírito de saber contar histórias e
estórias], mas também pela maestria com que ele desenha e redesenha os personagens
e constrói o papel que cabe a cada um deles no universo narrativo engendrado.
Com habilidade, José Nivaldo Júnior recria fatos históricos [o Golpe de 64, a onda de prisões que se seguiram a partir do endurecimento do regime ditatorial, a resistência ao golpe] e personagens históricos e não históricos alinhavando-os na teia ficcional em que o grotesco, a ironia, a intertextualidade bíblica, a presença da cultura nordestina com seu rico universo linguístico [notadamente no tocante ao aspecto vocabular: “bregueço”, “mulé”, “cabra safado”, "gota serena", "febre tifo do rato", “chamegar”, “falcudade”, “óidio”, “fela da puta”], com seus costumes e com seu misticismo latente não se insinuam, mas integram, de forma decisiva, a trama narrativa e com ela interagem.
Um a um, os personagens vão surgindo, compondo e contribuindo para que a tessitura narrativa desemboque no grande e incomparável evento, porque nunca antes registrado “em qualquer lugar do mundo”: o julgamento de Deus. Evento que traz em seu bojo um contraponto e uma crítica ao conservadorismo da Igreja Católica Apostólica Romana e ao próprio Golpe Militar.
Com habilidade, José Nivaldo Júnior recria fatos históricos [o Golpe de 64, a onda de prisões que se seguiram a partir do endurecimento do regime ditatorial, a resistência ao golpe] e personagens históricos e não históricos alinhavando-os na teia ficcional em que o grotesco, a ironia, a intertextualidade bíblica, a presença da cultura nordestina com seu rico universo linguístico [notadamente no tocante ao aspecto vocabular: “bregueço”, “mulé”, “cabra safado”, "gota serena", "febre tifo do rato", “chamegar”, “falcudade”, “óidio”, “fela da puta”], com seus costumes e com seu misticismo latente não se insinuam, mas integram, de forma decisiva, a trama narrativa e com ela interagem.
Um a um, os personagens vão surgindo, compondo e contribuindo para que a tessitura narrativa desemboque no grande e incomparável evento, porque nunca antes registrado “em qualquer lugar do mundo”: o julgamento de Deus. Evento que traz em seu bojo um contraponto e uma crítica ao conservadorismo da Igreja Católica Apostólica Romana e ao próprio Golpe Militar.
Desse modo, personagens como seu Binoca, Mané Tiro Certo [beato Elias], Monsenhor Afonso, Továrish Lói, Cumpade Deca, Natércio Pai dos Burros [os Tetéus], o Xerife, a Dama de Ouro, coronel Honorato Francisco das Chagas, o Delegado, Honorato Meu Doutor, Francisquinho Pai Mandou, Jota França, “a bela irmã Maria do Espírito Santo” e Garapa vão sedimentando a trilha narrativa e sendo “cúmplices”, direta ou indiretamente, de um final dramático e surpreendente.
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