sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Volks cancela demissões, e metalúrgicos encerram greve


Paralisação durou dez dias. Oitocentos trabalhadores que haviam sido informados de dispensa deverão voltar ao trabalho na segunda-feira. Acordo pode garantir fabricação de novo modelo em São Bernardo
Em assembleia realizada na manhã de hoje (16) na fábrica da Volkswagen em São Bernardo, na região do ABC paulista, os trabalhadores decidiram pôr fim à greve que durou dez dias. A decisão foi tomada depois de a montadora decidir suspender as 800 demissões comunicadas aos funcionários no final do ano. Eles deverão retomar atividades na segunda-feira (19). Além disso, conforme acordo discutido durante reunião realizada ontem, a empresa dará este ano reajuste com base na variação da inflação. As informações são do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

O acordo deve assegurar ainda a chegada de um novo modelo a São Bernardo, uma reivindicação dos metalúrgicos. Em nota divulgada pouco depois das 10h, a Volks disse ver "com satisfação" a aprovação de um acordo de competitividade. Segundo a empresa, as partes chegaram a uma proposta "balanceada que possibilitará a adequação da estrutura de custos e efetivo da unidade", mantendo medidas como programas de demissões voluntárias e "desterceirizações" temporárias, para absorver mão de obra considera excedente pela companhia. "Além disto, assegura a vinda de uma nova plataforma mundial de produto e modelos, solidificando as bases de um futuro sustentável para a Unidade Anchieta."

A paralisação começou no dia 6, no retorno das férias coletivas. Oitocentos trabalhadores haviam informados, por telegrama, que não deveriam retornar ao serviço. A empresa alegou necessidade de ajustes ao mercado, destacando ter adotado antes outras alternativas. O sindicato afirma que a montadora já deveria estar fabricando um novo modelo de carro médio em São Bernardo, conforme acordo de 2012, que garantia mais investimentos e manutenção de postos de trabalho.

A fábrica da Volks no ABC, inaugurada em 1959, produz o Novo Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross. Há pouco mais de um ano, a empresa deixou de produzir o Gol G4 e a Kombi. A unidade tem 13 mil trabalhadores.

O presidente do sindicato, Rafael Marques, disse que vai insistir nas propostas encaminhadas ao governo federal para estimular o setor, que incluem a adoção de um sistema de proteção ao emprego, renovação da frota de caminhões e ampliação do crédito. Na última terça (13), quando entregou a pauta ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, ele falou da urgência da implementação de um programa para proteger o emprego. "Além destas 800 demissões anunciadas, o Brasil tem hoje cerca de 4 mil trabalhado­res em montadoras com con­trato de trabalho suspenso, o lay-off, que podem se beneficiar do programa."

Na posse do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, dia 7, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres, também apresentou a proposta. Há uma pauta entregue ainda ao governo do estado de São Paulo.

No RBA


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