Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, presidente diz que
"superar a derrota é característica de um grande país"; Dilma Rousseff
afirmou que derrota da Seleção Brasileira por 7 a 1 diante da Alemanha
não reduz conquistas da realização da Mundial; "Fizemos uma das melhores
copas graças à capacidade do povo de receber bem os visitantes",
apontou; ela foi perguntada sobre os tempos de combate ao regime
militar, sofrimento de torturas e a condição de ser presidente e mulher;
"As mulheres sabem que as pessoas são sentimentos e emoções, e não
apenas pensamentos e racionalidade"; íntegra
10 DE JULHO DE 2014
247 – Na condição de anfitrião da Copa do Mundo assistida por mais de 3
bilhões de pessoas em todo o mundo, a presidente Dilma Rousseff concedeu
à rede americana CNN uma entrevista exclusiva, veiculada nesta
quinta-feira 10, para a jornalista Christiane Amanpour. A presidente
disse que se sente "triste" pela derrota, por 7 a 1, da Seleção
Brasileira frente a da Alemanha, na terça 8, mas lembrou que "futebol
não é uma guerra, é um jogo".
Dilma defendeu "uma renovação" no futebol brasileiro, de modo a permitir
que os principais jogadores permaneçam atuando em clubes nacionais. Ele
foi questionada sobre seus tempos de luta contra a ditadura militar
brasileira, quando foi torturada. "Você descobre que tem de resistir e
que só você pode derrotar você mesmo". Acompanhe:
Entrevista exclusiva da Presidenta Dilma à CNN:
Jornalista Christiane Amanpour: Senhora Presidente, bem-vinda ao nosso programa.
Presidenta Dilma Rousseff: É um prazer para mim, Christiane, falar com você.
Jornalista: Houve muitas manifestações antes desta Copa do Mundo. E, de
repente, durante a Copa do Mundo as pessoas ficaram em êxtase, disseram
que era a melhor copa do Mundo, houve tantos gols. A Senhora acha que
esta derrota irá moldar o sentimento nacional?
Presidenta: Olha, eu não acredito nisso porque nós vivenciamos uma Copa.
Nós sabemos, nós, brasileiros, e também todos os torcedores que aqui
vieram, nós sabemos que foi uma Copa que foi... que transcorreu em paz,
com muita alegria, com toda a infraestrutura funcionando. De fato, é
muito triste que nós cheguemos nesse momento e tenhamos uma derrota, é
muito triste. Agora, isso não elimina nem a luta anterior da Seleção,
nem tudo o que foi feito e está sendo feito. Afinal, tem uma
característica o futebol: ele é feito de vitórias e de derrotas. Ser
capaz de superar a derrota, eu acho que é uma característica de uma
grande Seleção e de um grande país.
Jornalista: Queria lhe perguntar, Senhora Presidente, se a Senhora acha
que a ausência de Neymar e Thiago Silva contribuíram para esta derrota.
Presidenta: Duzentos milhões de brasileiros são técnicos e dão palpite
na Seleção. Eu acredito, olhando não como uma pessoa que entende
profundamente de futebol, eu acredito que algum efeito significativo
teve sobre a Seleção. Agora, diante da derrota, nós temos de ter uma
atitude de sermos capazes de aprender com ela e, ao mesmo tempo,
superá-la. Por isso, eu tenho certeza que o Brasil e todos os torcedores
brasileiros terão um comportamento de persistir nos próximos dias e
demonstrar que nós somos capazes de superar essa adversidade. Mas, a
gente também tem de considerar uma coisa, sob todos os aspectos o Brasil
fez uma Copa do Mundo que eu acredito que, de fato, foi uma das
melhores Copas, e nós devemos isso, em grande parte, ao povo brasileiro,
à sua capacidade de ter hospitalidade e de receber bem os torcedores do
mundo, e eu espero – e tenho certeza – que todo o mundo vai reconhecer
esse fato.
Jornalista: Houve muitas perguntas, não apenas pelo mundo, mas também
aqui no Brasil, sobre o custo dos estádios, sobre os 14 bilhões de
dólares gastos nestes estádios, comparados com os 4 bilhões gastos na
África do Sul em 2010. As pessoas diziam: por que não temos melhores
escolas, melhor educação ou melhor transporte, melhor infraestrutura.
Durante a Copa do Mundo, elas ficaram empolgadas, porque esta tem sido
uma excelente Copa do Mundo e a maioria das manifestações tem sido
tranquila. A Senhora se preocupa, acredita na possibilidade de de elas
recomeçarem após a final, de as pessoas se perguntarem em que foram
gastos esses bilhões de dólares se nós sequer chegamos às finais?
Presidenta: Veja bem, nos estados, nos estádios foram gastos 8 bilhões
de reais, mais ou menos 4 bilhões de dólares, nos estados. Esse gasto
dos estádios, ele foi financiado pelo governo.. Nós gastamos, entre 2010
e 2013, com educação e saúde, nas três esferas de governo, 1 trilhão e
700 bilhões de reais, o que dá aproximadamente 850 bilhões de dólares,
bilhões de dólares. Então comparar 4 bilhões de dólares com 850 bilhões
de dólares é absolutamente desproporcional. Nós não gastamos... porque o
resto dos gastos fica para o Brasil, não só para a Copa. Nem os
estádios ficam só para a Copa. Os aeroportos, eles existem porque nós,
de 2003 para 2013, nós passamos de 33 milhões de passageiros que
viajavam de avião no Brasil para 113 milhões em 2013. Você veja que é...
nós estamos fazendo aeroportos para nós mesmos, porque há uma imensa
multidão de brasileiros que, nesta década, descobriu que podia viajar de
avião porque tinha renda para pagar a passagem.
Quanto aos estádios, este é um lugar de encontro da população, e quando
eu disse que o futebol brasileiro tem de ser renovado, o que eu queria
dizer com isso? Eu queria dizer que o Brasil não pode mais continuar
exportando jogador. Exportar jogador significa não ter a maior atração
para os estádios ficarem cheios. Qual é a maior atração que um país que
ama o futebol como o nosso tem para ir num jogo de futebol? Ver os
craques. Tem craques no Brasil que estão fora do país há muito tempo.
Então, renovar o futebol brasileiro é perceber que um país, com essa
paixão pelo futebol, tem todo o direito de ter seus jogadores aqui e não
tê-los exportados.
Jornalista: Senhora Presidente, algumas pessoas disseram que Brasil e
Copa do Mundo, esta é a fantasia do Brasil. Este é o Brasil que se
gostaria de ter. Organizar uma Copa do Mundo fabulosa, apesar da
terrível derrota da sua seleção. Mas este não é o Brasil real. No Brasil
real, as pessoas estão nas ruas, querem melhor saneamento, melhor
educação, melhores serviços. Isto acontece num momento em que a Senhora
se lança para a reeleição. A Senhora sente agora o desafio político, com
esta derrota, e que após a competição a Senhora estará sob pressão para
mostrar resultados?
Presidenta: Primeiro, eu acho que esse Brasil que estão descrevendo não
tem nada a ver com o Brasil real. O Brasil real é um Brasil que, de 2003
até hoje, tirou 36 milhões da pobreza, levou à classe média 42 milhões
de pessoas. Quarenta e dois milhões de pessoas, para a gente colocar uma
dimensão, equivale à Argentina, um país próximo aqui e bastante
populoso. Isso se conseguiu em uma década. Essas pessoas que chegaram à
classe média querem, de fato, melhor educação e melhor saúde. Nós
estamos nos esforçando imensamente para esse processo.
Jornalista: A Senhora fala em retirar 36 milhões de pessoas da pobreza.
Este é um grande triunfo para o Brasil. E é obviamente a razão pela qual
as pessoas ainda têm aspirações. Elas querem melhorar ainda mais. Qual a
sua resposta a esse um milhão de pessoas que saíram às ruas no ano
passado e para as pessoas que ainda dizem que ainda têm aspirações,
apesar do que a Senhora já fez?, Por outro lado, Senhora Presidente, o
incrível crescimento econômico do Brasil da última década desacelerou-se
e continua lento. O que a Senhora fará? A Senhora precisará encontrar
um novo modelo econômico para alcançar o desenvolvimento?
Presidenta: Veja você, o nosso crescimento ter desacelerado se deve à
violenta crise que começa no mundo a partir de 2008. De 2008 até 2014,
no mundo, em torno de 60 milhões de empregos foram encerrados, foram
fechados. Nós no Brasil, conseguimos, mesmo assim, enfrentar essa crise
mantendo um nível de emprego ainda alto. Nós criamos, nesse mesmo
período, 11 milhões de empregos. De fato, o mundo passa hoje por um
momento difícil. No nosso caso, nós temos feito um imenso esforço para
manter as taxas de crescimento e um desses esforços diz respeito aos
investimentos que fazemos em infraestrutura. Eu acredito que nós
entraremos num novo ciclo de desenvolvimento no Brasil. Se o primeiro
foi baseado no crescimento com inclusão social, estabilidade
macroeconômica, o segundo ciclo vai ter de se basear na melhoria da
nossa produtividade, portanto, da nossa competitividade. Nós temos, como
país, de apostar muito na educação. A educação dá conta de duas coisas:
garantir que essas pessoas que mudaram as suas condições de vida e de
renda, elas tenham esse ganho de forma permanente. A educação garante
isso. Em segundo lugar, nós temos de entrar na economia da inovação, do
crescimento e do valor agregado. Somos um país que tem uma agricultura,
uma indústria e um setor de serviços bem desenvolvido. Então, nós temos
de assegurar qualidade de emprego e temos de investir em infraestrutura
logística, energética e social-urbana.
Jornalista: Quão grave é para este país e para esta nação o problema da corrupção?
Presidenta: Eu acredito que essa é uma questão fundamental no país. Eu
defendo, e a minha vida toda demonstra isso, eu defendo tolerância zero
com a corrupção, e isso não é só... não pode ser só uma fala
presidencial. Tem de resultar em modificações institucionais. Nós
criamos, no setor público federal, nós criamos um Portal da
Transparência. Todos os gastos, todas as compras, todos os investimentos
realizados pelo governo federal aparecem no Portal da internet em menos
de 24 horas. Nós criamos a Controladoria-Geral da União e demos à
Controladoria-Geral da União poder de investigar e de criar todos os
mecanismos de imposição de melhores práticas dentro da Administração.
Muitas das ações de corrupção foram descobertas pela Controladoria-Geral
da União. Nós demos integral autonomia para a Polícia Federal
investigar crimes de corrupção. Noventa por cento do que aparece de
corrupção no Brasil foi investigado pela Polícia Federal, que é um órgão
do governo federal.
Jornalista: A Senhora prometeu transformar a corrupção em crime e não apenas uma contravenção. Isto já foi feito?
Presidenta: Yes, todas. Não só fizemos isso, mas, agora... porque no
Brasil tinha a prática de só o corruptor pagar pela corrupção. Os dois
lados, hoje, tanto quem corrompe como quem é corrompido, hoje, paga
diante da Justiça, o que eu acho uma grande melhoria porque um não
existe sem o outro.
Jornalista: A Senhora tem uma história de vida fenomenal, Presidente. Depois do intervalo eu gostaria de falar sobre isso.
(intervalo)
Jornalista: Bem-vinda de volta ao nosso programa. A Senhora é a primeira
mulher presidente do Brasil, um país de mais de 200 milhões de pessoas,
o motor da América Latina - a economia do país é de longe a maior
comparada com o restante do continente. A Senhora sempre sonhou em ser
Presidente?
Presidenta: Não, eu nunca sonhei em ser presidente.
Jornalista: A sua história pessoal sugere, na verdade, justamente o
contrário, porque a Senhora foi uma guerrilheira urbana nos anos 60,
lutando e resistindo à ditadura militar. A Senhora sonhava em ser uma
espécie de Robin Hood?
Presidenta: Não. Não, não. É muito difícil viver numa ditadura. A
ditadura limita seus sonhos. Quando você não tem direito de expressão
nem de organização, qualquer ato de discordância torna-se um ato de
contraposição. No Brasil, o direito de greve era visto como uma ofensa
ao regime. As manifestações que hoje nós... com as quais nós convivemos
tranquilamente, eram motivo para você perseguir, matar, torturar. Então,
na minha juventude, eu lutei contra a ditadura, eu fui produto desse
tempo. Tenho muito orgulho de ter lutado porque não é fácil, não é
fácil... o clima de uma ditadura é um clima que corrói, que corrompe as
pessoas no sentido de corromper a sua capacidade de resistir.
Jornalista: A Senhora chegou a ser presa e mantida em prisão por três anos. E foi torturada. A Senhora pode falar sobre isso?
Presidenta: Eu fui presa nos anos 70 e fiquei por três anos num presídio
em São Paulo, que hoje está, inclusive, demolido. É uma experiência em
que você aprende que é necessário duas coisas: resistir e... e você
percebe que só você mesmo pode te derrotar. Não que seja fácil suportar a
tortura, não é, e você só suporta a tortura se você se enganar,
deliberadamente, dizendo: mais um pouco eu suporto, mais outro pouco eu
suporto, e assim você vai indo, e vai indo, e vai indo. A tortura não
pode te derrotar, a adversidade não pode te tirar o ânimo de viver e
você não pode se contaminar pelo que o torturador acha de você.
Jornalista: O que eles fizeram com a Senhora?
Presidenta: O que faziam no Brasil com todo mundo que era preso: choque
elétrico; uma coisa que se chamava pau-de-arara, que é difícil de
explicar para você, que é uma forma de pendurar as pessoas pelos braços e
pelas pernas; e muito choque elétrico. O pior era o choque elétrico. É a
forma mais... é uma dor que anda. A dor praticada por alguém sobre
outra pessoa é algo imperdoável, bárbaro, que quem faz isso tem uma
perda de valores humanos, de tudo o que nós conquistamos ao sair das
cavernas e nos elevarmos à condição de civilizados. A tortura é uma
negação disso, é uma negação do outro. Talvez a pior forma de negação.
Por isso nós não podemos aceitar, em lugar nenhum do mundo, a ocorrência
de tortura, sob qualquer alegação. Eu nunca vi um processo de tortura
não destruir a instituição que pratica, que pratica a tortura. Todos os
processos de tortura, historicamente, destruíram quem praticou a
tortura. É gravíssimo o Ocidente voltar atrás nessa questão.
Jornalista: Como isto moldou a sua visão de mundo?
Presidenta: Como eu construí a minha visão de mundo?
Sabe, só tem um jeito da tortura não te contaminar. Ela não pode te
levar a absorver uma raiva contra quem pratica, o ódio contra quem
pratica. Você não pode deixar isso entrar para dentro de você, tem de
ficar no externo, tem de ficar na dor física. Não pode se transformar
numa motivação de sentimento, de visão de mundo, e da sua... eu diria
assim, da sua ideologia, da sua cultura, da sua forma de ver o mundo.
Agora, eu vou te dizer uma coisa, sobretudo tem uma coisa que eu acho
que a tortura me fez viver de uma forma intensa, é a certeza absoluta
que nós derrotamos, no Brasil, quem praticou. A derrota não é uma
derrota pessoal, não é contra A, B ou C. Nós derrotamos, no Brasil, a
estrutura que praticou a tortura, e foi a ditadura. Ao construir a
democracia e construir com padrões que respeitam os direitos humanos...
porque no Brasil nós temos, hoje, esse amor perdido pela democracia. Eu
acho que isso foi o grande ganho.
Jornalista: Eu posso ver a paixão com a qual a Senhora fala disso. E a
sua história pessoal é impressionante. Há muitas críticas hoje à Polícia
do Brasil de que é uma das mais letais na região, de que em 2012 cerca
de 2 mil pessoas foram torturadas e mortas pela Polícia brasileira. Isso
parece ser um legado ruim desse tipo de tortura, ditadura e de falta do
Estado de Direito que a Senhora combatia. A Senhora pode mudar isso?
Presidenta: Esse talvez seja um dos maiores desafios do Brasil.. O
combate à criminalidade, ele não pode ser feito com os métodos dos
criminosos. Muitas vezes isso ocorre, e nós não podemos também deixar
intocada a estrutura prisional brasileira. Então tem de haver uma
interação entre o Executivo federal e as polícias, e as polícias são dos
estados, porque na Constituição brasileira a atribuição da segurança
pública é estadual. Eu acredito que nós teremos de rever isso, rever a
Constituição. Por quê? Porque essa é uma questão que tem de envolver o
Executivo federal, o estadual, a Justiça estadual e federal, porque
também há uma quantidade imensa de prisioneiros em situações sub-humanas
nos presídios. Isso nós vamos ter... essa é uma questão das mais graves
no Brasil. Essa... em alguns lugares nós conseguimos um grande avanço
Jornalista: e, finalmente, por falar em Estado de Direito, a Senhora
criticou duramente o Governo dos Estados Unidos por causa da espionagem
ou das revelações de Edward Snowden. A Senhora foi espionada, milhões de
brasileiros foram espionados. A Senhora se reconciliou com o Presidente
Obama. As relações estão bem novamente? A questão já passou ou a
Senhora ainda tem um problema com os Estados Unidos e a administração
Obama quanto a isto?
Presidenta: Olha, eu não acredito que a responsabilidade com... pelos
hábitos de espionagem seja da administração do presidente Obama. Eu acho
que ela é um processo que vem ocorrendo depois do 11 de Setembro. O que
nós não aceitamos e continuamos não aceitando é o fato de que o governo
brasileiro, empresas brasileiras e cidadãos brasileiros fossem
espionados, porque isso atinge diretamente os direitos humanos
brasileiros, principalmente o direito à privacidade e à liberdade de
expressão. Então nós manifestamos essa questão para o governo Obama
porque, no momento, o que nós dissemos a eles é que cada ato recíproco
entre o Brasil e os Estados Unidos, que são grandes parceiros
estratégicos, seria comprometido por revelações que nós não tínhamos
controle, não sabíamos que existiam, e que queríamos duas coisas: uma
garantia que não aconteceria mais e o fato de que alguém tinha de se
responsabilizar e falar para nós que não aconteceria. Naquele momento o
governo Obama estava em processo de equacionar esse problema... essa
questão da espionagem internacional, e não tinha condições de responder
para nós. Como não tinha condição de responder para nós, nós não tivemos
nenhuma outra ação... por exemplo, eu ia fazer uma visita e não fiz por
isso. Isso não implicou em nenhuma ruptura com o governo Obama.
Implicou simplesmente em colocar as cartas na mesa e dizer "olha, isso é
impossível". Hoje eu acredito que eles deram vários passos.
Intervalo
Jornalista: Obrigado, gostaria apenas de fazer mais uma pergunta para o
segmento final do programa. Finalmente, Senhora Presidente, A Chanceler
Merkel e a Senhora são as duas mais poderosas mulheres presidentes do
mundo hoje. O que é ser uma mulher presidente? E o que a Senhora dirá à
Chanceler Merkel já que a seleção dela chegou à final da Copa?
Presidenta: Congratulations. Vou cumprimentar a chanceler Merkel pela
vitória porque o futebol, ele tem uma característica, ele é um jogo que
permite que o que há de melhor na atividade humana apareça. Primeiro,
ele é um jogo que implica em cooperação, as pessoas têm de cooperar.
Segundo, ele implica em treinamento, as pessoas têm de treinar. No
futebol e na vida, se você não se esforçar, não trabalhar, não... você
também não obtém sucesso. Implica numa coisa que eu acho fundamental e
que é uma educação para todos nós: no fair play, no saber ganhar e no
saber perder. Quando você perde, você tem de cumprimentar o adversário.
Não é uma guerra, é um jogo, e é por isso que o futebol encanta, porque
além disso ele mostra a beleza da iniciativa individual humana em vários
momentos, apesar de ele ser um jogo de cooperação. Então eu vou
cumprimentar a Angela Merkel e dizer para a Chanceler que o time dela
jogou muito bem. E ela esteja de parabéns.
Jornalista: É diferente ser uma mulher Presidente. A Senhora faz as coisas de maneira distinta?
Presidenta: Eu acho que ainda no nosso mundo é visto de forma diferente.
Mulheres que são líderes políticas, elas são vistas como duras, duras,
mulheres duras, frias, cercadas de homens meigos. Nem uma coisa, nem
outra é verdade. Nós somos, como lideranças, como presidentes ou como
chanceleres, nós somos mulheres exercendo o papel de mulheres. Eu sempre
quero crer que nosso olhar feminino tem uma parte que é perceber que
você governa para pessoas e não para coisas. Não que os homens façam
necessariamente diferente, mas é certo que a mulher sabe que as pessoas
são sentimentos e emoções também, além de pensamentos, além da
racionalidade. Acho que essa é uma diferença fundamental.
Jornalista: Presidenta Rousseff, muito obrigada pela participação.
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