Países como Itália, Inglaterra e Espanha já perderam todos os pudores e
incluem, ou estão prestes a considerar, as receitas produzidas pela
prostituição, tráfico, ações mafiosas e contrabando no seu Produto
Interno Bruto. No Reino Unido, estima-se que o total do dinheiro
marginal signifique um crescimento de 37 bilhões de reais no PIB.
Imagine se fosse aqui para usar apenas um verbo tão a gosto do complexo
de vira-latas de grande parte de nossa mídia e iludidos formadores de
opinião.
Mas nem ingleses, italianos e espanhóis têm primazia neste esdrúxulo
procedimento. Mesmo sem contabilizar oficialmente as receitas
criminosas no seu PIB, de alguma forma é a Suíça, no continente
europeu, a primeira nação onde o dinheiro escuso flui como moeda obtida
dentro da legalidade. Além de parte de seus bancos historicamente
cobrirem de sigilo contas bancárias de originadas no submundo, está em
Zurique a sede da Federação Internacional de Futebol.
A Copa do Mundo no Brasil serviu para mostrar que o país tem
capacidade de realizar grandes eventos e promover uma alegre e
organizada Babel dos tempos modernos ao receber com carinho e conforto
nas ruas, aeroportos e hotéis milhares e milhares de estrangeiros.
Mas o evento contribuiu para muito mais do que a demonstração ao mundo
de uma admirável festa esportiva. Foi aqui, depois de quatro Copas, que
a polícia do Rio de Janeiro e o Ministério Público desfecharam um
golpe duríssimo na quadrilha internacional que vendia ingressos
desviados da própria Fifa. Fato que, por si só, escancara a competência
de agentes policiais brasileiros e que deve agora transferir o
sentimento de viralatice para as forças de segurança da França,
Coréia/Japão, Alemanha e África do Sul, sedes dos últimos mundiais,
onde a bandalheira também correu mais solta do que a bola.
A polícia do Rio pilhou o bando e levou às cordas os maiorais da Fifa,
entre eles seu presidente Sepp Blatter. Afinal é um homem chamado
Phillippe um dos mentores de todo o esquema fraudulento, como diz o
especializado jornalista inglês Andrew Jennings. E quem é Phillippe?
Simplesmente sobrinho de Blatter e sócio da empresa Match, vendedora
exclusiva de todos os três milhões de ingressos no Brasil.
As ligações entre a Fifa e a Match são tão intestinas que esta última,
recentemente, recebeu da instituição dirigida por Blatter um empréstimo
de 10 milhões de dólares para dar andamento ao processo de negociação
dos ingressos. E quanto de juros a Fifa cobrou? Zero, isso mesmo, zero.
E qual era a data do pagamento destes 10 milhões? Janeiro de 2015,
quando o butim estivesse encerrado.
Blatter mostra indignação. Quem acredita nela é capaz de acreditar em
tudo. Ele é o manda-chuva da entidade que preside, desde 2001, mas já
dava as cartas em 1998, como secretário-geral.
A Copa chega ao seu final com todos os méritos para o Brasil fora de
campo e humilhação no gramado. Exatamente de maneira inversa das
apostas feitas pela imprensa: sucesso em campo e fracasso fora dele.
Mas o grande legado que o Brasil deixa ao mundo em especial a
americanos e ingleses, que jamais nutriram confiança em Blatter e seus
malfeitores, é o desbaratamento desta quadrilha que expõe a todos os
continentes que o chamado padrão Fifa não passa de um miasma. E como
fede.
No JB
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