Já não é segredo para ninguém que o atual estágio do jornalismo brasileiro é sórdido, para dizer o mínimo, com objetivos políticos e interesses econômicos na maioria das vezes em causa própria e antinacionais. Sem falar no viés ideológico que flerta com o passado e não com o futuro do país. Editoriais e colunistas se juntam numa lenga lenga que já começa a dar sono em anfetamina, mas nem por isso menos criminosa.
O ridículo e vergonhoso caso da falsa entrevista feita pelo jornalista
Mário Sérgio Conti há duas semanas com um sósia do técnico Felipão é
paradigmático. Teve o mérito, entre outros, de escancarar para a
sociedade brasileira o nível de irresponsabilidade que os nossos
principais meios de comunicação vêm há algum tempo empregando no torpe
exercício de manipulação da opinião pública.
Manipulação essa que criou um surto de pessimismo no país não só em
relação à Copa do Mundo de futebol, evento passageiro, mas — sobretudo —
com a tentativa de se forjar a qualquer custo um clima de
insatisfação, de revolta contra o exercício da atividade política, em
tudo e por tudo identificada com a corrupção, como a “possibilidade” de
existirem sérios problemas com a Petrobrás, por exemplo, maior empresa
do país, e outras obras infra-estruturais do governo.
Ou a ardilosa e impatriótica estratégia de esconder e desprestigiar
alguns fatos relevantes como a queda da mortalidade infantil no Brasil, o
invento do cientista Nicolelis, construção de usinas, pontes e
rodovias por todo o país, a baixa taxa de desemprego, a vinda de
médicos estrangeiros excepcionalmente bem recebidos pela população mais
carente das regiões mais pobres e longínquas, a defesa da nossa
soberania.
Sem falar do clima de ódio construído, na montagem de uma farsa
jurídica já comprovada, contra os principais réus da AP 470, José Dirceu
de Oliveira e José Genoíno Neto. Ódio que se estende ao partido a que
pertencem e ódio ao governo de quase 12 anos liderado por dois dos
expoentes desse mesmo partido.
A lista da irresponsabilidade criminosa de nossos jornalões, revistões e
telejornais nos últimos quatro anos, correspondentes ao primeiro
mandato da presidente Dilma Rousseff, e nos oito anos anteriores do
presidente Lula da Silva é tal que chega a ser cansativo enumerá-la ou
mesmo lembrá-la.
Jornalistas e colunistas que babam na gravata e apequenam a profissão,
cujo estoque de boçalidades é inesgotável, ombreiam-se com o Sr. Conti,
a tal ponto que já se pode dizer que em relação a esse tipo de
imprensa o país caiu e cai quase que diariamente no verdadeiro Conti do
Vigário.
Para essa súcia de irresponsáveis, o Brasil não tem passado, ou melhor,
os governos que atuaram até o ano de 2002 supostamente teriam deixado
um legado de grandes feitos e realizações, em particular no campo
social, e a corrupção passou a ser um apanágio do atual governo, sendo o
“mensalão” o maior espetáculo de corrupção do país, segundo a
avaliação do nobre juiz Joaquim Barbosa, homem equilibrado em suas ações
e correto em sua relatoria da AP 470. Um homem honrado, como diria
Shakespeare na sua tragédia “Júlio Cesar”.
Depreciar o Brasil sempre que possível: essa é a estratégia perversa e
impatriótica dos conservadores e reacionários. Minimizar as conquistas
sociais dos governos Lula e Dilma, na ilusão de que esconder ou
depreciar tais conquistas irá enganar os principais beneficiários delas.
Isso sem falar nos novos revolucionários de esquerda sem ideologia que
andam aí pelas ruas e alguns laboratórios acadêmicos na missão de
enumerar as mazelas ainda existentes, mas sempre faltos de idéias que
possam minimamente ser aproveitadas pelo governo ou quem de direito.
O hiato provocado pelo futebol nas primeiras manifestações de uma
campanha eleitoral que se prevê bastante acirrada e selvagem por parte
da chamada (com o perdão da palavra) elite é provável que vá contribuir,
ao contrário do que se poderia esperar, para uma animosidade ainda
maior nos próximos meses. Quem viver verá…
A matilha protofascista já afia os dentes e mira a jugular do país na
expectativa de impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o que
seria o mal menor de tal empreitada, tendo a imprensa como porta voz
fiel de um pensamento ultrapassado, conservador, antitrabalhista e
antiprogressista. Verdadeiro terrorismo midiático que, como todo
terrorismo é preciso ser combatido no nascedouro, antes que seja tarde.
Ao contrário de outros atos terroristas, o midiático não causa danos
físicos ou materiais. É mais perverso que isso: é produzido para obter
algum efeito psicológico, seja de pânico, pavor, abulia, revolta,
desinteresse, mal estar entre as pessoas, com uma intervenção que se dá
de semana em semana, de um dia para o outro, de hora em hora, minuto a
minuto nas cidades e países onde vivemos.
É o terrorismo praticado pelos meios de comunicação e que, normalmente,
é utilizado para objetivos políticos como a desestabilização de um
governo legitimamente eleito pelo voto popular, pois confunde e
bloqueia o discernimento dos cidadãos. Quando não os induz à violência e
ao desespero.
Na sopa de letrinhas putrefatas que nos oferece a mídia nacional vamos
nos envenenando e, sem perceber, vamos nos acostumando ao ódio e ao
irracionalismo cada vez menos sutil de jornais, revistas, emissoras de
rádio e televisão. Vamos aos poucos nos tornando intolerantes e já não
distinguimos com a clareza necessária o caminho a seguir. É neste
cenário que caminhamos para as eleições de outubro.
Eleições que, no meu modesto entender, poderão alicerçar de vez o
crescimento econômico, político e social do país em direção a um futuro
promissor para suas novas gerações, mais democrático ou virar as costas
a tudo isso e então mostrar covardemente para o mundo a sua
incompetência, aquela acachapante e rancorosa incompetência que o
jornalista Arnaldo Jabor encara toda manhã ao se olhar no espelho.
Izaías Almada
No Viomundo
Também do Blog CONTEXTO LIVRE.
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