Com a presença de Marina, Aécio terá que alcançar Dilma de olho em quem virá atrás |
Mauricio Dias,CartaCapital
Após a morte de
Eduardo Campos, só depende de Marina Silva a decisão de participar
diretamente da disputa para a Presidência da República. A investidura
dela como presidenciável, difícil de ser sabotada pelos adversários
internos da coligação, altera o cenário da eleição.
Tudo parecia arranjado para o sexto
confronto entre o PT, com Dilma, e o PSDB, com Aécio. Ela busca a
reeleição. Ele tem a missão de impedir o acréscimo de mais quatro anos,
aos quase 12 anos de governo petista.
A fatalidade, no entanto, interferiu na
disputa definida pelas forças políticas. Os supersticiosos tratam isso
como força do destino. Outra versão será conhecida após o resultado das
investigações da perícia humana sobre o acidente.
Há coincidências entre essa fatalidade de
agora e o desfecho da vida de Tancredo Neves (1910-1985), sagaz
político mineiro. Sagaz e supersticioso. É conhecida a frase dele de que
a Presidência da República é coisa do destino.
Pois bem. Tancredo, como se sabe,
favorecido pelas circunstâncias políticas da ocasião (1984), ou pelo
destino, foi eleito presidente em eleições indiretas. Morreu às vésperas
de tomar posse. Erro médico, como se admite hoje, ou a mão do destino?
Adotado o princípio sobrenatural, é possível, a partir daí, fazer
deduções entre a morte de Eduardo Campos e a candidatura de Aécio Neves,
neto de Tancredo.
O destino pode botar à frente do tucano, por força da morte de Campos, ou por força do destino, a candidatura de Marina Silva.
O cenário, com Eduardo Campos, mostrava a
estabilidade dos três candidatos, conforme números do Datafolha, em
fins de julho. Dilma estava com 36% das intenções de voto, seguida de
Aécio com 20% e Eduardo Campos com 8%.
Considerados os votos válidos, para os
quais a mídia fecha os olhos, a situação era razoavelmente folgada para a
candidata petista (tabela). Ela precisava apenas de 0,7% de
votos para alcançar 50% dos votos. Com um voto a mais Dilma, então,
venceria no primeiro turno. Aécio Neves, obtinha 27,4% dos votos válidos
e Eduardo Campos 11%.
Restringindo a análise à candidatura de
Campos é perceptível que Marina Silva não conseguia transferir votos
suficientes para ele, migrados dos quase 20 milhões de votos que ela
obteve em 2010 e que se supunha ser de domínio dela.
Até integrar oficialmente, como candidata
a vice-presidente, a chapa de Eduardo Campos, as pesquisas incluíam o
nome de Marina Silva na lista de presidenciáveis. Ela superava Aécio e
Eduardo. As pesquisas apontavam as dificuldades da candidatura de Campos
crescer. Insistiam em sondar o porcentual de intenção de votos de
Marina atiçados pelas especulações de que ele poderia abdicar da
candidatura em favor dela.
Um exemplo aleatório. Pesquisa Datafolha
de fevereiro mostra Dilma com 47% das intenções de voto. Aécio estava
com 17% e Campos com 12%. A inclusão do nome de Marina, com 23% das
intenções de voto, baixava o porcentual de Dilma para 43% e o de Aécio
para 15%.
Com a presença de Marina, o tucano Aécio vai se ver como o
piloto de corrida. Tenta alcançar o da frente e olha o retrovisor para
não ser ultrapassado pelo de trás."
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