É absolutamente natural que haja troca de informações institucionais entre as assessorias da CPI e das lideranças dos partidos com a empresa. Isso acontece em qualquer CPI; isso acontece em qualquer comissão; é absolutamente normal e natural”, disse o senador Humberto Costa (PT/PE), sobre a denúncia de Veja deste fim de semana
Ao comentar hoje (5) a denúncia de que depoentes na CPI da Petrobras se
reuniram com senadores da comissão para combinar perguntas e respostas, o
líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que é "legítima" e
"natural" a troca de informações entre assessores das empresas
envolvidas na investigação e assessores da comissão.
Segundo reportagem da revista Veja desta semana, os atuais e
ex-dirigentes da Petrobras que prestaram depoimento na comissão
parlamentar de inquérito do Senado tiveram acesso prévio às perguntas
que seriam feitas pelos parlamentares e foram orientados sobre as
respostas que deveriam dar.
O líder petista criticou o texto, disse que não houve fraude no episódio
e chamou a oposição de "preguiçosa" por nunca participar dos debates na
CPI. Para ele, está sendo feita uma "cortina de fumaça" sobre um caso
semelhante a outros que ocorrem normalmente em CPIs. “É absolutamente
natural que haja troca de informações institucionais entre as
assessorias da CPI e das lideranças dos partidos com a empresa. Isso
acontece em qualquer CPI; isso acontece em qualquer comissão; é
absolutamente normal e natural”, disse Humberto Costa.
Humberto Costa ressaltou que houve troca de informações “institucionais”
entre assessores da CPI e da empresa o que, na opinião dele, não é
ilegal. “O que seria um crime? Se alguém, de posse de um documento
sigiloso, sob custódia da CPI, tivesse transmitido a qualquer um dos
depoentes ou acusados o teor desse documento, ou o próprio documento,
para que ele pudesse se defender. Mas isso não aconteceu”, afirmou o
senador.
Ele lembrou a chamada CPI do Cachoeira, que ouviu o governador de Goiás,
Marconi Perillo, suspeito de ter relações com o bicheiro Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, principal foco das
investigações. Segundo Costa, na época, os líderes do PSDB, partido de
Perillo, também combinaram as perguntas que seriam feitas ao governador,
de modo a não constrangê-lo durante o depoimento.
“A oposição, na época, reuniu uma série de assessores jurídicos para
combinar as perguntas que iriam ser feitas ao governador de Goiás na CPI
e ainda veio pedir a nós, da base do governo, o que chamou de
civilidade durante o depoimento. Isso é normal, até porque esta é uma
casa política, não é uma delegacia de polícia. Somos senadores, estamos
aqui para investigar, mas também para defender o governo que elegemos,
que apoiamos e que representa o nosso partido”, acrescentou Costa.
Em seguida, o relator da CPI da Petrobras, José Pimentel (PT-CE), subiu à
tribuna para se defender. Ele é um dos apontados pela reportagem entre
os envolvidos no caso e foco de uma representação pedindo investigação
da denúncia, que foi protocolada ontem (4) na Procuradoria-Geral da
República pela coordenação jurírica da campanha tucana à Presidência da
República.
Pimentel disse que as perguntas que seriam feitas na CPI eram abertas e
já estavam previstas desde o requerimento de criação da comissão. “O
plano de trabalho aprovado por unanimidade pela CPI já continha uma
relação prévia de perguntas a serem dirigidas aos depoentes e, da mesma
forma, uma relação daqueles que deveriam ser convocados em cada eixo de
investigação, sem prejuízo da agregação de novos questionamentos.”
Segundo Pimentel, isso foi feito justamente porque “os convocados
poderiam se preparar melhor, com histórico e dados sobre as questões ali
adiantadas”. No entanto, o relator negou que tenha combinado com os
depoentes as respostas que deveriam dar e até mesmo que tenha se
encontrado pessoalmente com eles. “Eu nunca me reuni com nenhum depoente
da Petrobras durante o curso da investigação. Eu não orientei nenhum
depoimento. A assessoria da CPI jamais produziu qualquer questionamento
com sua respectiva resposta”, afirmou.
Os dois senadores foram aparteados por diversos colegas governistas, que
declararam apoio e confiança, especialmente no trabalho de relatoria de
Pimentel.
Oposicionistas também fizeram aparte e criticaram a perda do poder
investigativo da CPI. “A CPI é feita para investigar e tem poderes
investigativos análogos aos do Poder Judiciário, como diz a
Constituição. E se fez o quê? Apenas um jogo combinado, para que os
depoimentos não trouxessem nenhuma surpresa para o governo, para
administrar dois ex-diretores recalcitrantes, que produziram, como
primeira reação à nota da presidenta, declarações incômodas. Esse é o
problema. No meu entender, o Senado foi aviltado. E eu não considero que
isso seja normal”, disse o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP),
candidato a vice-presidente na chapa do senador Aécio Neves (MG).
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), disse que é grave o fato de os
depoentes terem mudado os discursos e as declarações que vinham dando
antes e depois do episódio de troca de informações entre assessores da
CPI e da Petrobras.
Para Agripino, o envolvimento de servidores públicos no episódio também configura crime.
“Foi uma coisa que nos preocupou e nos levou a entrar com denúncias no
Ministério Público do Distrito Federal e na Procuradoria-Geral da
República, que é a advocacia administrativa. O uso de agentes públicos,
pagos com dinheiro público, para beneficiar uma empresa privada, que é a
Petrobras, é advocacia administrativa e falso testemunho. Pessoas como
[o ex-diretor da Petrobras, Nestor] Cerveró e [o ex-presidente, José
Sergio] Gabrielli diziam uma coisa em abril e, depois de adestrados
inquiridores e inquiridos, disseram outra coisa mediante juramento. É
falso testemunho”, afirmou o democrata.
http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/149130/Humberto-oposi%C3%A7%C3%A3o-faz-cortina-de-fuma%C3%A7a.htm
http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/149130/Humberto-oposi%C3%A7%C3%A3o-faz-cortina-de-fuma%C3%A7a.htm
Postado há 10 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
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