Em entrevista, presidenta é
constantemente interrompida durante respostas. Apresentadores consomem
quase metade do tempo com corrupção e outra metade com saúde e economia
por Redação RBA
publicado
18/08/2014 22:16,
última modificação
19/08/2014 09:43
Comments
Reprodução
Bonner e Patricia privilegiaram 'problemas' e deram pouco espaço para discussão de projetos e defesa da economia
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje
que seu governo e os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram
os que mais estruturaram o Estado brasileiro com mecanismos de combate à
corrupção e que nenhum procurador-geral da República foi chamado de
“engavetador geral”. Os apresentadores do Jornal Nacional, da TV Globo,
consumiram mais de sete minutos com perguntas sobre corrupção. A
presidenta respondeu ainda sobre ações na área da saúde e teve menos de
três minutos para rebater expectativas negativas a respeito da economia.
A entrevistada foi provocada logo de início pelo apresentador William Bonner a responder sobre “uma série de escândalos de corrupção e desvios éticos” em ministérios e na Petrobras e sobre o que chamou de “dificuldade de se cercar de pessoas honestas”. Dilma listou o respeito à autonomia aos órgãos de combate à corrupção, como o MPF e a Polícia Federal, que “pode investigar e pode prender”, a criação da Corregedoria-Geral da União (CGU), órgão de fiscalização e defesa do patrimônio público, a introdução da Lei de Acesso à Informação, que obriga todos os níveis de governo a prestar esclarecimentos solicitados pela sociedade.
O apelido de “engavetador” é atribuído até hoje ao ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro, que chefiou o Ministério Público Federal durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003. No período, recebeu mais de 600 inquéritos, engavetou (postergou a análise) 242 e arquivou (rejeitou) outros 217. As acusações recaíam sobre deputados, senadores, ministros e o próprio presidente FHC – uma delas a de compra de votos para aprovação da emenda que permitiu sua reeleição.
A presidenta enfatizou ainda que nem todas as denúncias da “série” resultaram em comprovação ou condenação. Mas assinalou que mesmo assim as pessoas acabavam se afastando de seus cargos. Bonner insistiu no tema. Aparentava insatisfação com o fato de a entrevistada dominar e estar disposta ao assunto e a interrompeu questionando que os afastados eram substituídos por pessoas do mesmo partido, “trocando seis por meia dúzia”. Dilma continuou a resposta de onde havia parado, ponderando que muitas vezes os afastamentos decorrem de pressões que afetam até a paz familiar dos envolvidos.
Defendeu que é direito dos partidos que compõem o governo reivindicarem postos de comando e que seu critério é nomear pessoas íntegras e competentes. Citou como exemplo o ministro Paulo Sérgio Passos, que foi substituído por César Borges, e depois o substituiu novamente.
William Bonner não desistiu do tema. Chamou o PT de “partido que teve um grupo de elite comprovadamente corrupto” tratado como “vítimas e guerreiros” e questionou se isso não é ser “condescendente com a corrupção”. Neste momento, Dilma deixou claro que não colocaria a carapuça nem em seu partido, nem nos dirigentes condenados no processo do “mensalão”. Disse que é presidenta da República e que não faria observações sobre nenhum julgamento do Supremo Tribunal Federal, que a Constituição exige respeito a decisões do tribunal.
Bonner clamava por uma crítica de Dilma ao PT. Por três vezes interrompeu-a: “Então a senhora condena a postura do PT?”. “Enquanto for presidenta, não externarei opinião sobre o julgamento. Não vou tomar posição que me ponha em conflito (entre poderes)”, enfatizou, deixando no ar o entendimento de que a posição que tem formada fatalmente seria de contrariedade.
O tema corrupção ocupou mais de sete minutos, do total de 15 e meio que durou a sabatina.
Em seguida Patrícia Poeta afirmou a Dilma que “além da corrupção” a saúde também é “um problema” do governo. E questionou se 12 anos de gestão do PT não teriam sido suficientes para “colocar esse problema nos trilhos”, depois de reconhecer que o governo “investiu muito” na área. Dilma admitiu que a área é de fato muito carente e que o atendimento básico é um dos principais déficits da saúde pública.
Lembrou que o governo recorreu duas vezes a processos de seleção de médicos brasileiros para atingir uma meta de contratar 14 mil profissionais para regiões desprovidas de atendimento. Informou que só atingiu o recrutamento de 14.462 profissionais para a atenção básica com o convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que trouxe os médicos cubanos ao país. “Segundo a Organização Mundial de Saúde, esse contingente pode responder pelo atendimento de uma população de 50 milhões de pessoas”, afirmou.
“Mas a senhora considera isso razoável?”, insistiu a apresentadora. Dilma explicou que a solução dos problemas na área da saúde pública exige uma reforma federativa, que regule os papéis de estados e municípios e que seu programa prevê o investimento na expansão das especialidades, depois de conseguir, com o Mais Médicos, suprir a demanda por atendimento básico.
Em seguida, Bonner entrou no quesito inflação, considerando elevados os 6,5% ao ano, criticou a taxa negativa de 1,2% da economia no segundo trimestre e o fato de o país ter registrado o “pior superávit” na balança comercial dos últimos 14 anos. Previu ainda um crescimento do PIB abaixo de 1% para 2014 e questionou: “É justo ora culpar o pessimismo, ora culpar a crise internacional?”
A presidenta assinalou que, de fato, o Brasil respondeu à crise internacional pela primeira vez sem desempregar, sem arrochar salários e ainda reduzindo impostos. “Mas a situação está ruim”, reforçou Bonner. Dilma rebateu que a inflação não cresce desde abril, está próxima de zero e que há indicadores importantes que permitem prever uma recuperação da economia no segundo semestre. O apresentador “acusou” Dilma de otimista.
Com o tempo esgotado, a entrevistada constantemente interrompida estourou em 30 segundos o total de 15 minutos. Reafirmou ter sido eleita para dar continuidade aos avanços do governo Lula e para preparar o Brasil para um novo ciclo de crescimento, moderno, mais inclusivo e mais competitivo. “Nós preparamos o Brasil para dar um salto colocando a educação no centro de tudo.”
Da Rede Brasil Atual.
A entrevistada foi provocada logo de início pelo apresentador William Bonner a responder sobre “uma série de escândalos de corrupção e desvios éticos” em ministérios e na Petrobras e sobre o que chamou de “dificuldade de se cercar de pessoas honestas”. Dilma listou o respeito à autonomia aos órgãos de combate à corrupção, como o MPF e a Polícia Federal, que “pode investigar e pode prender”, a criação da Corregedoria-Geral da União (CGU), órgão de fiscalização e defesa do patrimônio público, a introdução da Lei de Acesso à Informação, que obriga todos os níveis de governo a prestar esclarecimentos solicitados pela sociedade.
O apelido de “engavetador” é atribuído até hoje ao ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro, que chefiou o Ministério Público Federal durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003. No período, recebeu mais de 600 inquéritos, engavetou (postergou a análise) 242 e arquivou (rejeitou) outros 217. As acusações recaíam sobre deputados, senadores, ministros e o próprio presidente FHC – uma delas a de compra de votos para aprovação da emenda que permitiu sua reeleição.
A presidenta enfatizou ainda que nem todas as denúncias da “série” resultaram em comprovação ou condenação. Mas assinalou que mesmo assim as pessoas acabavam se afastando de seus cargos. Bonner insistiu no tema. Aparentava insatisfação com o fato de a entrevistada dominar e estar disposta ao assunto e a interrompeu questionando que os afastados eram substituídos por pessoas do mesmo partido, “trocando seis por meia dúzia”. Dilma continuou a resposta de onde havia parado, ponderando que muitas vezes os afastamentos decorrem de pressões que afetam até a paz familiar dos envolvidos.
Defendeu que é direito dos partidos que compõem o governo reivindicarem postos de comando e que seu critério é nomear pessoas íntegras e competentes. Citou como exemplo o ministro Paulo Sérgio Passos, que foi substituído por César Borges, e depois o substituiu novamente.
William Bonner não desistiu do tema. Chamou o PT de “partido que teve um grupo de elite comprovadamente corrupto” tratado como “vítimas e guerreiros” e questionou se isso não é ser “condescendente com a corrupção”. Neste momento, Dilma deixou claro que não colocaria a carapuça nem em seu partido, nem nos dirigentes condenados no processo do “mensalão”. Disse que é presidenta da República e que não faria observações sobre nenhum julgamento do Supremo Tribunal Federal, que a Constituição exige respeito a decisões do tribunal.
Bonner clamava por uma crítica de Dilma ao PT. Por três vezes interrompeu-a: “Então a senhora condena a postura do PT?”. “Enquanto for presidenta, não externarei opinião sobre o julgamento. Não vou tomar posição que me ponha em conflito (entre poderes)”, enfatizou, deixando no ar o entendimento de que a posição que tem formada fatalmente seria de contrariedade.
O tema corrupção ocupou mais de sete minutos, do total de 15 e meio que durou a sabatina.
Em seguida Patrícia Poeta afirmou a Dilma que “além da corrupção” a saúde também é “um problema” do governo. E questionou se 12 anos de gestão do PT não teriam sido suficientes para “colocar esse problema nos trilhos”, depois de reconhecer que o governo “investiu muito” na área. Dilma admitiu que a área é de fato muito carente e que o atendimento básico é um dos principais déficits da saúde pública.
Lembrou que o governo recorreu duas vezes a processos de seleção de médicos brasileiros para atingir uma meta de contratar 14 mil profissionais para regiões desprovidas de atendimento. Informou que só atingiu o recrutamento de 14.462 profissionais para a atenção básica com o convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que trouxe os médicos cubanos ao país. “Segundo a Organização Mundial de Saúde, esse contingente pode responder pelo atendimento de uma população de 50 milhões de pessoas”, afirmou.
“Mas a senhora considera isso razoável?”, insistiu a apresentadora. Dilma explicou que a solução dos problemas na área da saúde pública exige uma reforma federativa, que regule os papéis de estados e municípios e que seu programa prevê o investimento na expansão das especialidades, depois de conseguir, com o Mais Médicos, suprir a demanda por atendimento básico.
Em seguida, Bonner entrou no quesito inflação, considerando elevados os 6,5% ao ano, criticou a taxa negativa de 1,2% da economia no segundo trimestre e o fato de o país ter registrado o “pior superávit” na balança comercial dos últimos 14 anos. Previu ainda um crescimento do PIB abaixo de 1% para 2014 e questionou: “É justo ora culpar o pessimismo, ora culpar a crise internacional?”
A presidenta assinalou que, de fato, o Brasil respondeu à crise internacional pela primeira vez sem desempregar, sem arrochar salários e ainda reduzindo impostos. “Mas a situação está ruim”, reforçou Bonner. Dilma rebateu que a inflação não cresce desde abril, está próxima de zero e que há indicadores importantes que permitem prever uma recuperação da economia no segundo semestre. O apresentador “acusou” Dilma de otimista.
Com o tempo esgotado, a entrevistada constantemente interrompida estourou em 30 segundos o total de 15 minutos. Reafirmou ter sido eleita para dar continuidade aos avanços do governo Lula e para preparar o Brasil para um novo ciclo de crescimento, moderno, mais inclusivo e mais competitivo. “Nós preparamos o Brasil para dar um salto colocando a educação no centro de tudo.”
- No JN, Aécio Neves (PSDB) desvia de medidas impopulares e denúncias
- No JN, Eduardo Campos (PSB) repete mantras de Aécio Neves
Da Rede Brasil Atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário