Tijolaço - 18 de agosto de 2014 | 10:16 Autor: Fernando Brito
Fernando Brito
No post abaixo, trato dos efeitos da enxurrada de mídia mórbida expressa na pesquisa Datafolha.
Espalham-se, por aí, as imagens do clima de comício, quase de festejo, de muitas cenas do velório e sepultamento de Eduardo Campos.
Já enterrei meus líderes políticos: Prestes, Darcy Ribeiro, Brizola.
E, há pouco, minha própria mãe.
Havia dor, saudade, tristeza, comoção.
E recato.
Somos humanos e a morte de outro ser humano não é nunca motivo de alegria e a todos nos obriga ao decoro, mesmo quando se trata de um adversário.
Ontem, cheguei a postar aqui o esdrúxulo “já vai tarde” que um grupo “blaquibloquista” havia publicado a propósito da morte de Eduardo Campos.
Em minutos, arrependi-me, porque, mesmo para criticar a estupidez desta idiotice, achei que era desrespeitoso colocar isso no ar quando se sepultava o corpo do ex-governador. E retirei a publicação.
Hoje, me deparo com a infinidade de imagens que mostram o clima de “quase satisfação” de muita gente no dia de ontem, na cena fúnebre.
Igualmente não as publico, por nojo.
Os que negam a política e os partidos, ao que parece pelas imagens, entregam-se com gosto à politicagem e ao eleitoralismo.
Aprendi, com meu avô e com Leonel Brizola a ter respeito pelos seres humanos, sem abrir mão de ter princípios ou ideias.
E aprendi, sobretudo, a ter confiança nos sentimentos profundos da população, por mais que a tentem bestializar e banalizar.
A vida segue, apesar das mortes – próximas ou distantes – de pessoas, mesmo as mais famosas.
É dela que tratamos e trataremos na campanha eleitoral.
Não é uma disputa para ver quem sente, sofre ou chora mais. Ou menos ainda sobre quem mal disfarça o sorriso diante da morte que vira sorte.
Por mais avalanches de mídia que façam, por mais glamour mórbido que se possa procurar transferir a alguém, as decisões do povo brasileiro são tomadas com lucidez e profundidade, porque se trata de decidir sobre sua própria vida e seu país.
Decidir se continuaremos a ter elevação dos salários ou arrocho; se teremos energia elétrica ou apagões, se teremos portos, ferrovias e estradas ou sucatearemos, de novo, os investimentos públicos; se seremos donos do mar de petróleo do pré-sal ou se ele será saqueado como foram o ouro, o ferro, os frutos desta terra; se vamos ter mais médicos, mais educação, mais inclusão e defesa de nossa terra ou se nos conformaremos em ser uma simples reserva florestal de países que estão ricos e devastados.
Numa palavra, se seremos uma Nação ou uma colônia.
Esta é a decisão que tomaremos e é ela que não se quer que o povo brasileiro perceba que está em jogo.
Mas ele o percebe e o perceberá mais ainda quanto mais avance o debate sobre a realidade e os desejos deste país, que tem o nome de campanha eleitoral.
O resto é “reality show”, onde há gente que se dispõe a aparentar amor e ódio e a exibir-se em intimidades em busca de um prêmio.
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Fernando Brito
No post abaixo, trato dos efeitos da enxurrada de mídia mórbida expressa na pesquisa Datafolha.
Quero, neste, tratar desta morbidez.
Espalham-se, por aí, as imagens do clima de comício, quase de festejo, de muitas cenas do velório e sepultamento de Eduardo Campos.
Já enterrei meus líderes políticos: Prestes, Darcy Ribeiro, Brizola.
E, há pouco, minha própria mãe.
Havia dor, saudade, tristeza, comoção.
E recato.
Somos humanos e a morte de outro ser humano não é nunca motivo de alegria e a todos nos obriga ao decoro, mesmo quando se trata de um adversário.
Ontem, cheguei a postar aqui o esdrúxulo “já vai tarde” que um grupo “blaquibloquista” havia publicado a propósito da morte de Eduardo Campos.
Em minutos, arrependi-me, porque, mesmo para criticar a estupidez desta idiotice, achei que era desrespeitoso colocar isso no ar quando se sepultava o corpo do ex-governador. E retirei a publicação.
Hoje, me deparo com a infinidade de imagens que mostram o clima de “quase satisfação” de muita gente no dia de ontem, na cena fúnebre.
Igualmente não as publico, por nojo.
Os que negam a política e os partidos, ao que parece pelas imagens, entregam-se com gosto à politicagem e ao eleitoralismo.
Aprendi, com meu avô e com Leonel Brizola a ter respeito pelos seres humanos, sem abrir mão de ter princípios ou ideias.
E aprendi, sobretudo, a ter confiança nos sentimentos profundos da população, por mais que a tentem bestializar e banalizar.
A vida segue, apesar das mortes – próximas ou distantes – de pessoas, mesmo as mais famosas.
É dela que tratamos e trataremos na campanha eleitoral.
Não é uma disputa para ver quem sente, sofre ou chora mais. Ou menos ainda sobre quem mal disfarça o sorriso diante da morte que vira sorte.
Por mais avalanches de mídia que façam, por mais glamour mórbido que se possa procurar transferir a alguém, as decisões do povo brasileiro são tomadas com lucidez e profundidade, porque se trata de decidir sobre sua própria vida e seu país.
Decidir se continuaremos a ter elevação dos salários ou arrocho; se teremos energia elétrica ou apagões, se teremos portos, ferrovias e estradas ou sucatearemos, de novo, os investimentos públicos; se seremos donos do mar de petróleo do pré-sal ou se ele será saqueado como foram o ouro, o ferro, os frutos desta terra; se vamos ter mais médicos, mais educação, mais inclusão e defesa de nossa terra ou se nos conformaremos em ser uma simples reserva florestal de países que estão ricos e devastados.
Numa palavra, se seremos uma Nação ou uma colônia.
Esta é a decisão que tomaremos e é ela que não se quer que o povo brasileiro perceba que está em jogo.
Mas ele o percebe e o perceberá mais ainda quanto mais avance o debate sobre a realidade e os desejos deste país, que tem o nome de campanha eleitoral.
O resto é “reality show”, onde há gente que se dispõe a aparentar amor e ódio e a exibir-se em intimidades em busca de um prêmio.
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